Mansão Bianchi – Biblioteca Secreta.
Enzo estava imóvel diante da lareira apagada. O envelope que encontrara no cofre estava sobre seus joelhos, a foto ainda tremia entre seus dedos. A imagem de Giovanni Bianchi, jovem, ao lado de Pietro Gallo e de uma mulher belíssima de cabelos negros e olhos intensos. No verso, uma anotação feita à mão: “Isabella Gallo – o amor proibido, a mulher que destruiu tudo.”
Mas o que congelou o sangue de Enzo foi a certidão que estava dobrada entre os papéis: Certidão de Nascimento – Enzo Gallo Bianchi.
Seu mundo desabava.
— Eu sou filho da mulher do meu inimigo… Pietro não é só meu inimigo. Ele é meu tio.
A traição estava no sangue. Tudo o que ele acreditava ser verdade era uma mentira cuidadosamente construída. Seu pai dormira com a esposa do melhor amigo. Ele era o fruto de uma paixão proibida, de uma guerra silenciosa.
Valentina entrou na biblioteca sem bater. Viu o estado dele, o olhar perdido.
— Enzo? O que houve?
Ele estendeu os papéis para ela, em silêncio. Valentina leu tudo, rapidamente. Ficou em choque.
— Pietro é seu… tio?
— E minha mãe… era mulher dele. Giovanni destruiu essa família. Eu sou a cicatriz dessa destruição.
Ela se aproximou, ajoelhando-se à frente dele.
— Isso não muda quem você é. Você é Enzo Bianchi. Don da máfia italiana. E é o homem que eu amo.
— Eu carrego o sangue dos dois lados, Valentina. O meu império… é construído em cima de traição.
Ela tocou o rosto dele, firme.
— Então vamos reconstruir tudo. Mas do nosso jeito.
Ele a puxou para um beijo intenso. E ali, naquele chão de mármore frio, eles fizeram amor como se buscassem redenção. Os corpos se entrelaçaram com urgência, e Valentina montou nele com força, os olhos fixos nos dele, como se dissesse: Você ainda é meu. Sempre será.
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Palermo – Dois dias depois.
Valentina voltara à frente da operação. Lorenzo a acompanhava, mas havia um novo rosto na equipe: Dante Ferretti, um ex-militar, especialista em infiltração e extração. Alto, moreno, olhos cinzentos e sorriso enigmático. Ele havia sido enviado por um dos aliados de Enzo, mas sua lealdade ainda estava em teste.
Na primeira reunião, Dante não tirava os olhos de Valentina.
— Algum problema, soldado? — ela questionou, ao vê-lo encará-la pela terceira vez.
— Não. Só estou impressionado. Com sua presença, seu controle… e sua beleza. Dificilmente essas três coisas vêm juntas no mundo em que vivemos.
Lorenzo revirou os olhos. Valentina apenas arqueou a sobrancelha.
— Guarde sua admiração. No campo, o que importa é obediência.
— E resultados. — Dante respondeu com um sorriso. — E nisso, eu sou impecável.
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Missão de campo – Porto de Trapani.
Uma transação ilegal entre mafiosos russos e os últimos aliados de Rocco estava para acontecer. Valentina liderava a operação. Dante seria o infiltrado. Lorenzo cobriria o perímetro com atiradores.
No ar, tensão.
Antes de Dante sair disfarçado, ele se aproximou de Valentina. Estavam sozinhos, sob a luz fraca de uma das docas.
— Se algo der errado, quero que saiba… eu faria qualquer coisa por você.
Ela o encarou com frieza.
— Não tente me seduzir, Ferretti. Eu sou comprometida com o Don.
Ele se aproximou mais, roçando os lábios perto da orelha dela.
— Eu sei. Mas o Don tem sorte demais. Porque se você fosse minha… nunca sairia da cama.
Ela o empurrou com força contra a parede.
— Se repetir isso de novo, eu mesma te coloco no fundo do mar. E sem colete.
Dante riu, encantado com a fúria dela.
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No galpão do porto.
A negociação começou. Valentina, Lorenzo e os atiradores estavam em seus postos. Dante estava com microfone oculto, transmitindo tudo. Ele ganhou a confiança dos russos rapidamente.
Mas então… o inesperado: Dante foi desmascarado.
— ELE ESTÁ COM UM MIC! — gritou um dos homens.
A troca de tiros começou. Valentina não hesitou. Invadiu o galpão como um furacão, atirando com precisão cirúrgica. Lorenzo e a equipe garantiam cobertura, mas a coisa ficou feia.
Dante foi ferido no ombro. Ela correu até ele, o arrastando para fora. O helicóptero de extração chegou segundos depois.
Dentro da aeronave, com o vento cortando, Dante olhou para ela, ofegante.
— Salvou minha vida. Por que?
— Porque sou líder. E não abandono ninguém.
— Você é mais do que isso, Valentina. Você é a mulher mais perigosa que já conheci. E ainda assim… não consigo parar de querer você.
Ela desviou o olhar, o coração apertado. Amava Enzo. Mas não podia negar: o desejo, o perigo, a adrenalina… aquilo mexia com ela de um jeito estranho.
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Cena final – Enzo na cripta da família Bianchi.
Enzo desceu sozinho à cripta onde Giovanni Bianchi fora enterrado. Observou o túmulo com ódio e tristeza.
— Você destruiu vidas, pai. Mas eu… vou reconstruí-las.
Ele então pegou uma faca. E cortou a palma da própria mão, deixando o sangue pingar sobre o túmulo.
— A partir de agora, o sangue da máfia corre por escolha. Não por herança.
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Atualizado até capítulo 36
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