Dar Prazer

Dar Prazer

Apesar de ser a terceira vez em sua existência que o jovem Sr. Ionesco estaria face a face com o abandono, não conseguia superar o sentimento de que havia sido traído. Lana se aproximou de sua família objetivando por fim em sua linhagem, todos os seus atos depois que conseguiu ocupar o cargo de criada não passaram de uma farsa para encantar os incautos.

Sentiu pouco a pouco o vazio se apossar de sua alma, salvou o pouco que restava de sua dignidade não indo atrás dela, simplesmente a deixou partir. Tinha a certeza que nada do que dissesse a faria reconsiderar ficar, seus esforços seriam em vão. Mergulhado em tristeza, se arrastou de volta para cama, abraçado os travesseiros buscando encontrar neles um fragmento do perfume de sua amada. Inconsolável, sem ter animo para sair dali, acabou adormecendo novamente, exausto de tanto chorar.

Abigail ficou preocupada com a ausência de seu amo durante toda a manhã, decidiu ir até seus aposentos para ofertar-lhe um cálice de sangue de cordeiro. Pensou que o casal de noivos estava repousando ou ainda a comemorar o recente compromisso.

─ Bom dia Sr. Ionesco. Que milagre ainda não estar de pé... onde está sua noiva?

─ Noiva... meu noivado teve ter sido o mais breve de todo o Império... durou menos de 12 horas... Lana foi embora Abigail, logo após confessar ser a única responsável pela morte do meu pai...

─ Amo... se as coisas entre vocês seguiram por esse caminho, o melhor a fazer e deixá-la ir... ─ Concluiu a governanta.

─ Abigail... eu a amo... ─ Balbuciou em uma linguagem quase incompreensível.

─ Amo... o senhor acabou de conhecê-la... ─ Sentenciou a criada com pesar.

─ Sim... eu sei... sou um tolo! Uma mulher esperta como Lana pode me manipular ao seu bel prazer, eu não me importo! Contanto que ela esteja ao meu lado, poderá fazer o que quiser de mim!

Abigail não ousou dizer nem mais uma palavra, David não mudaria de opinião nem tão pouco daria ouvidos a qualquer argumento que a criada pudesse elaborar. Resolveu que o mais sensato seria deixar seu mestre a sós para que ele próprio pudesse decidir o que fazer assim que repousasse um pouco.

David tentou inutilmente voltar a dormir, sem obter nenhum êxito em conseguir repousar, pois tudo naquele quarto remetia a ela.

─ Pra onde Lana foi? Fugiu do castelo vestindo apenas uma camisola, naqueles trajes aonde conseguiria se hospedar? Afinal, não levou nada de valor consigo. ─ Pensava o vampiro inconsolável.

Sem conseguir descansar nem por um breve instante, o vampiro começou a lembrar de quando teve seus primeiros contatos com o sexo oposto. Essa interação amorosa não ocorreu naturalmente foi algo planejado por seu pai e seu melhor amigo.

Logo após seu jovem herdeiro atingir a maioridade, não demonstrando interesse por nenhuma das jovens apresentadas a ele no baile oferecido por Illyrio, o Marquês Costel de Ionesco decidiu que David deveria adquirir alguma experiência sexual. Para tanto, o nobre aconselhou-se com seu fiel amigo Duque Albert Drummond que possuía vastíssima experiência no assunto.

“─ Sejamos honestos meu caro amigo Marquês.... O melhor lugar para um rapaz adquirir alguma experiência sexual é o prostíbulo!”

Sem por em dúvida as palavras do Duque, o Sr. Ionesco levou David ao bordel do vilarejo, deixando-o aos cuidados de uma jovem mulher muito talentosa na arte de dar prazer aos homens.

Anos mais tarde, essa jovem e promissora cortesã, se tornaria a proprietária daquele estabelecimento. David foi seu primeiro cliente em uma casa de respeito, em tempos difíceis, atendia seus clientes nos becos da aldeia antes do Sr. Drummond encontrá-la e tirá-la das ruas. Devia muito e ele, não só uma divida financeira, mas também uma divida de gratidão.

─ Boa noite jovem Sr. Ionesco, me chamo Ruxandra e serei sua acompanhante na noite de hoje. Prometi como um favor pessoal ao Marquês, melhor amigo do meu salvador, atendê-lo ofertando o que tenho de melhor.

─ Obrigado gentil senhorita, me chamo David de Ionesco... porém, acredito que devo recusar seus serviços.

─ Senhor... por favor não me rejeite assim tão rapidamente, eu ainda não tive oportunidade de lhe mostrar o meu valor...

─ Senhorita... não me entenda mal... é evidente que és valorosa e muito atraente.... Todavia sou um sonhador e desejo ter minha primeira experiência com a mulher que escolherei para chamar de minha...

─ Senhor... sua decisão é admirável, mas eu não posso decepcionar o Sr. Drummond... ele prometeu comprar esse prostíbulo e passar a escritura do local para mim...

─ Já que insiste, tenho uma proposta que será de grande valor para nós dois.... Quero que você me ensine como dar prazer a uma mulher.

─ Não sei se estou apta a fazer isso Senhor, ninguém alem do Duque Albert se preocupou em me dar prazer...

─ Bem pra tudo existe uma primeira vez...

A jovem cortesã aceitou o acordo proposto pelo jovem vampiro. Sem mais procrastinar, tratou de primeiramente ensiná-lo como beijar, dedicando para isso mais de uma hora, em seguida, ensinou ao filho do Marquês como massagear e tocar uma mulher, explicando detalhadamente quais as reações indicam a satisfação da parceira bem como o corpo de uma mulher se comporta quando sente prazer.

─ Não tenha pressa Senhor, amar uma mulher por inteiro é um ato de paciência e carinho. Sempre inicie com afagos lentos e suaves. Trilhe os caminhos do corpo de sua amada com beijos, desenhando suas curvas com as pontas dos dedos.

─ Assim? ─ Perguntou ele empenhado em seguir todas as ordens da dama que o orientava.

─ Ah... sim... não esqueça de dedicar um tempo para beijar os pés e principalmente... deve dedicar-se de corpo e alma a acariciar com os lábios e língua o lugar secreto onde mora o prazer feminino.

David passou o tempo todo ruborizado, porém se dedicou com muito empenho em aprender as lições ofertadas pela cortesã. Repetiu diversas vezes cada nova caricia apresentada pela profissional do sexo sem questionar. Depois de erros e acertos durante toda uma noite, finalmente Ruxandra pode certificar que seu jovem pupilo estava apto a ter sua primeira noite de amor com sua futura noiva sem deixar seu desempenho a desejar.

─ Parabéns jovem Sr. Ionesco, a garota que for eleita sua escolhida será abençoada com muita sorte, são raros os homens que não estão interessados apenas em satisfazer seus próprios anseios durante o sexo. Certamente fará uma mulher muito feliz algum dia. ─ Afirmou a concubina cheia de convicção em suas palavras.

Recordou-se de todas as vezes que fez amor com Lana tentando lembrar se cometeu algum erro, sem encontrar respostas para suas angustias, acabou adormecendo.

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