Capítulo Três

Seja mais forte que ontem e menos tolo amanhã.

Máfia Savoia

Meses Atrás...

A música alta impedia Matthew de ouvir o que Julian dizia, mas apostava um dedo que era relacionado com alguma mulher, ou mulheres. No entanto, pela primeira vez em tempos não queria terminar a noite com alguém, apenas beber até esquecer o nome e onde estava. O que logo aconteceria no ritmo que secava os copos com uísque. Todavia, o que mais queria apagar da sua mente não conseguiria. A noite do acidente da morte dos pais.

Vinte anos e a dor provocada pelas recordações não diminuiu, a saudade e a culpa não sumiram com o tempo, suas feridas não cicatrizaram. E na data que marcava o dia que o acidente aconteceu pareciam que tudo que sentia multiplicava em dobro.

— Você devia sossegar na bebida. — Julian grita próximo a seu ouvido. — Esta bebendo desde a manhã, sabe que nada disso ajuda, ao menos que queria parar no hospital, em manchetes de site de fofocas.

O conselho foi ignorado e mais um copo foi esvaziado enquanto outro era solicitando para o barman. Matthew só pararia quando apaga-se e sua mente para-se de voltar na noite que perdeu os pais, e estivesse esgotado ao ponto que nem pesadelos tivesse.

Estava no carro quando tudo aconteceu, conversando alegremente com sua mãe sobre a competição de natação que participaria no dia seguinte o qual os fez voltar mais cedo da sua casa no interior de Paris. Tinha chovido antes de saíram da propriedade no campo, e o entardecer coloria a paisagem da estrada, a viagem não levaria mais que uma hora e pela ausência de muitos carros na rodovia o percurso era calmo, contudo, toda calmaria e a alegria foi interrompida por um motorista bêbado que vinha no sentido contrário, que dormiu no volante do caminhão, seu pai tentou desvia, mas a colisão com a traseira do veículo foi inevitável. Tudo escureceu, não só ali quando desmaiou pelo impacto, mas nos anos seguinte quando precisou aprender a viver só, um intruso na vida de um tio da sua mãe que nunca tinha visto. Demorou, e quem sabe se a luz realmente voltou para iluminar sua vida e a escuridão que o tomou e o acompanhou por anos se foi totalmente.

— Você devia calar a boca. — Abandona o banco da bancada do bar, caminhando em direção a multidão que dança na pista sumindo em meio as pessoas despistando o amigo.

O efeito da bebida já era notável em seu corpo, o cheiro forte de álcool esta impregnado em suas roupas, seus movimentos estão limitados e desengonçados, chegar até a escada que leva a área vip foi um desafio, tropeçou por algumas vezes chegando a quase cair se não estivesse segurado em alguém. Tinha dado dois passos para longe da escada quando esbarrou em alguém, derrubando o líquido do seu copo no chão, as ofensas veio na ponta da sua língua, mas as deteve quando encarou a mulher que tombou consigo a reconhecendo de imediato, mesmo tendo a visto poucas vezes e estando meio bêbado.

Jade, a modelo que trabalhou em uma campanha da sua empresa e recusou jantar consigo. Esperta, muito mais esperta do que ele imagina.

— Senhor Lanblac, desculpe. — Suas mãos delicadas afastaram seus corpos que estavam próximos. — O senhor esta bem?

— Não, mas ficarei. — Fecha os olhos respirando fundo. — Você tá usando o cordão que lhe dei. — Abre os olhos focando seu olhar na peça no pescoço da ruiva.

— A peça era bonita demais para ser ignorada. — Toca a joia, sorrindo.

— Deixou você mais linda. — Sorrir charmoso. — Aceita uma bebida?

Jade demorou a responder, pensando bem sobre o convite, aceita-lo poderia da margem para suas invertidas, que estava tentada a aceitar. Não estavam agora em local de trabalho, se divertir não seria mais errado.

— Aceito.

A vontade de acabar a noite só não existia mais, se a bebida não apagava suas lembranças buscaria outras formas de ocupar sua mente.

○●○●

A viagem de um dia se transformou em uma sem prazo de fim, Matthew não sabia mais quando retornaria para Paris, nem mesmo em que condições. Seu trabalho se acumulava na mesa do quarto do hotel que esta hospedado, suas reuniões se adiavam dia após dia sem data de serem realizadas, e seu vice presidente e amigo por pouco não estava surtando diante de tantos problemas. Teve que se virar rapidamente para assumir as responsabilidades de Matthew, não estava preparado para uma viagem tão longa.

— Um dia se transformou em quatro. — O deboche e perceptível em sua voz. — Quando retornar quero um mês de férias.

— Logo volto. — Suas palavras não continham a certeza que gostaria. — Quem sabe semana que vem... Acabou acontecendo algo que não previa.

— O quer?

A curiosidade na pergunta de Julian e compreensível, o amigo não revelou o motivo da sua permanência na Sicília, sempre dizia que não poderia retornar agora e que deverei continuar comandando a empresa e mandando os relatórios de que tudo que acontecia na sua ausência. No entanto, Matthew entendia que chegou a hora de revelar seu problema, Julian deve ser consciente do porque não poderia voltar agora.