Meu rosto ardia em brasa, consumido pela vergonha, mas permaneci imóvel, lutando contra o instinto de recuar. Os dedos de Dante deslizaram com delicadeza sobre minha costela, explorando a região machucada com um toque cauteloso. A dor, antes lancinante, havia se suavizado, embora a área ainda estivesse sensível ao menor contato.
Quando ele pressionou com mais firmeza, um grunhido escapou involuntariamente dos meus lábios. Meu corpo enrijeceu, e meus olhos encontraram os dele no mesmo instante. Dante franziu o cenho, a culpa estampada em sua expressão, e murmurou:
— Desculpe!
Então ele começou a analisar outros machucados que eu tinha pelo corpo. Seu olhar era atento, analisando os hematomas que, aos poucos, começavam a desaparecer. O tempo havia passado mais rápido do que eu percebera—já fazia uma semana desde que acordei nessa casa.
Não conversávamos muito. Porém silêncio entre nós não era desconfortável. Apesar disso, sua gentileza nunca vacilou. Ele sempre me trazia comida sem que eu precisasse pedir, trocava meus curativos e nunca demonstrava impaciência ou irritação.
Observando-o de perto, percebia o quanto ele parecia imerso em seus próprios pensamentos. Seu olhar distante e sua expressão séria o tornavam um mistério difícil de decifrar. Às vezes, eu me pegava querendo saber o que se passava em sua mente. O que ele pensava ao cuidar de alguém como eu? Por que continuava me ajudando sem esperar nada em troca?
Mas Dante era um enigma, e, por mais que eu tentasse, ainda não conseguia entender o que havia por trás daquele olhar profundo e silencioso. Ele terminou de ajeitar os curativos com a mesma precisão cuidadosa de sempre, então quebrou o silêncio:
— Estava pensando... — Ele começou, a voz soando hesitante. — Tem um quarto extra lá em cima. Na verdade, só uso como depósito, mas seria interessante arrumá-lo para você.
Franzi o cenho, sem entender bem a sugestão. Meus olhos buscaram os dele, confusos, e Dante, percebendo minha reação, apressou-se em explicar:
— Acho que você precisa de mais algumas semanas para se recuperar. Pelo que vejo, seu processo de cura está mais lento do que o normal... — Ele fez uma breve pausa, como se escolhesse bem as palavras antes de continuar. — Só achei que seria bom você ter um lugar mais confortável para descansar.
Minha recuperação estava lenta porque minha mana estava perigosamente baixa. A escassez de energia tornava cada progresso exaustivamente lento. Além disso, estar longe de Orinthar apenas agravava a situação—sem a conexão com Aurelith, restaurar minha mana tornava-se impossível.
— Assim que eu voltar, começarei a organizar o quarto para você — ele disse, levantando-se com naturalidade.
Meu corpo enrijeceu instantaneamente.
— Voltar? — Minha voz saiu mais tensa do que eu gostaria, traindo a inquietação que crescia dentro de mim.
— Sim, preciso resolver algumas coisas — respondeu, tentando parecer casual, mas havia algo em seu tom que me deixou ainda mais alerta.
— Que tipo de coisas? — insisti, sentindo um nó se formar em meu estômago.
Ele hesitou por um instante, e esse breve silêncio foi o suficiente para minha mente começar a girar com possibilidades.
— Apenas assuntos que não podem esperar — disse enfim, desviando o olhar. — Não demorarei.
E, sem mais explicações, seguiu até a porta e saiu.
A curiosidade me impulsionou a me levantar. Caminhei até a janela, afastando levemente a cortina, e o observei à distância. Ele caminhava com passos firmes até sua montaria, um cavalo forte e bem tratado, de pelagem azul que relinchou levemente ao vê-lo se aproximar. Dante montou com facilidade e, sem hesitação, cavalgou para longe, sumindo pela estrada de terra que levava à cidade.
Será que ele tinha saído para procurar alguém que pudesse me comprar? A ideia fez meu estômago revirar. Era sempre assim—primeiro, a gentileza, as palavras suaves, a falsa sensação de segurança. Depois, a traição, a dor lancinante enquanto arrancavam nossas asas como se não fôssemos nada além de mercadoria. O pânico subiu como uma onda gelada, arrepiando minha pele. Eu precisava sair dali. Agora. Antes que ele voltasse com os compradores e minha chance de fuga desaparecesse para sempre.
Subi as escadas o mais rápido que meu corpo enfraquecido permitia, sentindo a dor latejar em cada movimento. Assim que alcancei o andar de cima, empurrei a primeira porta que encontrei, bem em frente à escada. Era um cômodo abarrotado de entulhos. Caixas empoeiradas se empilhavam pelos cantos, algumas tão velhas que pareciam intocadas há anos. O ar era denso, carregado com o cheiro de madeira velha e poeira acumulada. Assim que dei um passo para dentro, um espirro escapou antes que eu pudesse evitar, fazendo pequenas partículas de poeira dançarem sob a luz que entrava pelas frestas da janela. Cocei o nariz e saí rapidamente, fechando a porta atrás de mim.
Segui pelo corredor até encontrar outra porta entreaberta. Empurrei-a com cautela e me deparei com um lavabo. Diferente do quarto anterior, este ambiente era limpo e organizado. Uma grande banheira de ferro fundido ocupava boa parte do espaço, e nas prateleiras próximas repousavam frascos com óleos e ervas aromáticas. O ambiente possuía um cheiro leve de lavanda e algo cítrico, trazendo uma sensação de frescor.
Finalmente, cheguei à última porta. Respirei fundo antes de empurrá-la com cuidado, sentindo a madeira ranger suavemente sob meu toque. O quarto de Dante era simples, mas bem organizado. A grande janela ao fundo deixava a luz do sol iluminar a cama arrumada, coberta por um tecido de tons neutros. No canto, um armário de madeira escura guardava suas roupas, algumas das quais estavam jogadas descuidadamente sobre uma cadeira próxima. Ao lado da cama, uma mesa de cabeceira sustentava uma pilha de livros, uns sobrepostos aos outros, como se estivessem sendo lidos simultaneamente.
Comecei a vasculhar o armário com urgência, meus dedos passando apressados pelos objetos esquecidos, em busca de uma mochila ou qualquer coisa que me ajudasse a carregar suprimentos. Após alguns instantes, meus olhos encontraram um embornal jogado em um dos cantos. Peguei-o rapidamente, sacudindo a poeira acumulada e avaliando sua resistência. Não era grande coisa, mas serviria.
Sem perder tempo, fui até mesa de cabeceira. Comecei a abrir as gavetas, vasculhando seu interior em busca de algo útil—uma adaga, uma faca, qualquer coisa que pudesse servir como arma. Meus dedos encontraram apenas papéis amarelados, penas antigas e frascos vazios, até que, na última gaveta, algo me chamou a atenção.
Era uma pequena caixa de madeira envernizada, bem trabalhada, com entalhes delicados que o tempo não conseguira apagar. A poeira acumulada sobre a tampa indicava que estava ali há muito tempo, esquecida. Curiosa, a peguei e, com cuidado, levantei a tampa. No mesmo instante, meus olhos se arregalaram.
Ali, repousando sobre um forro de veludo escuro, estava um colar magnífico. Sua corrente prateada era fina e delicadamente trabalhada, refletindo a luz com um brilho sutil. Mas o que realmente chamava atenção era o pingente. Uma pedra azul perfeitamente polida, no formato de uma gota, grande o suficiente para caber na palma da minha mão. Seu brilho hipnotizante denunciava que aquilo não era uma simples bijuteria—era uma joia de verdade.
Por um instante, cogitei pegar a joia e vendê-la. Com certeza, valeria uma pequena fortuna e poderia garantir minha sobrevivência por um bom tempo. Meus dedos roçaram a corrente fria, e a ideia pesou em minha mente. Mas, por alguma razão, não consegui fazê-lo. Um nó se formou em meu peito, uma sensação incômoda que não consegui ignorar. Eu já estava prestes a pegar suprimentos para minha fuga, mas roubar aquela joia… Isso me tornaria tão repulsiva quanto os humanos que eu desprezava. Respirei fundo e fechei a caixa, recolocando-a no lugar como se nunca tivesse sido tocada.
Sem olhar para trás, desci as escadas e segui até a cozinha. Comecei a vasculhar os armários, à procura de alimentos que durassem o suficiente para me sustentar na estrada. Meus olhos percorreram os rótulos rabiscados e os ingredientes desconhecidos espalhados ali. Alguns pareciam ervas secas, outros pós coloridos e substâncias viscosas de origem duvidosa. Foi então que notei uma fileira de pequenos frascos contendo um líquido espesso e turvo. Peguei um deles e retirei a tampa, levando-o ao nariz com cautela. No mesmo instante, franzi o rosto e me afastei com uma careta. O cheiro era forte e desagradável, uma mistura de ervas mal fermentadas e algo que lembrava ferrugem.
— Credo... — murmurei, tampando rapidamente o frasco.
Se Dante era um alquimista, certamente não era dos melhores. Ou talvez estivesse apenas experimentando novas combinações, porque o líquido esverdeado e turvo dentro dos frascos definitivamente não parecia uma poção bem-feita. Franzi o cenho, desviando o olhar das substâncias suspeitas sobre a bancada e voltando minha atenção para os armários superiores.
Abri uma das portas de madeira rangente e, para minha sorte, encontrei alguns pães e biscoitos ainda em bom estado. Havia também uma grande quantidade de grãos armazenados, mas nada que eu pudesse carregar com facilidade. Peguei o que parecia mais prático para uma viagem rápida e coloquei tudo sobre um pano, improvisando uma trouxa ao amarrá-lo firmemente. Com cuidado, encaixei o embrulho dentro do embornal.
Peguei uma faca de uma das gavetas, não era tão eficaz quanto uma adaga, mas serviria bem o suficiente para me defender, caso fosse necessário. Coloquei meu manto sobre os ombros, sentindo a leve dor que percorreu minha costela com o movimento, uma lembrança do desgaste de meu corpo. Arfei, tentando ignorar a sensação e me recompor. Com o manto ajustado, saí da casa, e, assim que pisei no quintal, o frio cortante me envolveu. Meu corpo inteiro se arrepiou. Ignorando a sensação gélida, comecei a me afastar da casa.
Porém, algo me fez parar. Uma sensação, um impulso, talvez. Olhei para trás, lançando um rápido olhar sobre o ombro. Cada detalhe da casa rústica de madeira se apresentou diante de mim: o telhado simples, as paredes gastas pelo tempo, os janelões empoeirados, tudo aquilo que fora meu abrigo nos últimos dias. Por um momento, cogitei voltar. Mas logo sacudi a cabeça, espantando o pensamento. Não podia me dar ao luxo de arriscar. Cair nas mãos de saqueadores seria ainda pior do que enfrentar o frio ou a solidão. Respirei fundo e, com um último olhar para trás, continuei meu caminho.
Foi então que algo chamou minha atenção. Flocos brancos começaram a cair suavemente. A cena era tão estranha e quase mágica. Neve? Era neve! As pequenas partículas flutuavam no ar, cobrindo suavemente o solo e transformando a paisagem em um cenário de inverno.
Nunca nevava em Aurelith. Orinthar, nossa árvore sagrada, nos presenteava com um clima mais agradável o ano inteiro, tornando o frio uma raridade para nós, Elunaris. Fiquei ali por um tempo, olhando para cima, observando os flocos de neve caírem lentamente sobre meu rosto. A sensação de frio era intensa, mas de alguma forma agradável, uma novidade para mim. No entanto, logo fui interrompida pelo som do galope de um cavalo se aproximando. Era Dante. Assim que me viu, sua expressão se tornou séria.
Meu corpo se endureceu instantaneamente, uma sensação gelada percorrendo minhas veias. Ele voltou mais rápido do que eu imaginava, ou talvez o tempo tivesse se arrastado, e eu não tivesse percebido. De qualquer forma, meu coração disparou.
Ele desceu da montaria com uma agilidade impressionante e começou a caminhar em minha direção, os passos firmes e rápidos. Sem pensar, girei meu corpo e comecei a correr, a única coisa em minha mente era me afastar, fugir o mais rápido possível. Mas antes que eu pudesse ganhar distância, ele agarrou meu pulso com força. Em um reflexo rápido, me soltei , mas meu corpo estava tenso, o medo se espalhando por cada centímetro de mim. Olhei para ele, ofegante, tentando manter a compostura, mas o terror estava evidente em meu olhar. Meu corpo tremia, e lágrimas, teimosas e quentes, começaram a se formar nos meus olhos, ainda que eu tentasse, em vão, mantê-las escondidas.
— Sylwen... calma — Ele disse, erguendo as mãos em um gesto pacífico, sua voz suave tentando acalmar o pânico que tomava conta de mim. — Não vou te machucar...
Mas, conforme ele falava, seus olhos se fixaram no embornal que estava pendurado sobre o meu ombro. A
expressão dele mudou de imediato, a tensão crescendo em seu semblante.
— Está indo embora? – Ele perguntou, e sua voz ganhou um tom que parecia carregar tristeza. — Sylwen, você ainda não está bem, está muito debilitada.
Eu senti a pressão do medo aumentar, mas, com um esforço, murmurei, tentando manter minha voz firme:
— Não vou ficar aqui esperando que me venda!
Houve um momento de silêncio, e então ele reagiu, sua voz cheia de incredulidade:
— Espera... O quê?
— Não sou idiota... sei que foi à cidade procurar por compradores... — minha voz saiu mais firme do que eu esperava, carregada de desconfiança.
Ele pareceu surpreso com a acusação, mas não desviou o olhar.
— Não, Sylwen... — a voz dele ficou mais suave, tentando se explicar. — Eu fui entregar uma espada que tinha ficado pronta. Eu sou ferreiro, é o meu trabalho! Eu jamais venderia você!
Eu o observava atentamente, cada palavra que ele dizia sendo analisada com ceticismo. O que ele estava dizendo parecia sincero, mas a dúvida ainda me corroía por dentro.
— Inclusive, eu comprei algumas coisas — disse, e um suspiro pesado saiu de seus lábios. Coçou a cabeça, parecendo frustrado. — Olha, eu não vou impedir que você vá, se é isso que quer. Só... pense bem antes de agir. Até porque, o inverno começou, e no estado em que você está, é perigoso vagar sozinha.
Suas palavras eram carregadas de preocupação genuína, mas eu ainda lutava contra a sensação de traição. O medo de cair em mãos erradas, de ser tratada como mercadoria, ainda me assombrava, mas ao mesmo tempo, o que ele dizia fazia sentido.
Então, com um gesto suave, ele indicou para que eu entrasse. Hesitei por um momento, a desconfiança ainda corroendo minhas forças, mas algo em seu olhar me fazia confiar nele, e com um suspiro, acabei entrando novamente na casa. Me dirigi até o sofá, onde me sentei, tentando ignorar a dor que ainda pulsava em meu corpo.
Ele me observou por um instante. Com um movimento lento, passou a mão na testa, talvez para se acalmar, e se sentou à mesa, posicionando-se de frente para mim. Então disse:
— Sylwen — suspirou, sua voz carregada de um cansaço profundo. — Não posso imaginar tudo o que você passou quando estava sozinha, e sei que está com medo... Mas eu não vou lhe fazer mal. Isso é uma promessa.
Eu o olhei, o receio ainda persistindo. A dor da desconfiança e da angústia se misturava com a tentativa dele de me tranquilizar. Então, perguntei, a voz mais baixa do que eu gostaria:
— E por que eu acreditaria em você?
Ele olhou para o lado por um momento, como se estivesse pesando as palavras, então, com uma calma imprevista, olhou diretamente para mim e disse:
— Porque você está aqui agora!
A resposta dele me pegou de surpresa, mais do que eu gostaria de admitir. Era verdade. Eu poderia ter virado as
costas, saído e nunca mais voltado, mas não fiz. Algo, uma força que eu não conseguia identificar, me impedia de ir embora. Aquela realidade me atingiu como um golpe sutil, e por um instante, eu não soube o que responder.
Ele percebeu meu silêncio e, sem mais palavras aproximou-se lentamente e, com um gesto inesperado, colocou a mão na minha cabeça. Um arrepio percorreu minha espinha, um toque que parecia me trazer uma sensação de segurança, mas também de vulnerabilidade.
— Você está segura aqui, Sylwen... Enquanto eu estiver aqui, ninguém lhe fará mal. — Sua voz foi suave.
O que ele me oferecia parecia genuíno, mas será que eu poderia realmente confiar nele?
— Por que você faz isso? — Perguntei, já com um tom de impaciência na voz.
Ele me olhou com uma expressão confusa, claramente surpreso com a minha pergunta.
— Poderia ser mais específica? — Ele respondeu, como se não entendesse completamente a razão da minha reação.
— Por que está cuidando de mim? O que vai ganhar com isso? — Apressada, soltei a pergunta que me consumia.
Dante se sentou ao meu lado, e sem pensar, me afastei um pouco dele, tentando manter a distância que, de alguma forma, me dava uma sensação de segurança.
— E quem disse que quero algo em troca? — Ele respondeu calmamente.
Eu continuei a olhá-lo com desconfiança, ainda sem entender suas intenções.
— Não é assim que os humanos agem — disse, minha voz quase inaudível, mas carregada de ceticismo. — Vocês sempre querem algo, seja por interesse, ou por alguma vantagem. Não acredito em bondade sem motivo.
Dante suspirou, como se já tivesse esperado esse tipo de reação de mim. Ele parecia tranquilo, mas havia algo em seu olhar que eu não conseguia entender. Ele não parecia querer me convencer de nada, mas ao mesmo tempo, suas ações não coincidiam com o que eu esperava de alguém da sua espécie.
— Eu não sou todos os humanos — ele disse, com uma leveza na voz. — Eu apenas estou fazendo o que acredito ser certo. Não espero nada em troca, Sylwen. Você não está sozinha, e ninguém merece ser deixado à mercê das circunstâncias. Não posso simplesmente ignorar isso. Por acaso ia preferir que te deixasse naquele beco?
— Não sei... quer dizer não, mas... — murmurei, mais para mim mesma. — eu sou uma Elunari. Não foi isso que você esperava encontrar, não foi?
Ele me olhou atentamente, mas sua expressão não mudou.
— Na verdade, foi. Mas nunca foi sobre o que você é. É sobre o que você merece. Todos merecem um pouco de bondade, Sylwen. Isso é tudo.
Ele se levantou com calma, sem pressa em seus movimentos, e disse, com a naturalidade de quem não queria me pressionar:
— Vou levar minha montaria até o celeiro e pegar as compras. Não demoro.
Então, sem mais palavras, ele saiu, deixando-me sozinha com meus pensamentos.
Fiquei sentada ali, ainda sentindo o peso do que ele havia dito. Suas palavras ecoavam em minha mente, despertando um turbilhão de emoções conflitantes.
Uma parte de mim gritava para que eu fugisse. Para que não caísse na ilusão de segurança que ele tentava me oferecer. Enquanto eu estivesse debilitada, talvez não tivesse valor suficiente para ser vendida, mas e depois? E quando eu estivesse forte o bastante? Não seria apenas uma questão de tempo até que ele revelasse suas verdadeiras intenções?
Mas havia outra parte... uma que se encantava com cada gesto dele. Com a forma como suas palavras não carregavam segundas intenções, com o cuidado que ele demonstrava sem pedir nada em troca. Essa parte sussurrava para que eu confiasse, para que me permitisse acreditar que, talvez, pela primeira vez, em meses, eu tivesse encontrado alguém verdadeiro.
Esses dois lados brigavam dentro de mim, como uma tempestade silenciosa. O medo e a esperança se chocavam, e eu me sentia dividida entre o impulso de fugir e o desejo de acreditar.
E, naquele momento, eu simplesmente não sabia como agir.
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Atualizado até capítulo 58
Comments
Ms S.
Quero saber o que acontece depois! 🤔
2025-03-24
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