Capítulo 20
RUA, EXTERIOR, NOITE.
Alcione e Viviane estão caminhando pela rua da vila, quando veem de longe um carro da Justiça Federal estacionado em frente a casa delas. Ambas se aproximas, tensas.
(ALCIONE): – Boa noite. O que os senhores desejam?
(OFICIAL): – Eu trago um mandato de desocupação do imóvel. A senhora é Alcione da Silva?
(ALCIONE): – Sou eu mesma. Eu recebi uma carta hoje à tarde falando sobre isso, qual a necessidade de enviarem um oficial da justiça no mesmo dia?
(OFICIAL): – Nós temos o registro que a carta foi enviada há quatro dias. Se chegou apenas hoje, houve um erro do correio. Sinto muito, mas as senhoras precisam esvaziar o imóvel hoje, pois o novo proprietário está chegando amanhã.
Alcione e Viviane se olham, pasmas, sem saber o que fazer e para onde ir. Elas assistem, caladas, os oficiais de justiça retirando os móveis da sua casa e colocando no meio da rua da vila. Após implorarem por um novo prazo sem sucesso, elas resolvem ajudar a retirar os móveis e objetos. Por mais que eram humildes, há muito coisa dentro de casa e elas não têm para onde ir.
PENSÃO CONFORTO, INTERIOR, NOITE.
Kiki está na janela da pensão, admirando a desgraça de Alcione. Cláudia e Jurandir estão na sala, mas ainda não sabem do ocorrido.
(KIKI): – Ai, que maravilha! Não pensei que veria isso tão cedo, é um sonho!
(CLÁUDIA): – O que você tá vendo pra ficar tão feliz, Dona Kiki?
(KIKI): – A sua amiga ordinária, a Alcione, tá sendo expulsa de casa. Que despareça da vila pra sempre, será uma bênção!
(CLÁUDIA): – A Alcione tá sendo colocada pra fora agora? Nossa, coitada, eu preciso ajudá-la!
Cláudia levanta do sofá e sai correndo da pensão até a casa de Alcione. Kiki senta no sofá, sorridente.
(JURANDIR): – A senhora não gosta mesmo da Alcione hein? Por quê?
(KIKI): – Desde que a Alcione chegou à vila, a paz desse lugar acabou! É uma mulher baixa, adora um barraco e se veste como uma árvore de Natal. Nunca fui com a cara dela, tivemos uma grande discussão e desde então nunca mais nos dirigimos à palavra.
(JURANDIR): – Pensei que fosse um motivo mais grave… E agora, pra onde a Viviane e a mãe dela irão morar?
(KIKI): – De baixo da ponte!
Kiki solta uma gargalhada, levanta do sofá e sobe para seu quarto. Jurandir fica apreensivo com o futuro de Viviane.
CASA DA FAMÍLIA MORAES, QUARTO DE MIRIAN E DANIEL, INTERIOR, NOITE.
Mirian entra no quarto e deita ao lado de Daniel, dando um beijo no marido e deitando seu rosto no peito dele, que acaricia os cabelos da esposa.
(MIRIAN): – Meu amor, você não vai acreditar quem veio aqui em casa hoje…
(DANIEL): – Quem? A Alcione pediu abrigo? Soube que ela perdeu a casa pelas dívidas do Erasmo.
(MIRIAN): – Essa louca que não ouse pedir abrigo pra mim, não esqueci o que ela fez no velório da minha mãe. Bom, quem fez uma visita foi o Dr. Clementino.
Daniel se espanta e afasta Mirian de si.
(DANIEL): – O doutor? Mas o que ele queria aqui depois do soco que eu dei nele?
(MIRIAN): – Ele veio conversar sobra a tal troca de embriões que ele insiste em dizer que cometeu e pediu para que fossemos na clínica dele amanhã.
(DANIEL): – Que absurdo! Nós não vamos!
(MIRIAN): – Eu também não quero ir, mas eu fiquei balançada com o que ele disse. Será que houve uma troca mesmo, Daniel?
(DANIEL): – Não sei, mas eu me recuso a ouvir as loucuras desse doutorzinho!
Trilha Sonora: Aquarela (Toquinho).
Mirian fica cabisbaixa e indecisa. Logo, Miguel entra no quarto com seu ursinho de pelúcia e sobe na cama.
(MIGUEL): – Eu tive um pesadelo horrível, tô com medo, posso dormir com vocês?
(MIRIAN): – Claro, meu amorzinho, deita aqui!
Miguel sorri e deita entre Mirian e Daniel. Ambos fazem carinho no filho, que adormece tranquilamente. O casal se emociona ao pensar na possibilidade de Dr. Clementino estar falando a verdade, mas se recusam a aceitar a condição de “pais de aluguel”.
RUA, EXTERIOR, NOITE.
Cláudia ajuda Alcione e Viviane e colocar seus últimos pertences para fora da casa, que agora está vazia e os oficiais de justiça vão embora. Na rua, com todos os móveis e objetos expostos, mãe e filha choram.
(CLÁUDIA): – Oh amigas, acalmem-se!
(ALCIONE): – Como é que eu vou ter calma? Eu tô na rua, Cláudia! Sou uma mendiga com móveis, não demora muito e alguém rouba tudo.
(VIVIANE): – Eu estou me sentindo um lixo! É muita humilhação!
(ALCIONE): – Culpa do teu pai! Maldita hora que eu disse “sim” a ele no altar.
(CLÁUDIA): – Ok, agora vamos pensar numa solução? Vocês não tem nenhum parente ou amigo para passar essa noite, pelo menos?
(ALCIONE): – Meus parentes moram todos em outra cidade, eu não tenho dinheiro pra comprar passagem de ônibus. E amigos, eu só tenho você.
Cláudia sorri e abraça Alcione, que chora em seu ombro. Viviane limpa as lágrimas e avista Jurandir na janela da Pensão Conforto, acenando pra ela.
(CLÁUDIA): – Bom, eu só vejo uma saída então: pedir abrigo na pensão da Kiki.
(ALCIONE): – O quê? Eu pedir ajuda para aquela mulherzinha escrota? Jamais!
(VIVIANE): – Mãe, eu sei que a senhora tem birra com a Kiki, mas ela é nossa última saída!
(ALCIONE): – Cale-se, filha! Naquela espelunca eu não ponho meus pés nunca! Nunca!
Viviane e Cláudia se olham, apreensivas, enquanto Alcione bufa de raiva.
PENSÃO CONFORTO, INTERIOR, NOITE.
Trilha Sonora: Samba do Approach (Zeca Pagodinho e Zeca Baleiro).
Cláudia entra na pensão, com duas malas na mão. Kiki vê e estranha. Logo, Alcione e Viviane entram, cabisbaixas e envergonhas.
(KIKI): – Ah não, é um castigo, só pode! O que essas duas fazem aqui, Cláudia?
(CLÁUDIA): – Poxa Kiki, elas estão na rua, custa dar um abrigo pra elas essa noite?
(KIKI): – Custa paciência! Eu não quero a Alcione dentro da minha pensão, poluindo esse ambiente!
(ALCIONE): – Pois eu é que não quero ficar sob o mesmo teto que você, sua bruaca! Vamos embora, Viviane, eu não preciso ouvir isso!
(VIVIANE): – Mãe, controle-se, nós precisamos da Kiki!
(KIKI): – Quem diria hein, Alcione? Falou mal de mim pra vila inteira e agora tá rastejando pra pedir minha ajuda… O mundo dá voltas!
(ALCIONE): – Pois é, um dia está por baixo, outro está por cima, fazer o quê…
(VIVIANE): – Dona Kiki, eu peço que ignore todas as coisas venenosas que minha mãe disse pra senhora esses anos todos. Nos ajude, pelo menos essa noite! Nós não temos pra onde ir, precisamos de um quarto. Por favor, a gente paga!
(KIKI): – Paga como se vocês estão tão duras que foram expulsas de casa?
(VIVIANE): – Passar uma noite em um quarto não deve custar tão caro assim né? Um pouquinho de dinheiro a gente tem. Por favor, nos ajude?
Kiki pensa um pouco e olha fixamente para Alcione, que desvia o olhar, mas a encara às vezes.
(KIKI): – Tá bom, eu alugo um quarto pras duas. Mas amanhã cedo eu quero o dinheiro na minha mão, entenderam bem? E rua!
Alcione e Viviane compreendem, pegam suas malas e sobem para um quarto vazio que Cláudia mostra.
MANSÃO DA FAMÍLIA GARBRETCH, QUARTO DE MARGARIDA E ROGÉRIO, INTERIOR, MANHÃ.
Ao amanhecer do dia, Margarida e Rogério fazem as malas para a viagem que não tem data certa para o retorno. Minutos depois, Luíza entra no quarto, carregando sua pequena mala, e senta na cama dos pais.
(LUÍZA): – Eu já estou pronta. Vamos sair quando?
(MARGARIDA): – Daqui a pouco, meu anjinho. Você vai gostar de conhecer Boston!
(LUÍZA): – Que nome esquisito… É uma cidade grande como Curitiba?
(ROGÉRIO): – Muito maior, filha! Eu já estive lá uma vez com sua mãe, mas faz muitos anos. Agora eu vou levar você! Lá, você vai conhecer um monte de crianças iguais a você, assim não irá se sentir mais sozinha no mundo.
(LUÍZA): – E eu vou melhorar lá?
(ROGÉRIO): – Nós temos fé que sim! Têm médicos especialistas ótimos em Boston, eles vão saber te ajudar melhor que os médicos de Curitiba.
(MARGARIDA): – E você fará novas amizades, minha querida, amizades com crianças que tem o mesmo problema que você. Bom, agora vamos pro aeroporto? Tá quase na hora do avião sair!
(LUÍZA): – Eba! Eu nunca andei de avião, vou realizar um sonho! Quer dizer, vou realizar dois sonhos, pois nunca sai do Brasil também.
Luíza desce da cama e sai correndo do quarto, arrancando sorrisos de Margarida e Rogério.
(ROGÉRIO): – Nós precisamos realizar mais sonhos da nossa filha, Margarida. O tempo é curto.
Margarida compreende e controla-se para não chorar. O casal pega as malas e saem da mansão, na esperança de buscar a ajuda que precisam no exterior.
CASA DA FAMÍLIA MORAES, INTERIOR, MANHÃ.
Mirian está lavando a louça da noite anterior. Logo, Daniel entra em casa após levar Miguel na escola e se aproxima da esposa na pia.
(DANIEL): – Vamos à clínica do Dr. Clementino hoje então?
(MIRIAN): – Mas ontem você disse que não queria…
(DANIEL): – Pensei melhor e acho que devemos ir pra resolver essa situação. Que horas o doutor disse pra gente ir?
(MIRIAN): – No fim da tarde. Você não trabalha hoje?
(DANIEL): – Não, a família toda foi viajar para os Estados Unidos, nem sabem quando voltam.
(MIRIAN): – Minha patroa também deu folga hoje. Que tal a gente tirar o dia só pra nós?
(DANIEL): – Ideia maravilhosa!
Trilha Sonora: Pra Ser Sincero (Marisa Monte).
Mirian para de lavar a louça e Daniel a abraça, dando um beijo intenso. Ele põe Mirian sentada na pia e encaixa seu corpo nela. Há carinhos ousados mútuos e beijos cada vez mais intensos. Daniel carrega Mirian no colo para o quarto e tem uma relação de amor e prazer.
MANSÃO DA FAMÍLIA MORAL, INTERIOR, TARDE.
Zuleide está falando ao telefone na sala da mansão.
(ZULEIDE): – Tá bom, pode deixar que eu darei o recado. Obrigada!
Vitor está descendo as escadarias da mansão com sua maleta de trabalho e vê Zuleide desligar o telefone. Solange desce atrás.
(VITOR): – Quem era, Zuleide?
(ZULEIDE): – Era o Dr. Clementino, disse que era para os senhores estarem na clínica hoje, no fim da tarde. Ele pediu que levassem uma foto do Flávio quando ele tinha cinco anos.
(SOLANGE): – Que estranho… Será que ele vai trazer o nosso filho, Vitor?
(VITOR): – Eu acho que ele vai trazer é os pais de criação do nosso filho.
(SOLANGE): – Como assim, meu amor?
(VITOR): – O Dr. Clementino me avisou dias atrás que tentaria nos reunir com a família de criação do nosso filho, para conversarmos juntos. Acho que será isso hoje.
(ZULEIDE): – Mas será que a tal família não vai trazer o gêmeo do Flávio na clínica?
(SOLANGE): – Tomara que sim, aí eu já volto pra casa com meu filho no colo!
(VITOR): – Não seja tão deslumbrada, Solange, é melhor aceitar que nós teremos que enfrentar essa família num tribunal.
(SOLANGE): – Não importa, pois eu sei que juiz nenhum nesse mundo vai negar a reconhecer nós dois como pais biológicos dessa criança e nos dar a guarda. A outra família vai ter que aceitar.
Vitor concorda, dá um beijo na esposa e sai para o trabalho.
PENSÃO CONFORTO, QUARTO DE ALCIONE E VIVIANE, INTERIOR, TARDE.
Trilha Sonora: Sampa do Approach (Zeca Pagodinho e Zeca Baleiro).
Alcione e Viviane ainda estão dormindo, não acordaram para o café da manhã nem para o almoço. Irritada, Kiki entra no quarto e começa a bater com uma colher numa panela, para fazer barulho e acordá-las. Ambas acordam no susto, com dores nas costas pelo colchão ruim e com olheiras.
(ALCIONE): – Que palhaçada é essa, Kiki?
(KIKI): – Palhaçada é vocês duas que ainda não me pagaram e foram embora! Não abusem da minha caridade, pra fora imediatamente!
(VIVIANE): – Mas Dona Kiki, por favor, permita que nós duas fiquemos mais alguns dias até a gente encontrar um lugar pra ficar!
(KIKI): – Eu não gosto da sua mãe, querida, e também não vou muito com a sua cara, então rua as duas! Vamos!
(ALCIONE): – Você é muito grossa mesmo hein? A gente pagando e você nos enxota?
Kiki não responde, apenas as encara. É quando Cláudia entra no quarto, ofegante.
(CLÁUDIA): – Eu acabei de vir do shopping e estou chocada! Roubaram tudo o que você deixou na rua, Alcione! Tudo! Não restou nenhum móvel ou objeto pra contar história.
(ALCIONE): – Ai Jesus, que vizinhança desgraçada! Eu vou matar quem fez isso!
Alcione levanta da cama com seu pijama e vai com Cláudia para fora da pensão, chocando-se com a rua vazia sem os últimos bens que lhe pertencia.
CLÍNICA DE DR. CLEMENTINO, INTERIOR, NOITE.
Dr. Clementino caminha de um lado para outro em sua sala, nervoso por reunir as duas famílias pela primeira vez. Logo, Mirian e Daniel chegam e os três sentam.
(CLEMENTINO): – Que bom que vocês vieram, estava com medo que não comparecessem.
(DANIEL): – Tenho medo de me arrepender de ter vindo.
Dr. Clementino fica cabisbaixo. Segundos depois, Solange e Vitor chegam à sala e ficam intrigados com a presença de outro casal. Mirian e Daniel também estranham a presença deles.
(SOLANGE): – Não sabia que o senhor estava com pacientes, nós vamos aguardar na recepção.
(CLEMENTINO): – Não, podem sentar, eu quero conversar com os quatro juntos.
Solange e Vitor estranham, mas sentam. Um silêncio perdura por alguns instantes, mas logo é quebrado.
(MIRIAN): – Dr. Clementino, porque nossa conversa deve ser junto com esse casal? Nós não nos conhecemos.
(CLEMENTINO): – A senhora já vai entender. Eu convidei os dois casais para vierem no mesmo horário porque o assunto compete há ambos. Não há forma mais sensata de se resolver um caso como esse se não for com diálogo e compreensão.
(VITOR): – Seja mais direto, doutor. Qual o assunto nos une?
(CLEMENTINO): – A troca de embriões.
Trilha Sonora: Feito pra Acabar (Marcelo Jeneci).
Mirian, Daniel, Solange e Vitor se chocam e se olham com um misto de sentimentos difíceis de explicar. Dr. Clementino observa a reação dos casais e aguarda uma reação. O silencio é maior que da primeira vez, ninguém sabe o que falar ou o que fazer.
(CLEMENTINO): – Os senhores não dirão nada? Estão frente a frente pela primeira vez, são as famílias da criança.
(MIRIAN): – O Miguel tem apenas uma família, a minha!
(CLEMENTINO): – Por favor, Dona Mirian, não dificulte as coisas! Vamos por parte: o casal Solange Moral e Vitor Moral procurou a minha clínica em 1990 para fazer um tratamento de fertilização. O tratamento foi feito, dele foram criados dois embriões. Porém, o casal optou por gerar apenas um dos embriões e deixar o outro congelado na clínica. Em 2010, vinte anos depois, eis que surge o casal Mirian Moraes e Daniel Moraes, que também sonham em ter um filho e procuraram ajuda da inseminação artificial. Todo o processo foi realizado, mas na hora de inseminar, ocorreu um erro: eu me atrapalhei com os sobrenomes Moral e Moraes, pois ambas as cápsulas com os embriões congelados estavam lado a lado no botijão de hidrogênio, e acabei inseminado Mirian Moraes com o embrião de Solange Moral. Em 2015, cinco anos depois do meu erro ter sido consumado, o casal Moral me procura para gerar o embrião congelado, pois o filho deles faleceu tragicamente. Mas como eu poderia inseminar Solange se o embrião dela já foi gerado por Mirian? Por isso eu reuni todos os senhores hoje, para chegarmos a uma conclusão.
Solange, Vitor, Mirian e Daniel seguem calados e nervosos com a situação. O geneticista aguarda uma reação de alguém.
(DANIEL): – Se isso realmente aconteceu, o que o senhor quer com essa reunião?
(CLEMENTINO): – Que as duas famílias envolvidas nesse caso se conheçam e que Solange Moral e Vitor Moral tenham contato com o Miguel Moraes.
(MIRIAN): – O Miguel é meu filho, eu gerei e criei, ele é meu filho!
(SOLANGE): – Você não ouviu que o doutor admitiu uma troca de embriões? Você gerou o meu embrião, ou seja, o Miguel é meu filho! Você tem que entregá-lo!
(VITOR): – Vai com calma, amor… Olha, Mirian e Daniel, nós não queremos brigas ou discussões, apenas queremos o nosso direito. Vocês geraram e criaram o nosso filho, qualquer exame de DNA pode provar isso.
(DANIEL): – Pois eu não acredito no que o doutor disse! O senhor quer nos manipular com essa história mirabolante só porque esse casal Moral é milionário e a gente é pobre! Não é porque somos pobres que somos manipuláveis! Eu vi a barriga da minha esposa crescer, eu eduquei o Miguel, para agora dizerem que não é meu filho? Absurdo!
(SOLANGE): – Você e a Mirian desempenharam o papel de “pais de aluguel” que qualquer pessoa desempenha quando vai adotar um filho num orfanato!
(MIRIAN): – Mas eu não fui buscar meu filho no orfanato, eu vim na clínica! Eu doei meus óvulos, meu marido doou os espermatozoides, nosso filho foi feito e inseminado em mim, eu gerei, tive o parto e amei essa criança até hoje, é meu filho sim!
(VITOR): – Nós também doamos os nossos materiais genéticos, mas quem gerou foi a senhora por um erro do Dr. Clementino! Aceite que foi uma barriga de aluguel!
(DANIEL): – Cale-se ou eu vou dar um murro na sua cara! Não chame minha esposa de barriga de aluguel, ela não foi isso!
(CLEMENTINO): – Por favor, vamos acalmar os ânimos! Eu tenho algo importante para mostrar ao casal Moraes. Vocês trouxeram a foto que eu pedi, Solange e Vitor?
Solange afirma que “sim” com a cabeça e tira da bolsa uma foto, entregando ao geneticista.
(CLEMENTINO): – Mirian e Daniel, observem bem esta foto. Quem é essa criança?
Dr. Clementino entrega a foto para Mirian e Daniel, que ficam intrigados ao ver uma criança igual a Miguel, porém com roupa e corte de cabelo diferente.
(MIRIAN): – Mas esse é o Miguel, só que ele tá muito diferente…
(SOLANGE): – Não é o Miguel, é o Flávio, o irmão gêmeo do Miguel.
(DANIEL): – Irmão gêmeo? Como assim?
(CLEMENTINO): – A fertilização de Solange e Vitor resultou em dois embriões, ou seja, eram irmãos gêmeos. Flávio e Miguel são gêmeos idênticos, tanto que vocês viram uma foto de Flávio e disseram que é Miguel. São gêmeos de 20 anos de diferença. Ainda há dúvida de que houve uma troca de embriões, casal Moraes?
Mirian e Daniel estão chocados com a semelhança de Flávio e Miguel, mas relutam a aceitar que não são pais biológicos da criança.
Continua...
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 53
Comments