Desta vez Galatéia estava preparada. Usava uma blusa minúscula preta com mangas que se enrolava em seus braços magros, um short ainda mais curto com tiras que ia até as coxas e uma espada da sua altura com uma lâmina capaz de cortar uma rocha. Sua roupa estava coberta de magia, embora a sua ainda não tivesse retornado, já imaginava que algo assim poderia acontecer cedo ou tarde e graças aos deuses ela tinha se preparado para este momento.
E para não ocorrer o mesmo que antes, havia trago sua própria arma. Olhou para o cubículo que estava igual da última vez, pequeno e abafado — poderia facilmente comparar isto como estar sendo presa dentro de uma caixa. Suas feridas haviam se curado, porém o corte em sua perna ainda estava profundo e nem os pontos que levará fizera parar de sangrar, estava dolorida e mesmo que duvidasse que não aguentaria muito tempo em combate, tinha que tentar, até porque não tinha a opção de esperar melhorar antes de lutar.
Quando os portões de ferro se abriram e a luz forte machucou seus olhos, seu coração já não batia tão forte por causa do nervosismo e sim por conta da adrenalina. Aceitou o fato de que não importa o quanto tentava ter empatia pelas outras criaturas, todas iriam despreza-la de todos os jeitos. E não, ela não tinha o mínimo interesse em ser alguém diferente deles.
Estava descalço, quando seus pés se conectaram com a terra quente gemeu baixinho, se arrependendo de não ter calçado ao menos uma bota. Seus olhos aos poucos se acostumaram com a luz, porém sua pele agora estava mais seca que o normal. Retirou as luvas pretas apenas para poder coça os braços, suas unhas afiadas afundando na carne fazendo um pequeno corte no local onde a coceira chegava a ser insuportável.
— Mas que merda, preciso dá um jeito nisso depois que sair daqui — resmungou, colocando as luvas novamente quando ouviu o som do portão do seu oponente se abrir.
Caminhou até o meio, com sua espada apoiada em seu ombro com uma mão na cintura. Contudo, quando viu quem seria sua oponente, seu corpo todo se contraiu. Sua boca se curvou em um sorriso de desprezo. Seus braços ainda estavam com uma coceira horrível e a perna latejava, dava para ver pelo pano branco machado de sangue que estava piorando, mas o calor do ódio que estava sentindo é maior que toda dor.
— Nos reencontramos novamente, sereia bastarda — a mulher do clã dos demônios que havia lutado com ela no primeiro dia de treinamento estava bem na sua frente.
Ela estava de vestido branco, seu machado estava nas costas, seus cabelos estavam amarrados em um rabo de cavalo bem feito no topo da cabeça. Sua boca carnuda estava escancarada em um sorriso maldoso, satisfeita com a escolha de duelo. Há muito tempo que ela esperava para acabar de vez com aquela criatura minúscula, apenas pelo fato de que no dia em que ela poderia ter cortado a cabeça dela o rei chamou sua atenção. Nunca havia se sentido tão constrangida na vida quanto naquele dia e tudo por causa daquela criatura repulsiva.
— Você não faz ideia do quanto estou satisfeita com isso — ela retirou a espada do ombro, erguendo a ponta em direção a ela. — Hoje eu vou te mostrar porque sereias são reconhecidas por serem desprovidas de sentimentos.
A mulher alta gargalhou.
— São seres burros, não me surpreende de nada.
Os lábios da menor se ergueram minimamente.
— Eu vou matar você.
Ela partiu para cima da mulher que havia tirado o machado das costas, impedindo a espada de corta-la no meio. Os olhos estavam arregalados, seu queixo caído ao ter se dado conta que se tivesse vacilado ao menos um pouco, teria sido morta. Fez pressão para frente, jogando Galatéia para longe e arremessando seu machado em seguida, contudo Gall foi mais rápida o arrebatando e jogando de volta para sua dona, porém antes que a outra conseguisse pegar sua arma, a pequena de cabelos brancos decepa sua mão.
O machado cai em seus pés. O sangue escorre por seus braços manchando o vestido, a mulher que fazia parte do clã dos demônios encarava sua mão, tentando racionalizar como aquilo havia ocorrido. Galatéia não estava nem usando magia, então como um ser inútil como ela conseguirá ao menos chegar perto?
— No meu povo ter qualquer parte do corpo cuspida é considerado um ato de rebeldia — rosna. — É asqueroso. — sua expressão demonstrava o quanto repudiava. — A pena para isto é a morte.
Os olhos da mulher estavam fulminantes, então ao seu redor o fogo se ergueu e o calor aumentou. Todos na arquibancada assistiam com expectativa, sem gritaria, focados demais no desenrolar da luta. Ela jogava bolas de fogo na direção de Galatéia que desviava com graciosidade. A mágica da roupa não servia para curar suas feridas e sim apenas para dá-lhe velocidade e apenas isto bastava para que ela vencesse àquela batalha.
Uma rajada de fogo foi em direção à ela, que pulou a tempo de desviar do fogo, desta vez correndo até a outra, fazendo de tudo para que as bolas não a atingisse. Sua coxa estava doendo, o suor escorria por seu corpo deixando sua blusa encharcada. Ela saltou no momento que chegou perto da mulher novamente, mas desta vez não decepou a mão, decepou o braço inteiro. O som do osso se desprendendo da carne era como uma melodia para seus ouvidos, então foi seguida por mais um som; o outro braço também havia sido separado do seu corpo. A mulher berrava de dor, mas Galatéia já não estava em posse de seu corpo.
Seus olhos estavam vermelhos, sua expressão estava de puro ódio. Olhos bem abertos, dentes cerrados, com sangue que espirrava em seu rosto revelando-se diabólica.
Ela não iria parar.
Ela não parou.
Jogou sua espada para longe, pegando o machado que estava perto e quebrou-lhe as pernas. O rei parecia ter visto um fantasma, observando tudo de longe tentando decidir se parava com o show ou se continuava a observar a crueldade que se desenrolava. As criaturas se afastavam, assustados com a cena, embora todos soubesse que isto era um jogo pelo qual se lutava pela vida. E de certa forma, é normal matar e se vangloriar de braços estendidos para cima gritando uma frase vitoriosa.
Todavia, aquilo não era nada vangloriozo. Ela estava torturando sua oponente na frente de todos e quando finalmente acharam que acabou, Galatéia separa suas pernas do corpo com um puxão. Os que não estavam acostumados com tanta brutalidade, vomitaram no chão e outros apenas desviaram o olhar. Foi só quando ela enfim conseguiu cortar sua cabeça que o excesso de raiva passou.
Quando se deu conta do que havia feito, Galatéia caiu de joelhos na areia quente, olhando para o cadáver desfigurado sem saber como reagir.
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Atualizado até capítulo 44
Comments
Angela Valentim Amv
É mexeu com quem estava quieto , agora vão olhar pra ela com outros olhos .
2023-11-18
0
Carla Andrade
mostrando sua verdadeira fisionomia
2023-10-24
0
Malu
se fosse ela a ser torturada todo mundo ia gosta, bando de fdp
2023-01-18
0