Roma, 06h15 da manhã.
O ronco dos motores enchia o pátio da mansão Bianchi. Quatro carros pretos estavam prontos, alinhados como peças de xadrez prestes a se mover. Enzo vestia uma camisa preta de mangas dobradas, com o coldre preso sob o ombro. Seus olhos estavam afiados, cortantes. Ele não dormira. Não depois de saber que Nico, o motorista silencioso, havia vendido informações aos Conti.
Valentina surgiu logo atrás dele, vestindo calça jeans preta justa, jaqueta de couro e os cabelos presos num coque apertado. A ex-policial agora andava como uma líder da máfia: firme, fria e letal.
— Localizamos o sinal do celular dele — informou Lorenzo, aproximando-se com um tablet na mão. — Pegou a estrada para Nápoles. A última torre rastreada foi perto de Cassino. Se quis fugir do país, deve estar tentando cruzar pela costa.
— Não vai sair da Itália com vida — Enzo disse, olhando para Valentina. — Você dirige.
Ela assentiu, entrando no carro como quem entra num campo de guerra.
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Estrada Roma–Cassino, 08h20.
O asfalto parecia estalar sob os pneus enquanto Valentina dirigia a mais de 180 km/h. Enzo, no banco do carona, falava com Lorenzo pelo rádio.
— Ele está num Fiat prata, placa clonada. Tem apoio, provavelmente um carro cobrindo a traseira. Se o pegarmos, vamos espremer até o último fio de informação.
Valentina manteve os olhos na estrada. Não falou nada, mas dentro dela o sangue fervia. Nico tinha ganhado sua confiança. Tinha carregado suas malas, servido café, aberto portas. Tinha estado perto... demais. Como ela não percebeu?
De repente, o celular de Enzo vibrou. Uma notificação de trânsito: acidente próximo ao km 112 da estrada. Coincidência demais.
— É uma emboscada — ele murmurou. — Eles estão tentando ganhar tempo.
— Ou nos distrair — Valentina completou.
Ela acelerou ainda mais.
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Km 115, estrada secundária.
Foi Lorenzo quem os avisou:
— Mudança de rota! O carro foi visto entrando numa estrada de terra próxima ao vilarejo abandonado de San Pietro.
Valentina desviou sem hesitar, jogando o carro numa curva fechada, derrapando na terra seca. Poeira subia pelo ar, cobrindo o para-brisa.
Ao longe, o Fiat prata apareceu. Nico estava ao volante.
— É ele — Enzo disse. — Fecha por trás. Eu vou sair pelo lado.
— Pronto pra matar?
— Só se ele não falar.
O carro se aproximou em alta velocidade. Valentina buzinou duas vezes, e Nico tentou jogar o carro para a lateral, mas perdeu o controle e derrapou violentamente, batendo contra uma árvore.
Antes que ele pudesse sair, Enzo já estava fora do carro com a pistola apontada. Valentina seguiu atrás, com os olhos cheios de fúria.
Nico, com sangue no rosto e tremendo, levantou as mãos.
— Eu… não queria... eles me ameaçaram. Disseram que se eu não passasse informações, matariam minha irmã!
— Você não tem irmã — Valentina disse, com frieza. — Você inventou isso quando entrou aqui.
Ele gaguejou, sem saída.
— Eles me pagaram para rastrear os passos da Valentina. Saber quando ela dormia com o Don. Quando estava vulnerável. O plano era sequestrá-la. Usá-la como moeda.
Enzo deu um passo à frente e deu um soco seco no rosto de Nico, que caiu de joelhos no chão.
— Quem está por trás disso? Giulia?
— Sim... ela e… — Nico hesitou, engolindo seco. — E um dos aliados de Milão. Pietro Gallo. Ele também quer a cabeça de vocês. Disse que quer o trono. Está se aliando aos Conti por interesse.
Valentina trocou um olhar com Enzo.
— Então agora temos dois inimigos com a faca apontada para nós.
Enzo fez sinal para os seguranças.
— Levem o corpo dele. Morte rápida é misericórdia demais pra traidor.
— Não, espera! — Nico gritou, se arrastando. — Por favor! Eu posso dar mais nomes! Posso...
O som seco de um tiro interrompeu suas palavras.
Valentina, com a pistola ainda fumegante na mão, não mostrou arrependimento.
— Fim da linha.
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De volta à mansão, 13h40.
Valentina estava de pé, olhando pela janela do quarto. Seus pensamentos voavam enquanto processava tudo. Ela estava imersa num mundo onde a justiça era feita com as próprias mãos, onde não havia mais espaço para arrependimentos.
Enzo entrou, fechando a porta atrás de si. Em silêncio, se aproximou por trás e envolveu a cintura dela.
— Hoje... você se tornou a mulher mais perigosa da Itália — ele murmurou em seu ouvido.
Ela sorriu de leve.
— E você ama isso.
Ele virou-a de frente, colando os lábios nos dela com intensidade. A tensão da perseguição explodiu em forma de desejo. Valentina o puxou pela camisa, o jogando contra a parede do quarto.
As roupas foram arrancadas entre beijos quentes e toques famintos. Ela montou sobre ele no sofá, dominando, o corpo suado se chocando no ritmo acelerado da adrenalina ainda pulsando.
— Você é minha — ele arfou.
— Não, Enzo... — ela sussurrou no ouvido dele, mordendo o lóbulo. — Nós somos um do outro. Até o fim.
E quando o prazer os consumiu, foi como selar a união definitiva de dois monstros feitos de guerra, sangue e paixão.
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No final da noite, Valentina olhou para o teto, nua, coberta apenas pelos lençóis e pelo corpo de Enzo ao lado.
— Vamos à Milão — ela disse. — Vamos acabar com Pietro Gallo antes que ele acabe com a gente.
Enzo sorriu, satisfeito.
— Vamos começar uma guerra.
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Atualizado até capítulo 36
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