Verdades e Mentiras

A noite estava mais fria do que o normal. Helena observava Lorenzo do lado de fora da mansão, sua postura rígida enquanto ele olhava para o horizonte, perdido em pensamentos. A traição de Alberto tinha sido um golpe duro, mas Lorenzo nunca deixava transparecer fraqueza.

— Você está bem? — Helena perguntou, aproximando-se.

Ele virou-se para ela, seus olhos escuros carregados de algo que ela não conseguia decifrar.

— Estou acostumado com traições, Helena. Isso não me surpreende mais.

— Mas ainda dói — ela retrucou.

Lorenzo não respondeu de imediato. Em vez disso, puxou um cigarro, acendeu e deu uma longa tragada antes de soltar a fumaça no ar.

— O problema não é a traição. É o que vem depois.

Helena franziu a testa.

— O que vem depois?

Ele olhou para ela com um meio sorriso sombrio.

— A retaliação.

A resposta dele fez um arrepio percorrer a espinha de Helena. Sabia que Lorenzo não deixaria isso passar impune. Mas até onde ele iria?

A Preparação para a Guerra

Na manhã seguinte, a mansão estava movimentada. Marco reunia informações, Chiara organizava reforços, e Lorenzo já traçava um plano.

— Quem mais sabia sobre os negócios de Alberto? — Lorenzo perguntou, sua voz firme.

— Ele tinha contato com um dos grupos de Rinaldi — Marco respondeu. — Mas ainda não sabemos até onde vai essa conexão.

Helena observava a troca de informações, absorvendo cada detalhe. Agora, fazia parte daquele mundo, e não poderia se dar ao luxo de ser apenas uma espectadora.

— Se há mais traidores, precisamos descobrir rápido — ela disse. — E acabar com isso antes que seja tarde demais.

Lorenzo a olhou, surpreso com sua determinação. Um pequeno sorriso surgiu no canto de seus lábios.

— Está começando a pensar como uma Ferraro.

Helena não sabia dizer se isso era bom ou ruim.

A Reunião Secreta

Dois dias depois, Lorenzo conseguiu um encontro com um dos homens de Rinaldi. O local escolhido foi um galpão abandonado nos arredores de Palermo.

Helena insistiu em ir com ele, mas Lorenzo recusou.

— Isso é perigoso demais.

— Desde quando você decide o que é perigoso para mim? — ela rebateu. — Estou nisso tanto quanto você.

Lorenzo suspirou, sabendo que discutir seria inútil.

— Fique perto de mim o tempo todo. Se algo der errado, corra.

Eles chegaram ao local pouco antes da meia-noite. Três carros já estavam estacionados ali, e um grupo de homens esperava por eles.

O líder, um homem robusto e de olhar calculista, ergueu a cabeça ao ver Lorenzo se aproximar.

— Ferraro. Pensei que não fosse aparecer.

— Eu nunca recuso um convite quando o assunto me interessa — Lorenzo respondeu, cruzando os braços.

Helena sentiu a tensão no ar. Algo estava errado.

— Por que nos chamou aqui? — Lorenzo continuou.

O homem sorriu.

— Porque há algo que você precisa saber.

Então, antes que Lorenzo pudesse reagir, tiros ecoaram pelo galpão.

O Caos e a Revelação

Helena foi puxada para trás por Lorenzo enquanto os disparos cortavam o ar. Marco e Chiara revidavam, mas estavam em menor número.

— Merda, é uma armadilha! — Marco gritou.

Lorenzo puxou Helena para trás de uma pilha de caixas.

— Fique abaixada!

Helena segurava sua arma com força, sentindo o coração disparado. O barulho de tiros e gritos era ensurdecedor.

Foi quando viu algo que a fez congelar.

No meio da confusão, um dos homens que atacava usava um casaco escuro com um emblema que ela reconhecia.

— Lorenzo… — ela murmurou, puxando-o pelo braço.

Ele seguiu seu olhar e viu o homem. Por um segundo, sua expressão se transformou em puro choque.

— Não pode ser…

O homem percebeu que havia sido notado e tentou correr. Mas Lorenzo foi mais rápido.

Um disparo. O corpo do traidor caiu no chão.

Lorenzo se aproximou, puxando o capuz do homem.

O ar pareceu ser sugado do ambiente quando reconheceram o rosto.

Era Roberto, um dos capangas mais antigos da família Ferraro.

— Isso não faz sentido… — Chiara murmurou, abaixando a arma.

Lorenzo cerrou os punhos.

— Faz, sim. Rinaldi não quer apenas o poder. Ele quer destruir tudo o que construímos. E está usando nossos próprios homens para isso.

Helena sentiu um calafrio.

— Isso significa que há mais infiltrados…

Lorenzo assentiu.

— E significa que essa guerra está longe de acabar.

A batalha que Lorenzo tentava evitar estava prestes a explodir. E, dessa vez, não haveria mais espaço para negociações.

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