Vestido Turquesa

Vestido Turquesa

David inconsolável resolveu deitar novamente, sem sono, sua mente começou a criar devaneios mirabolando incontáveis formas de se desligar da realidade e fugir da profunda tristeza que devastava sua alma. Pensou que se interrompesse totalmente sua alimentação seu corpo entraria em uma espécie de hibernação, leu relatos em manuscritos antigos que um vampiro sem consumir sangue por longos períodos iniciaria lentamente um processo de mumificação, que só seria interrompido se uma grande quantidade de sangue humano fosse consumida.

Resolveu que este seria seu fim, havia perdido a vontade de viver no instante que Lana lhe deu as costas, renunciar a vida pouco a pouco era uma escolha dolorosa, porém o jovem Sr. Ionesco desejava se punir, acreditava que se não foi capaz de conquistar sua amada fazendo-a desistir de sua vingança cega, não era digno de seguir como se nada tivesse acontecido.

Não distante dali, Lana estava se arrumando para fazer sua estreia no grande salão do prostibulo. Uma das moças se ofereceu para lhe emprestar um vestido, inicialmente iria optar por um traje vermelho, extravagante. Todavia botou os olhos em um vestido Turquesa, lembrou das palavras do amado vampiro que havia lhe segredado de forma amável que “turquesa era a sua cor”, uma lagrima solitária correu por sua face pálida ao lembrar daquelas palavras. Foi inevitável ficar pensando nele, deseja saber como ele estava, sentia sua falta e apesar de não reconhecer, estava arrependida de tentar matá-lo e de rejeitar seu perdão.

— Não é possível voltar atrás... o que está feito está feito. Minha única opção é seguir em frente. — Afirmou em voz alta buscando inutilmente se convencer daquilo que dizia.

O horário de abertura do estabelecimento se aproximava, a jovem estava com um mal pressentimento, mais uma vez teria seu corpo violado sem respeito, fazendo-a lembrar dos abusos de outrora. Entretanto, decidiu que suportaria todas as humilhações de cabeça erguida, pois, inconscientemente também desejava se punir.

Finalmente as portas do Bordel foram abertas, uma alegre

musica embalava os distintos cavalheiros de família que frequentavam o local enquanto um garoto jovem, trajando um vestido ousado, peruca ruiva e maquiagem pesada, cantava para entreter os frequentadores.

Lana não passou despercebida no salão, sua beleza e jovialidade atraíram todos os olhares, fazendo as demais acompanhantes morrerem de inveja. Sentou no sofá fingindo confiança, aguardando que algum homem a abordasse, rezando silenciosamente sem fé, que ele não fosse repulsivo.

Poucas horas depois, Aurel e Nicolae enfim chegaram ao prostibulo. A casa lotada e o número incontável de mulheres tentando seduzir os clientes para subir aos quartos, dificultaram no primeiro momento a tentativa da dupla em localizar seu alvo. Após alguns minutos circulando pelo salão, o Sr. Hate finalmente encontrou sua inestimável Donzela de Sangue, tratou de finalmente avisar seu comparsa.

— Ei Nicolae... olha só quem está bem ali, sentada confortavelmente naquele sofá de veludo...

O caçador ergueu os olhos e vislumbrou sua presa, sentada no sofá com o olhar vago. Ele reconhecia bem aquela expressão, Lana usava para esconder suas frustrações e desligar-se da realidade, a indiferença da jovem sempre o instigou a torturá-la com ainda mais crueldade.

Aurel se aproximou de uma moça que estava atras do balcão servindo as bebidas, ao observa o dinâmica do estabelecimento percebeu que aquela dama também intermediava os encontros ente clientes e prostitutas.

— Boa noite minha querida... eu gostaria de ter uma conversa mais intima com a dama de turquesa em um dos quartos disponíveis. — Disse o caçador esbanjando simpatia.

— Boa noite jovem senhor! Fez uma excelente escolha! Hoje é a estreia da Srta. Lana.

— Vejam só... então hoje estou com sorte!

— Vou levá-la a um dos quartos vagos e em seguida virei chamá-lo. Enquanto espera, aceita uma bebida? — Ofereceu a moça esbanjando sorrisos.

— Obrigado querida... um copo de whisky por favor.

A recepcionista tratou de servir a bebida e logo depois comunicou Lana que ela atenderia seu primeiro cliente. Ao receber a notícia, a jovem sentiu seu coração quase sair pela boca, engoliu a seco seu orgulho 54

e determinada subiu as escadarias em direção aos quartos.

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