Helena entrou na mansão atrás de Lorenzo, sentindo o peso do silêncio ao seu redor. Seu coração ainda estava acelerado após o que havia presenciado no galpão. Não sabia o que era pior: o medo do que Lorenzo era capaz ou a curiosidade crescente sobre ele.
Ele caminhou até o bar da sala, servindo-se de uísque.
— Você quer beber algo? — perguntou, sem olhá-la.
— Não. Quero respostas.
Lorenzo sorriu de canto e tomou um gole da bebida antes de se virar para ela.
— Pergunte.
Helena cruzou os braços, tentando manter a voz firme.
— O que realmente quer de mim? Você já se vingou do meu pai ao me trazer para cá. Por que continua me mantendo presa?
Lorenzo pousou o copo sobre a mesa e caminhou lentamente até ela. Parou a poucos centímetros, seu olhar intenso cravado no dela.
— Porque sua presença me intriga. Você é diferente.
Helena não desviou o olhar, mesmo sentindo seu coração disparar.
— Isso não é motivo suficiente para me manter aqui.
— Talvez seja para mim.
O silêncio entre eles ficou denso, carregado de algo que Helena não queria nomear. Ela odiava a forma como seu corpo reagia à proximidade dele.
— Eu nunca vou me acostumar com isso — ela sussurrou.
Lorenzo sorriu, um sorriso cheio de segredos.
— Não tenha tanta certeza.
Antes que ela pudesse responder, Marco entrou na sala, interrompendo o momento.
— Lorenzo, temos um problema.
O semblante dele se fechou.
— O que foi?
— Encontramos outro infiltrado. Ele estava vigiando a propriedade.
Helena prendeu a respiração. O que aquilo significava?
Lorenzo olhou para ela por um instante antes de se virar para Marco.
— Leve-me até ele.
Ele passou por Helena sem dizer mais nada, deixando-a sozinha na sala. Mas, dessa vez, ela não queria ficar para trás.
Contra todo o bom senso, decidiu segui-los.
Helena caminhou silenciosamente pelos corredores, mantendo uma distância segura. Seu coração martelava no peito enquanto observava Lorenzo e Marco se dirigirem ao porão da mansão. Ela não fazia ideia do que encontraria lá, mas precisava descobrir.
Ao descer os degraus gelados, viu um homem amarrado a uma cadeira. Ele estava ferido, seu rosto coberto de hematomas.
— Quem enviou você? — Lorenzo perguntou, sua voz baixa, mas carregada de ameaça.
O homem cuspiu sangue no chão e soltou uma risada fraca.
— Você já sabe a resposta.
Lorenzo cerrou os punhos, e Marco avançou, segurando o infiltrado pelo colarinho.
— Fale antes que seja tarde demais.
Helena engoliu em seco. Pela primeira vez, percebeu que estava envolvida em algo muito maior do que imaginava.
O homem riu novamente, dessa vez mais fraco. Seu olhar encontrou o de Helena, e por um instante, um arrepio percorreu sua espinha.
— Você... não faz ideia do que está acontecendo, não é? — ele murmurou.
Helena hesitou.
— Do que ele está falando? — ela perguntou, encarando Lorenzo.
Lorenzo não respondeu imediatamente. Seus olhos se fixaram no prisioneiro, analisando cada detalhe.
— Eu não gosto de enigmas — Lorenzo disse, sua paciência se esgotando. — Quem mandou você?
O homem suspirou, balançando a cabeça.
— Acha que seu domínio vai durar para sempre? As sombras estão se movendo, Ferraro. E sua querida convidada aí... — Ele olhou para Helena com um sorriso torto. — É a peça-chave para sua queda.
O estômago de Helena se revirou. Ela sentiu Lorenzo se enrijecer ao seu lado.
— Chega — Lorenzo rosnou. Ele fez um sinal para Marco, que acertou um soco forte no infiltrado, fazendo-o gemer de dor.
— Espere! — Helena interveio, segurando o braço de Lorenzo.
Ele a olhou, sua expressão dura.
— Você não quer saber o que ele quis dizer? — ela perguntou, sua voz trêmula.
Lorenzo cerrou a mandíbula. Havia algo naquele aviso que o incomodava mais do que queria admitir.
Ele respirou fundo e voltou sua atenção ao homem amarrado.
— Explique-se. Agora.
O infiltrado riu baixinho, cuspindo mais sangue.
— Você já sabe. Só não quer admitir.
Helena viu Lorenzo cerrar os punhos. Algo naquela conversa o afetava mais do que ele demonstrava.
E, pela primeira vez, Helena percebeu que talvez Lorenzo também estivesse a lutar contra algo maior do que ela imaginava.
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Atualizado até capítulo 29
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