— Ora ora, nossa invocadora de dragões resolveu despertar.
Beron estava no mesmo riacho que eles estiveram juntos no outro dia. Ele retirava seus cabelos molhados de sua face, seu lábios curvados em um sorriso lascivo. Ele sabia que ela estaria com raiva dele e que ela tiraria satisfação, mesmo sem está na posição de exigir uma. Mas sabia que se dissesse isso para ela provavelmente o mandaria para o inferno. Ela olhou para ele, seus olhos agora vermelhos de ódio.
Com sorte aquela flor não retornaria agora para estragar com o show. Fixou o olhar na figura pequena que ainda se encontrava de pijama, ele não gostava da criatura que habitava nela, a criatura que ela é. Contudo, como pessoa... sem reparar no que seu título dizia... Ele sentia química. Algo que durante décadas ele nunca havia sentido, um sentimento totalmente novo, porém ao mesmo tempo que parecia assustador a sensação também era deliciosa, como se estivesse apostando seu coração em algum jogo que certamente já havia perdido.
— Você planejava me ver morta todo esse tempo! — acusou. — O que iria fazer, hein? Cortar minha cabeça e mandar para o Conselho na esperança de que eles lamba a sua bunda?!
— Hmm, eu não esperava algo tão íntimo, mas parando para pensar agora até que seria ótimo — ele se sentou, ainda dentro da água. — Não entendo o motivo para você está sendo dramática — revirou os olhos. O fato de um rei ter feito isso era tão aleatório que ela por pouco deixava a carraca desmanchar. Por pouco — Aliás, quando pretendia nos mostrar que na verdade não é nenhuma criatura indefesa? Confesso que também caí no seu "teatrinho" — fez aspas com os dedos.
— E quando iria me contar que estão substituindo as candidatas mortas? — Arqueou a sobrancelha.
Pela primeira vez Galatéia o viu abrir um enorme sorriso, exibindo seus dentes brancos e perfeitamente alinhados. Ela segurou o ar, encarando-o como se fosse a criatura mais sublime da terra. Ela sentia que deveria contar algo para ele, porém sua mente havia dado um branco, esquecendo-se de uma informação que talvez não seja tão importante.
— Não é segredo e se fosse, com certeza você não teria descoberto — deu de ombros. — Agora, por favor, entre na água. Está começando a me incomodar você de pé aí encima me encarando.
Galatéia olhou para a imagem perfeitamente desenhada do vampiro de cabelos brancos na água, ele parecia a imagem de um deus poderoso, tanto pela força e beleza quanto pelo perigo que sua imagem demonstrava, assim como seus olhos diziam que ele não hesitaria por nenhum momento em matar alguém se fosse preciso.
— O que você quer, Beron?
— Que você entre na água.
— Não isso. O que você realmente quer? — insistiu.
Revirou os olhos novamente.
— Só respondo depois que entrar na água.
Gall grunhiu de insatisfação. Segurou as alças do seu pijama, as retirando logo em seguida, seu vestido deslizando pelo seu corpo até ficar amontoado nos seus pés. Estava nua, mesmo que Beron não precisasse respirar, ele tomou fôlego. Ela parecia a verdadeira personificação do pecado, a pele tão branca que poderia se distinguir com a lua.
— Nunca viu uma mulher nua, meu rei? — Ela caminhou a passos lentos até que estivesse dentro da água.
Ele sorriu, virou seu rosto para o outro lado. Não sabia o que acontecia com a sua sanidade quando estava perto dela. Devia ter uma explicação pra isso... Como se ela tivesse sido feita para ele e só para ele, embora algo na expressão dela diga que ela estava longe de ser uma mulher monogâmica, ainda mais vivendo para sempre.
Vivendo para sempre... Ela estava em um torneio para ser sua esposa e provar que merecia está viva, porém havia algo de errado, parecia ter algo à mais nessa história que nenhum dos dois sabia ainda. Ambos ficaram em silêncio, não sabendo como iniciar uma conversa de verdade. Galatéia encarou o céu cheio de estrelas, lembrando-se de quando ainda era bastante nova e se arriscou para subir a superfície de madrugada, apenas para observar o que havia de tão precioso para que a maioria do seu povo quisesse guerra.
Ela ainda sim não entendia. A superfície é maravilhosa, sentir o ar entrar nos pulmões é bom demais, o vento que acaricia a pele, a bebida que te faz soluçar e mijar frequentemente... Parecia perfeito, contudo ainda sim preferia o seu lar.
— No que está pensando? — a voz de Beron capta sua atenção.
Por um momento havia se esquecido de que ele estava alí. Olhou para ele, sua cabeça encostada na rocha atrás de si.
— Tenho saudades de casa — a confissão sai de seus lábios automatica, fazendo-a se arrepender imediatamente. Desviou seus olhos dos deles, sentindo-se envergonhada ao lembrar que apesar de ele está falando com ela agora, ele não a suportava.
Beron também fixou o olhar no céu. Suspirando, diz:
— Lembro de quando eu ainda era uma criança entusiasmada com as coisas... — hesita, pensando se deveria mesmo se abrir com ela. Galatéia volta o olhar para ele, sentindo-se curiosa. — Minha mãe era apaixonada por seu povo — engoliu em seco.
Galatéia estava inexpressiva, mas entendia melhor o ódio dele, sua tristeza constante. Sua mãe morreu pelas mãos de uma criatura que ela amava. Gall sem que se desse conta, já havia começado a roer as unhas das mãos.
— Ela sempre ia os visitar, sabe? Não entrar na água como uma sereia... mas eles sempre a esperavam fora, sentados em uma rocha com suas caudas coloridas — segurou o lábio inferior com força entre os dentes, largando-os em seguida. — Sempre sempre sempre! — cerrou os dentes, fechando os olhos por um instante antes de os reabrir novamente, tentando se conter. — No fim, os mesmos que ela ia ver todos os dias e que brincavam comigo quando eu ainda era uma criança, foram os mesmos que a seguraram, fazendo-a ficar de joelhos na terra encharcada de sangue para que o outro podesse cortar sua cabeça fora.
Galatéia estava se sentindo horrível, não fazia a mínima ideia de como alguém deveria reagir ao ouvir isso. Ela queria derramar lágrimas por ele, pela dor que ele devia ter sentido ao assistir a morte da própria mãe sem poder fazer nada.
— Sinto muito.
Ele assentiu com a cabeça, jogando água no próprio rosto. Confessar isso em voz alta para alguém exigiu muito de si, mas estranhamente ele se sentia melhor.
— Contudo, isto não muda que você tentou me matar — a voz dela soou amarga.
Beron se encolheu.
— Eu não pretendia te matar...
— Não? Então que porra foi aquela, Azhill? — é complicado manter seu tom neutro.
Mesmo que agora ela tivesse adquirido empatia por ele, não mudava o fato de que havia chegado perto da morte hoje. A coxa latejando é o lembrete de que tinha que isto foi real, e tudo por culpa dele e de seu ódio gratuito pra cima dela.
— Você está aqui para provar que merece viver — menciona. — Uma batalha difícil de ganhar iria mudar os olhos deles sobre você.
— Merda nenhuma. Você não sabe nem mentir! O que ganharia com isso, hein? Mais tempo no trono? Mais liberdade?? Porque eu sei que embora você seja um rei, é apenas um fantoche dos Elite! — ela não havia planejado dizer isso e mesmo se tivesse, nunca o teria dito.
A expressão calma mudou rapidamente, tornou-se severa, seus olhos que eram sempre de um cerúleo tão claro agora estavam cetrino. Ele caminhou tão rápido dentro d'água para perto da garota de cabelos brancos que não deu nem tempo de recuar. Sua mão direita foi direto no pescoço pálido da menor, que não demonstrou medo muito menos surpresa, seu olhar havia se tornado ainda mais determinado, o desafiando a mata-la.
— Você não sabe nada sobre mim — rosnou, seu rosto a centímetros do dela.
— Não brinca comigo, meu rei. Se quiser me matar entra na fila — sorriu, ardilosa.
— Se eu quisesse te matar, já teria feito — apertou mais o seu punho no pescoço dela.
Ela aproximou mais o seu rosto do dele, suas bocas próximas demais uma da outra. Seus olhos encarou os lábios dele, porém sua atenção voltou para a íris ainda de cor vermelha.
— Vá se fuder — cerrou os dentes.
O rei ficou ainda mais bravo, contudo soltou o pescoço da menor. Gall massageia a garganta, entretanto Beron a agarra pelos cabelos, puxando-a para junto de si, seus corpos se colando um no outro. A garota abriu a boca para perguntar o que diabos estava acontecendo quando o mesmo aproveitou a oportunidade para juntar seus lábios, em um beijo cheio de ódio e desejo.
Ódio porque ele não queria se sentir atraído por ela, ódio por achá-lá a mulher mais linda que já viu durante sua vida, ódio por ela ser uma sereia, ódio porque sentia que estava começando a gostar dela e ele não podia gostar dela. Sentia-se traindo sua mãe, como se não respeitasse sua morte.
Não havia nada mais do que luxúria e raiva. Não era um beijo carinhoso cheio de afeto, mas fazia o coração dela acelerar. Ela gostava de brutalidade, de aspereza, dor. E foi o que ele deu para ela. Puxou seus cabelos ainda com mais força, ela gemeu manhosa, como um gatinho roronhando pedindo por mais.
Precisando de mais...
Percebendo o que estava fazendo, o rei se afastou depressa, como se tivesse cometido um erro terrível.
— Você me enfeitiçou! — acusou, saindo da água.
— Tá de brincadeira, né? — indagou, perplexa.
— Não chegue perto de mim nunca mais! — Ele nem se vestiu, apenas juntou suas roupas e seguiu em direção a floresta.
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Atualizado até capítulo 44
Comments
Angela Valentim Amv
Kkkkk tá ele é quem quer mas joga a culpa nela kkkk homens kkkkkk
2023-11-18
0
Carla Andrade
o rei está apaixonado pela sereia kkk
2023-10-24
0
♡Rapozinha♥︎
kkkkkkkkk vc me enfeitiçou
piada boa,,
2023-07-22
0