Ainda faltava algumas horas antes do baile, Galatéia estava ao lado de fora, observando os pequenos raios de sol indo embora. Ainda estava vestida com o robe de antes, só que agora não estava mais doente. Seus cabelos voltaram a vida, a cor retornou para suas bochechas e o cinza de seus olhos haviam ficado azuis. A pele estava tão macia que poderia ser confundida com outra coisa por ser tão branca e sedosa.
— Hey — ela vira-se em direção a voz, Illis se aproximava com um grande sorriso no rosto, sentando-se ao lado dela no chão. — Estava te procurando já tem um tempo — avisa.
Galatéia tinha perdido a noção do tempo com Beron dentro dela, insaciável e duro. Apesar de não querer admitir, ela gostou de ter se envolvido com ele, contudo a tristeza sempre a inundava quando se lembrava que ele só havia transado com ela para que pudesse aliviar sua febre. Mas também estava triste pelo o que havia visto hoje mais cedo e foi por isso que não conseguiu segurar a língua;
— Você gosta de Dáiríne?
Illis encarou-a surpreso, não conseguindo esconder a sua timidez. Contudo, Galatéia continuou esperando uma resposta.
— Talvez eu goste — encolheu os ombros.
Galatéia assentiu com a cabeça, porém queria mesmo é correr o mais rápido possível para o seu quarto.
— Entendi.
Ambos ficaram em silêncio, presos nos próprios pensamentos. Agora que sabia a resposta para a sua dúvida, preferia nunca ter perguntado. Na verdade, nem sabia se gostava mesmo do soldado ao seu lado. Talvez tivesse criado sentimentos por ele porque era um dos poucos que a tratavam bem, esteve carente de carinho por tanto tempo que acabou confundido a situação.
— Isso é bom. Ela parece gostar de você também — tenta sorrir, mas o mesmo não chega aos olhos.— E é uma boa pessoa, tenho certeza que seriam um ótimo casal.
Illis se mexeu desconfortável.
— Eu não sei se realmente gosto dela, Galatéia repete.
— Mas você disse...
— Eu disse que talvez, não confirmei nada — responde, irritado. — Gosto de conversar com ela e a acho bonita.
— Ah — murcha.
— Mas não da forma que você está pensando — quando ver Galatéia franzi o aceno, ele continua: — Gosto da amizade dela.
O coração dela se aquece, sabendo que gostar de ouvir essas palavras saindo de seus lábios é errado. Ela ouve som de passos se afastando, virando seu rosto rapidamente para o corredor, seu coração acelerado, preocupada que Dáiríne o tivesse ouvido. Mas poderia ser qualquer um, né? Poderia está apenas paranoica por causa da consciência pesada. Illis não parece ligar se alguém o havia ouvido, ele continua olhando para as árvores de cerejeira em sua frente, refletindo.
— Sinto falta desses momentos em silêncio em que posso ser eu mesmo — confessa, depois de vários minutos em silêncio. — Meu pai sempre foi rígido comigo, então sempre tive um treinamento pesado desde de criança apenas para ser um bom soldado do rei.
— Então nunca foi um sonho seu? — indaga, interessada na história.
Illis nunca havia falado nada sobre si mesmo, saber que ele contaria uma parte de sua vida a deixou feliz.
— Não — responde, seus lábios cerrados. — Sempre quis uma vida normal, uma namorada normal com filhos normais — sorrir, fraco.
Galatéia desvia o olhar de seu rosto, sentindo-se magoada. De fato ela poderia ser considerada de tudo no mundo, menos de normal. Havia passado por tantas coisas na vida que a única lição que ela poderia ter herdado de um humano foi o rancor e o amor pela vida. Ela estende a palma para cima, fazendo um pequeno redemoinho, tentando distrair a sensação incômoda no peito.
— Não sou boa em conselhos — diz. — Mas convivi com o seu povo e perdi as contas de quantas almas já vi serem levadas por um período tão curto, que para vocês podem ser muito. Então por que não fazer algo do qual goste?
Ele continua olhando para as cerejeiras, refletindo sobre a pergunta.
— Acho que, lutei tanto pelos ideias do meu pai, que agora não faz sentido lutar para ser outra pessoa.
— Mas você não lutaria para ser outra pessoa, seria apenas você.
Ele sorrir brevemente, levantando-se em seguida.
— Foi bom conversar um pouco com você — expressa. — Mas agora o dever me chama, até depois! — se despede, caminhando para longe, seus cabelos grandes balançando com o vento e batendo-se no seu rosto.
Galatéia sentiu-se inebriada com todas essas emoções. Gostava de Illis, porém sentia o mesmo por Beron, os dois embora sejam pessoas diferentes a atraiam muito ou isso era apenas uma pequena carência momentânea como achará antes, contudo isto não era hora para decidir. Havia coisas muito mais importantes em jogo do que sua relação inexistente com ambos os homens.
...[...]...
O rei estava de olho na garota de cabelos azuis, por algum motivo aquela menininha lhe passava uma áurea ruim, só não sabia bem o porquê. Há anos que a mesma trabalha no castelo e nunca havia tido problemas com ela, mas desde que o torneio começou ele notará uma leve mudança em seu semblante. A expressão de alguém que busca vingança, ele conhecia bem isso porque tinha o mesmo semblante no passado.
A curiosidade estava esmagando a sua mente. Queria muito ser entretido com problemas alheios já que não conseguia resolver os seus próprios, mas não iria perguntar para ela diretamente sobre isso, sabia que não responderia. O baile já estava ocorrendo, mesmo que todos estejam dançando e se divertindo é como se estivesse sozinho no salão de festas. Anos e anos se passaram e o que era para ser uma vida prazerosa acabou sendo uma vida tediosa.
Estava sentado em seu trono, com sua mão apoiando a cabeça. Estava vestido com uma calça preta de couro e com uma túnica da mesma cor, acentuada por um boldrié de couro sobre o peito largo, havia apenas quatro facas bastante simples embainhadas. Dessa vez a coroa banhada de ouro estava lá com seus cabelos soltos emoldurando o rosto divino. Seu olhar estava perdido em meio a multidões de corpos quando ouviu o famoso bater de vento contra os portões.
Ele sabia que se tratava de Galatéia e pela primeira vez em milênios, ele sentiu seu coração, desta vez ele não bateu de leve como se fosse algo de sua imaginação. Ele bateu estrondoso e rápido até demais ao ver a imagem pequena da garota de cabelos brancos.
Não queria admitir que estava gostando do inimigo, recusava-se deixar caí sobre o feitiço da bastarda. Mas, quando seu olhar e o dela se encontraram ao meio de tantas criaturas, percebeu — para o seu horror — que não conseguiria ficar longe nem se quisesse. O coração batendo copiosamente é a prova disso.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 44
Comments
bianca senna
olha , eu também estava desconfiado dela
2024-02-12
0
Angela Valentim Amv
Eita lasqueira
2023-11-18
0
Valda Martins
Maisssss por favor
2022-05-25
1