O Cerco Final

O estampido dos tiros ecoou pelo armazém, fazendo Helena se encolher instintivamente atrás de uma pilha de caixas. O coração dela martelava no peito, enquanto Lorenzo puxava sua arma e se posicionava para revidar. Marco e Chiara rapidamente buscaram cobertura, prontos para o combate.

— Fiquem abaixados! — Lorenzo ordenou, mirando na direção dos atacantes.

Helena espiou por entre as caixas e viu homens encapuzados se movendo com precisão. Eles não estavam ali por acaso. Alguém sabia que viriam.

— Droga, fomos seguidos! — Marco rosnou, disparando contra um dos agressores.

O pai de Helena se arrastou até ela, sua respiração pesada.

— Filha, você precisa sair daqui. Eles não vão parar até me pegarem.

— Não vou deixar você! — ela retrucou, sua voz carregada de desespero.

Lorenzo, ainda trocando tiros, olhou para os dois.

— Não temos tempo para discussões! Precisamos nos mover!

Chiara sinalizou para uma saída lateral.

— Podemos escapar por ali, mas precisamos de cobertura.

Lorenzo assentiu.

— Marco, me cubra! Eu vou levar Helena e o pai dela para fora.

Os disparos continuavam, e a adrenalina queimava no sangue de Helena. Com Lorenzo à frente, eles começaram a se mover entre as sombras do armazém. Helena sentia o suor escorrer pela testa, seus músculos rígidos de tensão.

Quando estavam próximos da saída, um dos capangas inimigos surgiu do nada e agarrou Helena pelo braço.

— Não tão rápido, princesinha.

Ela tentou se soltar, mas ele era forte. Antes que pudesse gritar, Lorenzo girou e disparou um tiro certeiro na cabeça do homem. O corpo dele caiu com um baque surdo no chão.

— Você está bem? — Lorenzo perguntou, segurando-a pelos ombros.

Helena apenas assentiu, seu corpo tremendo.

Eles finalmente alcançaram a saída. Marco e Chiara davam cobertura, enquanto corriam para os carros estacionados do lado de fora.

— Entrem no carro! — Marco gritou.

Todos se lançaram para dentro dos veículos. Lorenzo acelerou, derrapando nas ruas escuras de Milão enquanto tiros zuniam ao redor.

Helena olhou para trás e viu dois carros perseguindo-os.

— Eles não vão desistir!

— Então vamos dar um fim nisso! — Lorenzo retrucou, pegando sua arma e entregando outra para Marco.

Marco abriu a janela e começou a disparar contra os perseguidores. O primeiro carro foi atingido no pneu e capotou violentamente, fazendo o segundo desviar bruscamente.

— Isso vai nos dar tempo — Chiara disse, olhando pelo espelho retrovisor.

Lorenzo não reduziu a velocidade até terem certeza de que estavam seguros. Só então, ele respirou fundo e olhou para Helena.

— Acabou. Estamos longe agora.

Mas Helena sabia que aquilo estava longe de acabar.

Eles precisavam de respostas.

E seu pai era o único que podia fornecê-las.

Revelações e Traições

A tensão no carro era palpável. O pai de Helena olhava pela janela, evitando contato visual. Lorenzo dirigia em silêncio, seu rosto sério e calculista. Finalmente, Helena quebrou o silêncio.

— Você nos deve explicações, pai.

Ele suspirou, passando a mão pelo rosto cansado.

— Eu nunca quis que você se envolvesse nisso, Helena.

— Mas eu estou envolvida. Então, comece a falar.

Lorenzo lançou um olhar rápido pelo retrovisor.

— Conte tudo, antes que eu perca o pouco da paciência que me resta.

O pai de Helena respirou fundo antes de começar.

— Eu trabalhava para Salvatore há anos. Eu sabia de tudo: negócios, transações, contatos. Mas então, percebi que Salvatore não era tão confiável quanto parecia. Ele começou a negociar com Moretti, traindo Lorenzo e sua família. Eu tentei sair, tentei avisar os Ferraro, mas fui descoberto. Foi quando fugi, levando o máximo de informações que pude.

Helena sentiu o estômago revirar.

— Então… você realmente roubou deles?

— Não foi roubo. Foi sobrevivência.

Lorenzo cerrou a mandíbula.

— E por sua causa, Helena foi arrastada para isso.

O pai dela abaixou a cabeça.

— Eu sei. E me arrependo todos os dias.

O carro parou em frente à mansão. Lorenzo saiu primeiro, sem dizer uma palavra. Helena o seguiu, sentindo o peso de tudo aquilo em seus ombros.

Naquela noite, ela não conseguiu dormir. Seu mundo havia mudado para sempre.

E agora, ela precisava decidir em quem realmente confiar.

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