Embriaguez

Embriaguez

Era evidente que o jovem mestre não possuía o habito de beber, sendo assim o vinho pouco a pouco cumpriu seu propósito. O vampiro foi dominado por uma inexplicável sensação de desamparo e foi virando uma taça após a outra secando completamente a garrafa.

Abigail ficou preocupada com a embriaguez de seu amo, pois David não estava acostumado a beber, era um garoto visivelmente frágil e carente. Entretanto, o andarilho recusou toda e qualquer ajuda ofertada pela governanta. Pouco a pouco, um desejo incontrolável de encontrar a sua antiga criada se apossou de sua alma, apressado e cambaleando, ele se dirigiu ao quarto de Lana.

— Lana... está acordada? — Perguntou ele cordialmente batendo no limiar da porta.

— Sim Sr. Ionesco, estou experimentando as roupas que compramos hoje. — Respondeu com naturalidade.

— Abra a porta... por favor... eu preciso vê-la... — Suplicou hesitante.

Lana de forma involuntária ficou apreensiva, o que estava acontecendo? A voz embargada do filho do Marquês lhe proporcionou um enorme aperto no peito, por que se sentiu assim? Sem raciocinar com clareza e nem se dar ao trabalho de trocar de roupa, a caçadora abriu a porta o mais rápido que pode, David notou na moça a respiração ofegante, as palpitações de seu coração ecoaram como trovões em seus ouvidos, a camisola nova por fim conseguiu deixá-la ainda mais atraente.

— Turquesa, definitivamente é a sua cor Srta. Lana... — Afirmou ele com ousadia recolhendo uma mecha castanho escuro de seus cabelos e sentindo o seu perfume.

Em um segundo rompante de audácia, o nobre tomou a jovem pela cintura capturando seus lábios com um beijo. Lana, completamente envolvida em sua ousadia, não foi capaz de rejeitar as investidas de seu alvo. Ébria de desejo, sentiu o hálito de vinho e teve certeza que o vampiro havia encontrado toda aquela coragem no fundo de uma garrafa. Fechou os olhos e por um breve instante se permitiu ser feliz, esqueceu sua vingança e desfrutou momentaneamente da sensação de ser cortejada, resolveu se libertar da culpa, talvez essa fosse sua última oportunidade de ser tratada com respeito, sua última chance de ser amada.

O andarilho conduziu a jovem até o leito e abrindo mão de qualquer tipo de formalidade deitou-se sobre ela. Rapidamente, de forma passional livrou-se de suas roupas, sentindo o calor que provém do corpo de sua amada, bem como o delicado toque de sua camisola de seda conta seu peito. Beijou cada milímetro de pele que não estava coberta por suas vestes. Desamarrou os laços de cetim de sua roupa íntima lambendo seus seios com apetite, contornando os seus mamilos com a língua. Lana gemeu tão alto que sua crescente excitação fez o tímido andarilho ruborizar, de certa forma ela também estava constrangida com suas próprias reações, mal podia crer que o ato sexual poderia ser tão prazeroso.

David estava ansioso, tirou as peças intimas de sua parceira desvendando com as mãos os mistérios do seu corpo, onde já não era mais possível encontrar nenhum vestígio de suas cicatrizes de batalha.

— Lana... eu te amo! — Segredou ele com romantismo.

A jovem permaneceu em silencio, decidiu que evitaria mentir além do necessário. Entretanto, para não deixar seu parceiro desamparado, resignou-se a chamar seu nome entre um gemido e outro, os quais sussurrados estrategicamente de forma libidinosa roubavam a sanidade do jovem Sr. Ionesco.

— Ahh... David... Ahh... David...

Mesmo sem ter sua declaração de amor correspondida, ouvir seu nome dos lábios de sua adorada funcionou com um potente afrodisíaco. Sua urgência em fazer amor com ela não mais pode ser contida, o cheiro das essências usadas em seu banho, emanavam um aroma celestial, tornando-a ainda mais tentadora aos olhos do andarilho.

Mergulhado em intensa luxuria, o nobre dedicou-se a provar sua intimidade com os lábios, Lana finalmente rendeu-se ao delírio, contorcendo-se em êxtase, seu mel era sublime, revelando que ela estava pronta para junto a ele tornarem-se um. Sendo assim o jovem amo a acomodou confortavelmente em seu colo, dessa forma poderia mirá-la profundamente em seus olhos enquanto seu amor estava a invadi-la pouco a pouco. O corpo da jovem o recebeu sem resistência, David a envolveu em seus braços de forma passional e incansavelmente revezou suas juras de amor com beijos apaixonados.

Os movimentos ritmados de seu quadril foram motivados pela sinfonia rumo a loucura que Lana estava regendo com imensa maestria. O clímax os inundou de prazer, sem mais conseguir suportar o jovem Marquês explodiu em delírio, aproveitou a oportunidade e a posição favorável que se encontravam para mais uma vez reivindicar seu sangue e se alimentar dela. Acreditou que talvez isso o ajudasse a se livrar de sua embriagues.

Lana não tentou impedi-lo, há alguns meses atrás, se alguém lhe dissesse que ela serviria de alimento para um vampiro, espancaria o atrevido até a exaustão, realmente o mundo dá voltas. Realmente estava determinada a perder tudo o que conquistou para obter sua tão sonhada vingança? Até onde estaria disposta a chegar?

O estado de relaxamento e satisfação que sua garota se encontrava tornou seu sangue extremamente doce ao seu paladar, se deliciou como quem degusta um banquete agraciado por uma felicidade nunca antes experimentada por ele. Logo após desfrutar do sublime deleite, foi acometido por sintomas de paranoia, teve um repentino medo de perdê-la, desabou em lagrimas sem sentido como se fosse mais uma vez aquele pobre bebê milagrosamente salvo de morrer pelas mãos da herege maldita naquele casebre.

Balbuciou palavras sem sentido enquanto soluçava inconsolável, anunciando uma pérfida premonição de todo o infortúnio que em breve se abateria sobre ele.

— Lana... eu imploro não me deixe...

A caçadora ficou sem palavras, uma pequena semente de culpa floresceu em seu coração, teve certeza que os sentimentos do vampiro eram verdadeiros, entretanto não deveria se comover, deveria ser implacável e não esquecer o que a motivou a criar toda essa farsa. Não haveria clemencia, não haveria perdão, o ódio seria o único sentimento a guiar seus passos.

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