Capítulo 15
CLÍNICA DE DR. CLEMENTINO, INTERIOR, NOITE.
Dr. Clementino sente-se pressionado por Solange e Vitor e revela seu erro.
(CLEMENTINO): – A senhora não vai poder gerar o embrião que deixou congelado por 25 anos porque ele já foi gerado. Eu cometi uma troca de embriões há cinco anos e o embrião de vocês foi gerado por engano por outra mulher. Eu sinto muito!
Trilha Sonora: Feito pra Acabar (Marcelo Jeneci).
Solange e Vitor estão chocados com a revelação e não conseguem dizer uma palavra sequer, apenas olham fixamente para Dr. Clementino que se sente intimidado.
(SOLANGE): – Como é que é, Dr. Clementino? Outra mulher gerou o nosso embrião há cinco anos?
(CLEMENTINO): – É isso mesmo, Dona Solange. Eu fiz uma troca de embriões e quando percebi já era tarde, eu já tinha inseminado a moça com o embrião de vocês.
Solange cai num choro desesperador. Vitor também chora, chocado. Dr. Clementino observa a cena, sentindo-se culpado.
(SOLANGE): – Mas isso é um absurdo! Que espécie de geneticista o senhor é? Como comete um erra gravíssimo desse e não comunica a gente? Esse embrião é nosso, ele nos pertence, é nosso filho!
(VITOR): – Eu estou abismado até agora… Então, o irmão gêmeo do Flávio já tem 5 anos?
(CLEMENTINO): – Exatamente, Seu Vitor. Os senhores têm motivos para me odiar e me criticar, mas eu não fiz por maldade! Foi um erro! Os materiais genéticos de todos os clientes da clínica são catalogados pelo sobrenome e eu cometi essa troca porque o sobrenome de vocês é muito parecido com o sobrenome do outro casal: Moral e Moraes.
(SOLANGE): – Não me interessa saber como você cometeu a troca, o que eu quero saber é como fica a nossa situação? Essa criança é nosso filho, não desse casal! Eu exijo que o senhor nos entregue essa criança!
(CLEMENTINO): – Eu? Mas eu não sei onde está à criança ou o casal, eu nunca mais os vi.
(SOLANGE): – Procure! Ele é nosso filho e eu o quero conosco! Essa família que o criou não são nada dele, essa mulher foi apenas uma barriga de aluguel.
(CLEMENTINO): – Não fale assim, ela sempre teve o sonho de ser mãe e deve ter criado o menino com muito amor.
(VITOR): – Não interessa, ele nos pertence! O senhor tem que fazer alguma coisa! Chame esse casal e revele a troca de embriões, peça para eles nos entregarem a criança.
(CLEMENTINO): – Não vai ser fácil, vocês precisam entender que…
(SOLANGE): – Quem tem que entender alguma coisa aqui é o senhor! Sabia que esse erro confere um crime? Quer que nós denunciemos o caso ao Conselho de Ética?
(CLEMENTINO): – Por favor, não façam isso, tudo o que eu quero evitar é um escândalo para a minha clínica!
(VITOR): – Então o senhor tome as providências cabíveis: revele ao casal que o menino não é filho deles e nos entregue. Se o senhor não fizer isso, nós vamos denunciar o senhor! Nós exigimos o nosso filho!
Dr. Clementino fica cabisbaixo e remói sua culpa. Solange e Vitor continuam a chorar e saem da clínica, extremamente abalados.
CENTRO COMUNITÁRIO, INTERIOR, NOITE.
Os velórios de Glória e Erasmo seguem. Mirian está sozinha ao lado do caixão da mãe, enquanto Daniel foi levar Miguel em casa para dormir. Mirian chora ao ver a mãe falecida e acaricia a mão dela. Alcione vê a cena e caminha até o caixão de Glória, olhando com desprezo à inimiga e cuspindo no chão ao lado do caixão.
(MIRIAN): – Mas o que é isso, Alcione? Respeite a minha dor!
(ALCIONE): – Tua mãe não merece lágrimas, ela foi uma safada! Meu marido morreu por culpa dela!
(MIRIAN): – Saia daqui! Deixe eu velar minha mãe em paz! E não a acuse de nada, pois quem lhe devia respeito era o Erasmo, que era teu marido.
(ALCIONE): – Que audácia… (começa a gritar): – Depois que morre, todo mundo vira santo! Essa ladra de maridos teve o que merecia, mulherzinha baixa e vulgar!
Mirian fica indignada, mas cala-se para não se rebaixar ao nível de Alcione. Todos do velório estão chocados. É quando Kiki chega ao velório, que se aproxima de Alcione, séria.
(KIKI): – Mais baixa e vulgar que você é impossível, Alcione! E dobre a sua língua antes de falar da Glória senão eu enfio a mão na tua cara!
Alcione fica irritada e retorna ao caixão de Erasmo. Kiki aproxima-se de Mirian e a abraça. Em seguida, ela faz o sinal da cruz olhando o caixão de Glória.
(KIKI): – Meus pêsames, Mirian. Eu estou muito abalada pela morte da Glória, nós éramos muito amigas.
(MIRIAN): – Obrigada! Minha mãe gostava muito da senhora. Eu queria tanto um velório em paz, mas com essa escandalosa da Alcione é impossível.
(KIKI): – Pode deixar, querida, se essa insuportável se meter a besta contigo eu te defendo. Eu e a Alcione somos inimigas, há tempos quero acertar nossas contas.
Mirian não diz nada, apenas observa Glória no caixão. Kiki ora em silêncio.
MANSÃO DA FAMÍLIA MORAL, INTERIOR, NOITE.
Trilha Sonora: Gostava Tanto de Você (Tânia Mara).
Solange e Vitor entram na mansão, descolados e limpando as lágrimas. Zuleide entra na sala com um sorriso largo no rosto, mas logo fica séria ao notar a infelicidade dos patrões.
(ZULEIDE): – Que caras são essas? A inseminação não deu certo?
(SOLANGE): – Não teve inseminação, Zuleide.
(ZULEIDE): – Mas como não? O tal geneticista não tinha confirmado tudo?
Solange é tomada por uma angústia e começa a chorar, subindo correndo para seu quarto.
(VITOR): – Ah Zuleide, você nem imagina o que aconteceu… O nosso embrião foi gerado por outra mulher e a criança já tem 5 anos.
(ZULEIDE): – Santo Cristo! Mas como isso foi acontecer? O embrião não era de vocês?
(VITOR): – Era, mas o geneticista trocou os embriões na hora da inseminação e não contou pra ninguém até hoje. O gêmeo do Flávio tá vivo, Zuleide, já é uma criança de 5 anos, e nós aqui alimentando o sonho de gerá-lo. O Dr. Clementino destruiu o nosso sonho.
(ZULEIDE): – E agora, o que vocês vão fazer?
(VITOR): – Recuperar o nosso filho! Essa criança é nossa, a família que o criou vai ter que entender.
Vitor sobe as escadas e vai para o quarto, deixando Zuleide chocada com a história.
MANSÃO DA FAMÍLIA MORAL, QUARTO DE SOLANGE E VITOR, INTERIOR, NOITE.
Trilha Sonora: Gostava Tanto de Você (Tânia Mara).
Solange chora desesperadamente na cama, abraçada no travesseiro. Vitor entra devagar no quarto e senta na cama ao lado da esposa, controlando-se pra não chorar.
(SOLANGE): – Isso não é justo, Vitor… Não é!
(VITOR): – Eu sei, meu amor, nós faremos o possível e o impossível pra ter o nosso filho de volta.
(SOLANGE): – Eu já estava sentindo a minha barriga crescer, mas esse maldito geneticista destruiu tudo!
(VITOR): – Já basta nós termos perdido o Flávio naquele acidente terrível, nós não vamos perder o gêmeo dele por um erro médico.
Solange limpa as lágrimas e abraça Vitor, que chora no ombro da esposa.
HOTEL, INTERIOR, NOITE.
Em Araucária, Rogério está hospedado com Margarida e Luíza em um quarto de hotel luxuoso no centro da cidade. Após a menina adormecer profundamente, Margarida e Rogério deitam na cama e ficam aos beijos e abraços.
(MARGARIDA): – Que saudade de um momento a sós contigo, meu amor…
(ROGÉRIO): – Nós precisamos relaxar… São tantos problemas e contratempos, acabamos por nos afastar. Não quero mais isso, eu gosto muito de você e nós merecemos um momento assim!
Trilha Sonora: Se Quiser (Tânia Mara).
Margarida sorri e Rogério a beija intensamente, começando a desabotoar sua blusa de seda. Ela está envolvida, mas afasta a mão do marido.
(MARGARIDA): – Não, a Luíza tá aqui no quarto!
(ROGÉRIO): – Ela já adormeceu faz tempo, meu amor… Não vamos perder a oportunidade de nos entregar um ao outro? Relaxa e aproveita o momento…
Margarida sorri e concorda, tirando a blusa. Rogério sorri e beija o pescoço da esposa, tirando lentamente seu sutiã com a boca. Margarida desabotoa a blusa de Rogério enquanto o beija intensamente. Entregues e envolvidos, o casal tem uma noite de amor com muito sentimento e prazer após tanto sofrimento e problemas.
CEMITÉRIO, EXTERIOR, MANHÃ.
Glória e Erasmo são levados para o cemitério num cortejo fúnebre simples, com poucas pessoas presentes. Mirian e Daniel choram e caminham de mãos dadas ao lado do caixão de Glória. Viviane chora ao lado do caixão de Erasmo enquanto Alcione observa com indiferença. Após o coveiro pôr o caixão de Glória no túmulo, Mirian põe uma rosa branca ao lado do caixão.
(MIRIAN): – Descanse em paz, minha mãe querida!
Mirian abraça Daniel e o coveiro fecha o túmulo. Enquanto isso, algumas quadras dali, o caixão de Erasmo é posto no túmulo sob os olhares de tristeza de Viviane, que é amparada por Jurandir. Alcione reza em silêncio. Cláudia está encostada num túmulo e reza, mas logo é atraída ao ver uma pessoa colocar sua bolsa próxima a ela. Cláudia disfarça e, ao ver que ninguém está olhando, ela pega a bolsa e vai atrás do túmulo de Erasmo. Ela pega a carteira e, quando vai roubar o dinheiro, acaba tropeçando numa pedra e cai dentro de uma cova aberta em sua frente.
Trilha Sonora: Samba do Approach (Zeca Pagodinho e Zeca Baleiro).
(CLÁUDIA): – Socorro! Por favor, alguém me ajuda! Que inferno!
Alcione, Viviane, Jurandir e outras pessoas ouvem os gritos. Alcione vai atrás do túmulo e vê Cláudia caída dentro da cova, toda suja de terra.
(ALCIONE): – O que você foi fazer aí, mulher? Colher minhocas?
(CLÁUDIA): – Para de gracinhas e me tira daqui!
Alcione estende a mão para Cláudia, que puxa com força para sair da cova, mas Alcione acaba se desequilibrando e cai também. Viviane e Jurandir se espantam com os gritos e vão atrás do túmulo, se apavorando com as duas dentro da cova.
(VIVIANE): – Não é possível que nem numa hora triste dessas vocês duas não se metam em confusão!
(ALCIONE): – Ao invés de falar abobrinhas, me tira daqui!
(JURANDIR): – Abobrinha eu não sei, mas que a senhora tá parecendo um tomate com essa roupa toda vermelha, isso tá!
(ALCIONE): – Daqui a pouco quem vai estar vermelho é a tua cara com os tapas que eu vou dar! Me tira daqui, Jurandir! Rápido!
Jurandir ri e estende a mão para Alcione, tirando-a da cova. Ele fez o mesmo com Cláudia, que sai ofegante. Discretamente, ela põe a bolsa no lugar antes que a dona dê por falta, controlando-se para não roubar e cair em outra cova.
CASA DA FAMÍLIA MORAES, INTERIOR, MANHÃ.
Daniel serve um copo de água com açúcar para Mirian, que está sentada no sofá com Miguel no colo, visivelmente abatida. Ele bebe a água e se controla para não chorar.
(MIRIAN): – Eu queria sumir nesse momento, estou muito angustiada.
(DANIEL): – Eu imagino… Também estou triste, pois gostava muito da minha sogra. Tivemos conflitos no passado, mas superamos.
(MIGUEL): – Eu vou sentir muitas saudades da vovó, eu adorava os bolinhos de chuva que ela fazia. Você sabe fazer bolinho igual à vovó, mamãe?
Mirian sorri timidamente e dá um beijo no rosto de Miguel, levantando-se do sofá e indo para o quarto dormir um pouco. Daniel senta-se a mesa e faz um lanche após passar muitas horas sem comer nada pelo velório. Miguel assiste desenho animando na TV, na sua inocência pelo luto.
CASA DE ALCIONE, INTERIOR, MANHÃ.
Alcione, Viviane, Jurandir e Cláudia estão na sala. Viviane chora e Jurandir está sentado ao seu lado, enquanto Alcione e Cláudia bebem um café.
(CLÁUDIA): – E agora, como você vai seguir a vida sem o Erasmo?
(ALCIONE): – Como sempre segui, aquele traste nunca ajudou dentro de casa.
(VIVIANE): – Mãe, a senhora não tem sentimentos, não?
(ALCIONE): – Tenho, minha filha, tenho por mim e por ti! O teu pai não valia nada, nunca teve carteira assinada, vivia de bicos e bebendo no bar! E agora nós conhecemos a outra face do Erasmo, o garanhão do motel! Teve estômago pra ficar com aquela rapariga da Glória, minha inimiga! E para de chorar pelo teu pai, ele não vale essas lágrimas, garota!
(VIVIANE): – Olha mãe, eu não vou discutir contigo! Se o papai era tudo isso, paciência! Era meu pai mesmo assim, eu o amava e estou muito triste!
(JURANDIR): – Oh Alcione, a Viviane tem razão…
(ALCIONE): – E você tá fazendo o que aqui em casa, seu fofoqueiro? Rapa fora! Não vou dar café pra ti, não, vai pedir pra Kiki fazer!
Jurandir fica calado, dá um beijo no rosto de Viviane e vai embora. Magoada, a jovem levanta do sofá e vai para o quarto.
(CLÁUDIA): – Você não tá pegando pesado demais, amiga?
(ALCIONE): – Quem pegou pesado foi o Erasmo. Depois de anos de casamento, ele ainda teve a coragem de me trair. Nunca a gente estampou capa de jornal, mas claro que a mídia ia dar atenção ao infarto do motel. O Erasmo morreu e deixou como herança pra Viviane essa vergonha, mas ela ainda chora!
(CLÁUDIA): – Como ela disse, pai é pai né…
(ALCIONE): – Vai defendê-lo? Rapa fora também, Cláudia!
Alcione arranca o copo de café da mão de Cláudia, que fica brava e vai embora. Alcione senta no sofá e, sozinha, desaba em lágrimas pela morte de Erasmo. Apesar de terem um casamento de gato e rato, eles se gostavam e se entendiam daquela forma.
Continua...
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Atualizado até capítulo 53
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