Mansão Bianchi – Sala Secreta do Subsolo.
As paredes de concreto abafavam o som, mas não o medo. Pietro Gallo estava acorrentado a uma cadeira de ferro. O rosto inchado, um corte profundo na sobrancelha, o sangue seco grudado na pele. Lorenzo estava ao lado, como uma sombra silenciosa.
Valentina entrou sozinha. Trocara o jeans por uma calça de alfaiataria preta e uma camisa de seda vinho. Cabelos soltos, postura ereta. Ela carregava uma pasta de couro preta. Abriu-a devagar e puxou alguns documentos.
— Pietro, você sabia que eu era da polícia. Isso significa que eu sei como torturar com palavras antes de usar lâminas — ela disse, fria. — Mas hoje… eu vim negociar.
— Negociar? — ele riu, cuspindo sangue. — A ex-policial virou mafiosa mesmo… parabéns, princesa.
— Sou a nova rainha, querido. E você é só uma peça quebrada.
Ela jogou os documentos sobre a mesa. Extratos bancários, transferências, fotos de encontros secretos entre Pietro e membros da máfia turca.
— Eu posso usar isso contra você. Ou posso guardar. Tudo depende da sua colaboração.
Ele a olhou com ódio. Mas nos olhos de Valentina, não havia hesitação.
— Giovanni Bianchi era mais sujo do que Enzo sabe — Pietro disse, com voz rouca. — Ele matou meu irmão, tomou minha parte do império e mandou que eu sumisse ou me mataria. Você acha que Enzo é melhor? É igualzinho ao pai.
Valentina se inclinou, os olhos a centímetros dos dele.
— Enzo não é Giovanni. E é por isso que ele vai vencer. Eu vou garantir isso… nem que precise te ver apodrecer célula por célula.
Ela se levantou e saiu, deixando o homem sozinho na escuridão.
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Sala de Comando – Andar superior da mansão.
Lorenzo esperava. Quando Valentina entrou, ele ergueu uma sobrancelha.
— Está pronta?
— Totalmente — ela respondeu. — Enzo vai continuar investigando o passado do pai. Enquanto isso, eu vou assumir a frente da operação em Palermo.
— Você?
— Sim. Eu preciso mostrar a todos que sou mais do que a mulher do Don. Eu sou o perigo agora.
Lorenzo sorriu. Pela primeira vez, enxergava em Valentina não uma aliada. Mas uma verdadeira líder.
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Três dias depois – Palermo, 22h30.
Valentina chegou com quatro homens da confiança de Enzo. Estavam ali para recuperar um território tomado por uma gangue local, liderada por Rocco Fiorini, um ex-membro rebelde da máfia Bianchi.
Ela foi até o antigo cassino tomado por Rocco. Entrou como se fosse dona do lugar. Vestia preto da cabeça aos pés, uma pistola presa à coxa e um punhal na cintura.
Rocco estava no centro, cercado de homens armados. Quando a viu, deu um passo à frente, arrogante.
— Olha só… a mulher do Don veio brincar de chefe.
— Eu vim recuperar o que é nosso. E oferecer uma chance de sair vivo — ela respondeu, olhando diretamente nos olhos dele.
— Acha mesmo que eu vou obedecer uma ex-policialzinha?
Valentina deu um leve sorriso. Então, sem hesitar, sacou a arma e atirou no joelho esquerdo dele.
Rocco caiu de joelhos, gritando.
— EU FALEI QUE TINHA UMA CHANCE, NÃO DUAS.
O salão congelou. Os capangas de Rocco levantaram as mãos, rendidos.
Valentina caminhou até o homem caído e ajoelhou-se.
— Eu sou a mulher do Don. Mas também sou a nova chefe em Palermo. Quem não gostar, pode ser enterrado com você.
Ela se levantou e olhou em volta. A sala estava em silêncio.
— Vamos limpar esta cidade.
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Mais tarde, no hotel em Palermo.
Valentina tomava banho, o corpo coberto por arranhões e sangue seco. Enzo ligou por vídeo.
— Como foi? — ele perguntou, deitado na cama, sem camisa.
— Tomei Palermo — ela respondeu, passando a toalha pelo corpo. — E fiz Rocco gritar que eu era a nova chefe antes de desmaiar.
Enzo riu, orgulhoso.
— Você é inacreditável. Sabe disso, né?
— Fico ainda melhor quando volto pra casa. Com você.
Ele ficou em silêncio por um momento.
— Eu te amo, Valentina. Mesmo nesse mundo doentio… você é minha única certeza.
Ela olhou para a tela, com um sorriso sincero.
— Eu também te amo, Enzo. E agora... esse império é nosso.
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Cena final – Arquivos secretos de Giovanni Bianchi.
Na biblioteca da mansão, Enzo encontrou um cofre antigo. Dentro, um envelope com a inscrição: "Para Enzo, quando eu não estiver mais aqui."
Ele hesitou, depois abriu. Havia uma carta e uma foto antiga: Giovanni ao lado de Pietro… e de uma mulher. Na legenda: “Isabella Gallo. Amor e ruína.”
A mãe de Enzo?
Seu mundo girou.
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Atualizado até capítulo 36
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