Valentina despertou no meio da madrugada com o corpo ainda envolto nos lençóis amarrotados e na pele de Enzo. O quarto estava na penumbra, iluminado apenas pela luz suave da cidade que entrava pelas janelas amplas.
Ele dormia ao seu lado, completamente nu, a respiração tranquila, uma das mãos repousando sobre sua cintura, como se mesmo adormecido, quisesse mantê-la perto. Ela, por outro lado, estava acordada. O coração pesava como chumbo.
Naquela noite, não houve apenas sexo — houve conexão. Beijos mais longos. Olhares mais intensos. Palavras sussurradas que não deveriam existir entre inimigos.
Ela deslizou para fora da cama com cuidado e vestiu uma camisa dele, ainda cheirando a uísque e perfume amadeirado. Pegou o celular escondido entre seus pertences e se trancou no banheiro.
Havia uma única mensagem nova de um número criptografado.
> "Valentina, temos escutas. Sabemos que você está se envolvendo com o alvo. Isso pode comprometer toda a operação."
Seu estômago virou. A equipe da polícia estava monitorando. Sabiam que ela estava cruzando os limites da missão.
Mas ela não conseguia parar.
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Na manhã seguinte, sentada na enorme varanda do apartamento de cobertura, Valentina observava Roma despertar. O cheiro do café fresco invadia o ar, e Enzo surgia atrás dela com uma xícara em mãos.
— Dormiu bem? — ele perguntou, com aquele sorriso que parecia perigoso e sincero ao mesmo tempo.
Ela pegou a xícara, agradecendo com um olhar tenso.
— O bastante para lembrar que estou num jogo perigoso.
— Você tem medo de mim? — ele perguntou, puxando uma cadeira ao lado dela, ainda só com uma calça de moletom baixa nos quadris, revelando os músculos definidos e a tatuagem que descia pela costela.
— Eu deveria — ela disse, encarando-o.
Enzo inclinou-se para ela, os olhos fixos nos seus.
— Então por que ainda está aqui?
Valentina não respondeu. Em vez disso, segurou o rosto dele e o beijou. Foi um beijo desesperado, cheio de angústia e desejo. Quando os lábios se separaram, ela sussurrou:
— Porque quando estou com você, nada mais parece importar.
Ele a puxou para o colo, os corpos colando como ímãs. As mãos dele estavam em todo lugar — no pescoço, nas costas, sob a camisa que era dele.
— Você é uma maldição, Valentina — ele disse contra a pele dela. — E eu estou feliz por estar condenado.
Ela gemeu baixo, sentindo-se derreter em seu colo quando ele a pressionou contra si. Em poucos segundos, a camisa foi aberta, revelando seus seios. Ele os acariciou com adoração e fome, sugando cada um com força e precisão, enquanto ela se agarrava aos ombros dele.
Ali, naquele terraço, ao nascer do sol, ela se entregou de novo.
Mas algo a corroía por dentro.
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Mais tarde, enquanto Enzo saía para uma reunião com os irmãos da máfia, Valentina não resistiu. Invadiu discretamente o escritório dele, vasculhando gavetas e documentos com o coração aos saltos. Precisava fazer aquilo. Precisava saber se ele a estava enganando também.
E foi então que viu.
Em uma pasta de couro estavam fotos suas, tiradas antes mesmo dela assumir a missão. Imagens de quando ainda era apenas uma agente comum, saindo do quartel, almoçando com colegas. E, junto delas, um dossiê… com todos os seus dados reais.
Seu sangue gelou.
— Ele sempre soube…
A mão trêmula segurava os papéis. Enzo não era burro. Ele havia permitido sua aproximação mesmo sabendo quem ela era.
O que ele queria, então?
Amor? Submissão? Ou estava jogando um jogo mais perigoso que o dela?
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Quando ele voltou, ela já estava vestida, parada no meio da sala com o dossiê nas mãos. Os olhos brilhando de decepção e fúria contida.
— Você sabia… — ela disse, sem rodeios.
Enzo parou à porta, encarando-a com seriedade.
— Sabia. Desde o primeiro dia.
— Então por que me deixou entrar?
Ele se aproximou devagar, os olhos escuros como noite.
— Porque algo em você me fez querer quebrar as regras. Até mesmo as minhas. Você era um risco… e eu quis correr.
Ela engoliu seco. As mãos ainda tremiam.
— Isso não muda o fato de que você é o Don da máfia. E eu sou uma policial.
— Então me prenda — ele desafiou, abrindo os braços. — Me algeme agora, Valentina.
Ela não se moveu.
Porque, no fundo, já estava algemada ao desejo que sentia por ele. À ligação que, inexplicavelmente, a fazia querer ficar.
— Eu devia te odiar — ela disse.
— E eu devia ter te matado.
Mas nenhum dos dois o fez.
Em vez disso, se encararam. Dois mundos em colisão. Dois corações, batendo no mesmo ritmo perigoso.
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Atualizado até capítulo 36
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