Entre o Amor e a Vingança

A mansão estava silenciosa, mas a mente de Helena era um turbilhão. As revelações de seu pai haviam mudado tudo. Agora, sabia que Lorenzo e sua família haviam sido traídos, e que seu próprio sangue estava no centro daquela guerra.

Ela desceu as escadas, encontrando Lorenzo no escritório, um copo de uísque na mão. Seu olhar estava perdido na lareira acesa, mas ele percebeu sua presença antes mesmo que ela falasse.

— Não consegue dormir? — ele perguntou, sem se virar.

Helena se aproximou, cruzando os braços.

— Como poderia? Tudo o que eu achava que sabia era uma mentira.

Lorenzo finalmente a olhou, seus olhos escuros analisando cada traço de seu rosto.

— E agora? O que pretende fazer?

Helena suspirou, sentando-se na poltrona à frente dele.

— Eu não sei. Mas sei que não posso simplesmente ignorar o que aconteceu.

Lorenzo bebeu um gole do uísque antes de se levantar e caminhar até ela.

— O que quer, Helena? Vingança? Justiça? Ou simplesmente a verdade?

Ela mordeu o lábio, sentindo um peso enorme sobre seus ombros.

— Quero proteger quem eu amo. Mas não sei mais quem são meus aliados.

Lorenzo se abaixou diante dela, segurando seu queixo com delicadeza.

— Eu sou seu aliado. Sempre fui.

Helena sentiu o coração acelerar. Desde que havia sido arrastada para aquele mundo, Lorenzo era a única constante, a única pessoa que, apesar de tudo, nunca a deixou sozinha.

Ela engoliu em seco.

— Você ainda quer vingança pelo que meu pai fez?

Lorenzo hesitou por um instante antes de responder.

— Eu quero que os responsáveis paguem. Mas não sou um monstro, Helena.

O silêncio pairou entre eles, carregado de promessas não ditas. Então, antes que pudesse pensar, Helena se inclinou e o beijou.

Lorenzo a segurou pela cintura, aprofundando o beijo com intensidade. Ali, naquele momento, não havia guerra, traição ou vingança. Apenas os dois.

Mas o mundo real não esperaria por eles.

Um toque no telefone de Lorenzo quebrou o momento. Ele atendeu, seu semblante mudando imediatamente.

— O quê? Quando?

Helena sentiu um frio na espinha ao vê-lo tão tenso.

— O que aconteceu?

Lorenzo desligou o telefone, sua expressão dura como pedra.

— Salvatore fugiu.

Helena sentiu o sangue gelar. Aquilo não havia acabado.

Na verdade, estava apenas começando.

A Caçada Começa

Lorenzo virou-se para Marco e Chiara, que já haviam entrado no escritório, alertados pelo telefonema.

— Como isso aconteceu? — sua voz era fria, mas carregada de fúria contida.

Marco limpou a garganta.

— Parece que ele tinha homens infiltrados na prisão. Conseguiram libertá-lo antes da transferência para a penitenciária de segurança máxima.

Lorenzo apertou o copo em sua mão até os nós dos dedos ficarem brancos.

— Isso significa que ele já tem um plano. E nós estamos na lista dele.

Helena sentiu um arrepio.

— O que fazemos agora?

Lorenzo encontrou seu olhar, seu semblante endurecendo.

— Nós o caçamos antes que ele nos encontre.

Chiara pegou um tablet e começou a acessar arquivos confidenciais.

— Se ele fugiu, vai precisar de dinheiro e abrigo. Posso rastrear qualquer movimentação bancária suspeita.

— Faça isso — Lorenzo disse. — Marco, entre em contato com nossos informantes. Quero saber onde Salvatore está antes que ele sequer tenha tempo de respirar.

Marco assentiu e saiu da sala. Chiara permaneceu concentrada, digitando rapidamente.

Helena observava tudo, sentindo a adrenalina correr em suas veias.

— Quero ajudar.

Lorenzo arqueou a sobrancelha.

— Não vou te envolver nisso.

— Já estou envolvida! — ela retrucou, aproximando-se. — Não vou me esconder enquanto vocês lidam com tudo.

Lorenzo suspirou, passando a mão pelos cabelos.

— Está disposta a cruzar essa linha, Helena? Se me ajudar a pegar Salvatore, não há volta.

Ela encontrou seus olhos, determinada.

— Eu já cruzei essa linha quando fui arrancada da minha vida. Agora, eu escolho lutar.

Lorenzo a encarou por um longo momento antes de finalmente assentir.

— Então, vamos acabar com isso. Juntos.