Milão, 02h46 da madrugada.
A cidade estava silenciosa, coberta por uma fina neblina que deixava os postes com um brilho fantasmal. Dentro de um Mercedes preto com os vidros escurecidos, Enzo e Valentina observavam um galpão afastado na zona industrial.
— Riccardo Vieri está lá dentro — sussurrou Lorenzo, pelo rádio. — Confirmado por uma escuta plantada por nosso informante. Ele se encontra com Giulia Conti daqui a quinze minutos.
Valentina ajeitou a pistola na cintura e colocou o capuz preto por cima dos cabelos soltos. Seus olhos estavam frios, calculistas. A policial que um dia ela fora já não existia. Agora, era uma mulher da máfia. Uma estrategista letal.
— Ele era seu aliado — ela comentou, encarando Enzo. — Por que traiu?
— Dinheiro. Medo. Talvez os dois. — Enzo apertou o punho. — Ele foi como um irmão. Agora vai cair como um inimigo.
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Os dois saíram do carro com precisão. Valentina andava com passos silenciosos, como um felino. Enzo ia logo atrás, com uma pistola equipada com silenciador. Lorenzo e mais dois homens davam cobertura.
Eles se posicionaram nos fundos do galpão, por onde Riccardo sempre entrava. A câmera escondida no poste próximo mostrou um carro se aproximando. Era ele.
Valentina encostou-se à parede, respirando fundo.
— Enzo… se der errado, você corre. Promete?
Ele a segurou pela nuca e a puxou para perto.
— Se der errado, eu morro com você. Não me peça pra te deixar.
O beijo que se seguiu foi rápido, desesperado, carregado de tensão. Era mais que paixão — era promessa.
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Riccardo entrou no galpão acompanhado de dois homens. Estava mais gordo do que nas últimas fotos. Terno cinza, olhar arrogante, e a maldita risada que Enzo conhecia bem.
— Giulia ainda não chegou? — perguntou ele, já abrindo uma garrafa de uísque.
Do alto de uma plataforma, Valentina o observava pela mira da arma. Um tiro. Só um.
Mas Enzo colocou a mão no ombro dela, sinalizando para esperar. Eles precisavam de informações.
Valentina desceu em silêncio até uma das colunas próximas. Conectou o gravador portátil em um microfone escondido na parede e escutou.
— A garota Romanelli é perigosa — dizia Riccardo. — Não podemos subestimar. Ela pensa como policial e age como criminosa. Está se tornando a maior ameaça à nossa expansão.
Valentina sorriu. Boa definição, pensou.
Mas então ouviu algo que fez seu estômago revirar.
— Já temos outro infiltrado na mansão Bianchi. E ele está bem perto de Enzo.
Ela olhou para Enzo, ainda posicionado. O sangue gelou em suas veias. Havia outro traidor. Mais próximo do que imaginavam.
Foi nesse momento que o plano mudou.
Valentina desceu a escada com passos rápidos e silenciosos, invadindo o galpão com a arma em punho. Riccardo arregalou os olhos ao vê-la surgir das sombras.
— Ora, ora... a donzela virou lobo — ele debochou.
Enzo surgiu logo atrás, apontando a arma para os dois seguranças dele.
— Fim da linha, Riccardo.
— Se me matarem, a guerra começa amanhã — ele disse, sorrindo. — E vocês sabem disso.
Valentina se aproximou, colando o cano da pistola na testa dele.
— E se eu deixar você vivo, vou ouvir sua voz quando outro dos meus for morto. Prefiro começar a guerra... do que assistir à morte dos meus em silêncio.
Ela puxou o gatilho.
O tiro ecoou pelo galpão e Riccardo caiu, o corpo inerte manchando o chão de sangue.
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No carro, voltando para Roma, o silêncio entre Enzo e Valentina era denso, até que ele parou o carro no acostamento de uma estrada deserta. Sem dizer nada, tirou o cinto e foi até o lado dela, abrindo a porta e puxando-a com força.
— Você foi brilhante lá dentro — murmurou, antes de beijá-la com fome.
Valentina retribuiu com a mesma intensidade, empurrando-o contra o carro. As mãos dele deslizaram sob sua blusa, e os corpos se chocaram com urgência.
— Aqui? — ela sussurrou entre beijos.
— Depois de te ver daquele jeito... — ele ofegou — eu não consigo esperar.
Ela subiu no colo dele dentro do carro, os movimentos rápidos, cheios de desejo e tensão acumulada. O vidro embaçou com o calor dos corpos. Gritos abafados, roupas jogadas no banco de trás, e um momento de pura entrega entre dois criminosos apaixonados.
Ali, no meio do nada, entre respirações ofegantes e prazer desenfreado, eles selavam um novo pacto: viveriam e matariam lado a lado.
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Na madrugada seguinte, Valentina convocou uma reunião com os mais leais aliados de Enzo.
— Temos um traidor dentro da mansão. E ele vai ser descoberto. Mesmo que eu tenha que olhar nos olhos de cada um de vocês.
Ela não era mais apenas parte da máfia.
Ela era a máfia.
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Atualizado até capítulo 36
Comments
Maria Silva
ela tá sendo mais esperta que o próprio Enzo o Don
2025-04-11
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