Capítulo Quatro

Uma mentira mancha uma história toda de honra e acaba com a veracidade de uma homem de palavra.

Máfia Savoia

A tensão na sala de estar sufocava Matthew, o provocando desejos de querer fugir. Todos os convidados no espaço o encaravam descaradamente acompanhando seus gestos, principalmente o pai e irmão da sua futura noiva.

Não fazia tanto tempo que tinha chegado, mas já queria ir. Sua tolice ficou mais evidente agora, falsamente ou não, era para aquela família que entraria, para seu mundo. Seu futuro se tornou uma vontade incerta de viver, suas escolhas começaram a mostra suas consequências. Porque para achar seu suposto filho, primeiro tinha que sobreviver a família Savoia e tudo relacionado a eles.

— Minha filha já vem. — As palavras da sua sogra acalmaram seu nervosismo. — Peço perdão por tudo isso.

A mulher de meia idade parecia a única feliz e confortável com sua presença, o encarava e o estudava como todos, mas seus olhares eram mais contidos e suavizados e recheados de curiosidades. Milena disse que sua família sabia que tudo não passava de faixada, apenas as outras principais famílias da máfia acreditavam na veracidade do noivado, todavia a expectativa no olhar da matriarca dos Savoia o fazia dúvida dessa consciência.

— Tudo bem. — Leva a taça de vinho aos lábios, sorvendo um gole. — Sou a novidade, o intruso no seu mundo.

A risada baixa da mais velha chama a atenção, não só sua, como de todos ao redor. Ela era diferente da sua filha, não fisicamente, com seus cabelos claros e olhos castanhos, mas na personalidade descontraída e jeito divertido e acolhedor. Logo quando a viu sentiu vontade de experimentar seu abraço, desde os dez anos não sentia o calor confortável dos braços de alguém. O último foi de sua mãe.

— Não esta errado, sofrerá muito isso, diminuirá quando tiver Milena do seu lado. — Oferece um sorriso encorajador. — Porém, fico feliz de você aqui, de alguma forma você me ganhou.

“Não posso dizer o mesmo do seu filho e marido" por meros detalhes não disse, foi impedido por eles que pararam cada um do lado Elin o olhando fixamente. Era o primeiro contato com eles. Pareciam com Milena, muito mais do que sua mãe, até na sensação de perigo exalando de cada parte do seu corpo.

— Como vai Matthew Lanblac? — Giuseppe questiona sarcasticamente.

Um suor frio cobriu as palmas de suas mãos, não se preparou como deveria para ficar diante do homem mais poderoso da Itália, que provavelmente o odiava e o queria longe de suas vidas. Matthew não somaria em nada para si, mais certo seria que atrapalharia tudo.

Era evidente que ele jamais poderia fazer parte desse mundo, não poderia suprir as expectativas ou cair nas graças dos homens em sua frente, ele não era suficiente. Eles não o queriam ali e deixavam isso claro em suas expressões. No entanto, a arrogância de Matthew não o deixaria abaixar a cabeça em uma situação como esta, enfrentaria os homens em sua frente até onde suporta-se.

— Muito bem senhor Savoia. — Sorriu com prepotência, atiçando a ira de quem não deveria. — E o senhor, como estás?

O silêncio encobriu a resposta que tardou a vim, dando o um peso, piorando o clima. Entretanto, a ação de Matthew surtiu efeito contrário ao esperado, a expressão dos homens suavizaram, ele passou no teste e nem mesmo se deu conta.

Matthew demoraria a perceber, mas quando o fizesse perceberia que tudo que acontecia naquela noite era porque tanto Giuseppe e Dante autorizavam.

— Muito feliz, minha família irá crescer. — Ampliar seu sorriso de canto. — Se sinta acolhido, mas não demais, o perigo sempre dorme ao lado. — Ameaça veladamente, afinal zelaria sempre por sua filha.

— Prazer conhece-lo Matthew. — Dante balança a cabeça em um gesto de cumprimento.

— Digo o mesmo.

Não existia assuntos a serem proseados, não ainda, não agora quando se estudavam. Para Matthew eram desconhecidos, não sabia mais do que saia na empresa sobre a família Savoia, porém eles sabiam mais sobre si do que gostaria. Milena deixou isso claro quando leu para que ouvisse todo o dossiê de sua vida após aceitar sua oferta, ela esperava a presa certa para o que pretendia e infelizmente ou felizmente ele foi tal presa. A morena sabia tudo, até mais do que gostaria, até tudo o que tanto tenta esquecer.

Deseja ao mesmo tempo que não saber o que os dois pensavam a seu respeito, saber como o tratariam enquanto estivesse com Milena, se fariam da sua vida um inferno, muito mais do que já estava. Se culpava enquanto os encarava por tudo que deixou de fazer, se tivesse feito sua situação seria outra, não precisaria selar seu destino com a máfia.

Sua boca se abriu, perguntaria o que tanto queria, todavia, se deteve quando uma criança desconhecida parou do seu lado o encarando de forma séria e raivosa, retribuiu seu olhar analisando seu rosto se assustando com sua semelhança, então era ele, o filho de Milena.

— Cadê sua mãe Enric? — Erin o chama, o obrigando a desviar sua atenção de Matthew que não conseguiu fazer o mesmo.

O menino parecia uma cópia fiel da mãe com traços precisos do avô, principalmente na segurança impregnada no olhar com a certeza que nada o abalaria tão facilmente. Contudo, a parte consciente da sua mente o alertou, o relembrando das palavras de Milena “Não caía nunca na lábia do meu filho, não se deixe levar por ele", mas a parte mais consciente ainda do seu cérebro o fez o aviso que as mesmas palavras valiam para quem a disse e qualquer um naquela sala.