Como o médico havia me dito eu recebi alta as noves horas. E enquanto Jimin resolvia a conta do hospital, um de seus seguranças vieram até meu quarto.
— Senhorita Mary? — me chama batendo na porta.
— Sim, pode entrar. — o respondo.
Ele abre a porta devagar e adentra o ambiente segurando algumas sacolas de lojas.
— O Patrão pediu que lhe entregasse isso. São algumas roupas confortáveis para a senhorita. Já que as que a senhora usava não estão em um bom estado. — me informa enquanto deixava as sacolas sobre a cama.
— Agradeço. — o respondo e o mesmo sorri indo embora em seguida.
Me levanto devagar e vou até às sacolas.
Abro uma de cada vez e vejo que em uma delas havia um vestido sexy de seda. Balanço cabeça em negação, eu havia caído de um muro com quase mais de três metros de altura, meus braços estavam todos enfaixados devido os esfolados.
Eu não iria usar um vestido assim tão cedo.
Em outra sacola havia uma calça social lisa e uma tri-shirt branca e um blazer. E de sapatos um salto médio agulha.
Optei pela segunda opção de vestes.
Fui até o banheiro e me troquei. Com certa dificuldade devido ao incômodo dos machucados mas no final deu tudo certo.
Voltei ao quarto e me sentei sobre a cama para calçar os sapatos. Logo depois guardei o vestido de volta a sacola e me levanto tentando caminhar pelo quarto com aqueles sapatos para não passar vergonha no corredor.
Eu estava até indo bem, devido eu não usar salto a algum tempo e estar machucada os sapatos eram super confortáveis.
Voltei ao banheiro e penteiei os cabelos para ficarem pelo menos sociáveis.
Quando sai Jimin me esperava dentro quarto.
Seu olhar fixa em mim enquanto eu saia do banheiro.
Ele abre um sorriso.
— Sabia que escolheria o conjunto social. — menciona quando me aproximo do mesmo.
— Estou toda esfolada. Seria absoluta loucura eu optar por um vestido altamente sexy... — o respondo.
— Tenho a leve impressão que irei me surpreender bastante com você. Está pronta? — me pergunta.
Faço que sim com a cabeça.
Ele pega a sacola do vestido sobre a cama e estende a mão para que eu a segura-se. Olho para a mesma e penso se seria uma boa ideia. Mas antes que eu decida ele e agarra a minha e saímos do quarto.
No corredor passamos pela enfermeira que ficou o encarando junto as outras no corredor mais cedo.
— Obrigado por terem cuidado tão bem da minha mulher. — Jimin diz a elas.
Ambas arregalam seus olhos ao ouvir aquilo. Até mesmo eu fico surpresa.
Continuamos andando até o elevador.
— Por que fez aquilo? — o pergunto.
Ele se vira para mim e da um passo a minha frente.
Sinto como se todo o ar do ambiente tivesse sido sugado. Ele desliza uma de suas mãos pela minha cintura e aproxima seus lábios do meu rosto.
— Por que você é minha mulher agora. E todos devem saber disso. — ele me responde com a sua voz sedutora. Seu hálito exalava o aroma e frescor de menta misturado com hortelã.
Uma mistura perfeita eu diria.
Fico imóvel e esperando que ele se afastasse.
As portas do elevador se fecharam e eu apenas deseja que o mesmo não tentasse absolutamente nada comigo naquele momento.
Mas uma parte de mim sabia que durantes esses dias eu não teria um único minuto de paz ao seu lado. E o pior de tudo era que eu tinha medo de não ser forte o suficiente e ceder a ele.
Saímos do elevador e caminhamos ainda de mãos dadas até a saída do hospital.
O seu segurança nos esperava e abriu a porta do carro para nós.
Jimin o instruciona a ir para outro lugar e em seguida liga o carro dando partida.
Ja dentro do carro, Jimin dirigia pelas ruas calmamente. E o silêncio e a sua presença pela primeira vez não me incomodava.
— Está usando um anel desde quando lhe encontrei no sinal, é do seu namorado? — ele se pronuncia de repente.
Movo meus olhos para a minha mão. O anel que estava em meu dedo não havia sido dado por Gael. Pelo contrário, era a única lembrança que eu tinha da minha mãe.
O único objeto de valor que ainda me restava.
— Não. — o respondo. — Esse anel era da minha mãe. Ela me deu antes de morrer. — completo.
Ele me olha pelo canto do olho e parece sentir muito pela sua indelicadeza ao conduzir aquela pergunta.
— Me desculpe. Eu... — tenta a se retratar.
— Não, tudo bem. Não tinha como você saber disso. Você apenas sabe que minha vida era uma desgraça. Não sabe os motivos que a tornaram assim. E eu também não esperava que soubesse, afinal de contas quando você compra algo, você compra pelo interesse de obtê-lo e usá-lo, e não para saber suas origens. — digo e volto a olhar a cidade pela janela.
O silêncio nos rodeia novamente.
— Ela tinha apenas 39 anos quando morreu. — começo a dizer. Não sei por que eu comecei a contar a ele, mas sentia que ele poderia ser o único a entender o quanto eu sofria com aquilo. — Éramos uma família feliz, ou pelo menos era isso que ela demonstrava aos nossos olhos. Mas somente ela sabia o tamanho da dor que carregava. Ela já sabia que meu pai era infiel, mas nunca tinha visto ou presenciado a traição. E quando isso aconteceu ela perdeu o chão. Meu irmão ao qual ela sempre prezou por ele, virou as costas para ela. Restou apenas eu ao seu lado. E crente que meu pai poderia se arrepender do que estava fazendo com ela, a mesma permaneceu até o fim casada com ele. Até que um dia ele tirou tudo dela. Nos deixando absolutamente sem nada.. fomos morar juntas em uma casinha bem distante de todos. Eu comecei a trabalhar e lutar para dar a ela o pouco conforto que nos restava. Mas um dia ela ficou terrivelmente doente, e o meu dinheiro não foi suficiente para pagar o hospital e os remédios. Fomos mandadas de volta para casa. E eu... eu tentei de tudo mas não foi suficiente.... e quando enfim eu havia conseguido uma esperança, ela não quis. Ela preferiu morrer ao ser salva para continuar vivendo aquele tormento... — termino de contar e sinto as lágrimas caírem pelo meu rosto.
Falar sobre aquele acontecimento em minha vida era como se eu revivesse cada momento em meu coração.
— Eu não posso dizer que eu sei o que você sente. Por que eu não sei. Fui criado por uma família adotiva que me deu todo o conforto do mundo, mas amor eu realmente só tive pela senhora Lin. — Jimin se pronuncia.
Limpo minhas lágrimas.
— Não conheceu seus pais? — o pergunto.
Ele nega.
— Não. Meus pais ou melhor dizer minha mãe me abandonou quando eu tinha cinco anos de idade. Lembro que ela havia me pedido para esperar por ela dentro da igreja, que não demoraria voltar, mas ela nunca mais voltou. — me responde e noto tristeza em seu olhar.
— Sinto muito... — sussurro.
Jimin me olha e sorri.
— Não sinta. Se tudo isso não tivesse acontecido, eu não estaria aqui agora. E só Deus sabe onde você estaria. — ele fala e pela primeira vez eu via que estar aqui com ele, ou presa em suas garras, não era tão ruim assim.
Ele pelo menos até naquele momento não havia me feito mal algum.
Outro em seu lugar teria a mesma paciência? Indago em minha cabeça. Mas eu já sabia a resposta.
Desvio meu olhar do seu e olho para o anel em minha mão.
Minha mãe havia me dito que era a única lembrança da família dela que a mesma tinha, pois foi a única coisa que sua mãe a deu quando ela decidiu se casar com meu pai e ir embora para o Brasil.
— Sabe minha Angeline, este anel, este que está em meu dedo além da aliança de casamento... foi sua avó que me deu. É um anel muito valioso em nossa família e no nosso país. Pois através dele todos sabem a qual família nós pertencemos. — ela dizia enquanto olhava admirada para o anel em sua mão.
— Então quer dizer que se um dia a senhora voltar ao México e virem este anel saberão que és uma Santiago? — a pergunto fascinada.
— Sim, mas eu não voltarei ao México. Mas um dia você voltará. E é por isso que eu o estou dando a você. — me responde enquanto o tirava de seu dedo.
— Mas mãe... eu não posso aceitar... — nego.
Ela abre um sorriso.
— Claro que pode, você é uma Santiago. É a minha herdeira. É a herdeira de seu avô. Minha primogênita. Eu só quero que me prometa que quando esse dia chegar, você não cometerá o mesmo erro que eu, de renegar tudo por um homem. Aceitará o que o seu avô decretar, e somente aceitará se casar com o homem que ele aceitar. Só assim não terá o mesmo fim que a sua mãe. — termina de dizer e entrega o anel em minhas mãos.
— Sim eu prometo. Mas para eu aceitar isto, a senhora também tem que me prometer que se esforçará para retornar ao México junto a mim. Só assim está promessa será válida. — a respondi.
— Sim eu prometo. — ela me responde e a abraço forte.
Infelizmente ela não cumpriu a sua promessa. E eu duvidava cumprir a minha parte também.
Pois onde eu estava seria quase impossível de se escapar.
Sem contar que uma parte minha não queria mais fugir do meu destino.
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Atualizado até capítulo 98
Comments
Mary Lima
Que ela supere os sofrimentos, bem sei que marcas ficam,vou torcer pra ela ser feliz e ajuda a Kimin
2024-05-03
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Paula Santana
ela já sofreu muito espero que o Jimim não traga mais sofrimento pra ela
2022-07-01
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Rosa Santos
ela não parece ser brasileira enquanto tiver co ele ta protegida
2022-01-01
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