Terminei o banho, enrolei-me em uma toalha macia, sentindo o calor reconfortante ainda grudado em minha pele. Peguei outra toalha e comecei a secar os cabelos, enquanto o vapor se dissipava lentamente pelo banheiro. Banho, sem dúvida, era uma das melhores invenções da humanidade – a água quente parecia lavar não apenas o cansaço do corpo, mas também parte do peso da mente.
Assim que abri a porta do banheiro, vi Dante, agachado, segurando uma muda de roupas. Seu corpo pareceu enrijecer no instante em que percebeu minha presença. Seus olhos, escuros e intensos, deslizaram lentamente dos meus pés até meu rosto, como se gravassem cada detalhe no caminho.
Quando nossos olhares finalmente se encontraram, ele engoliu em seco, sua mandíbula se contraindo sutilmente. Meu coração tropeçou dentro do peito, e uma onda de calor subiu pelo meu rosto, incendiando minhas bochechas. Instintivamente, apertei a toalha contra o corpo, sentindo a aspereza do tecido entre os dedos trêmulos.
Sem saber como reagir, meu corpo agiu antes da minha mente. Num movimento abrupto, bati a porta com um estrondo e encostei as costas contra a madeira fria, tentando controlar a respiração acelerada. Meus pensamentos eram um turbilhão, mas uma única certeza martelava em minha mente: Dante me olhara de um jeito que nunca havia olhado antes.
— Céu, me desculpa! — disse Dante apressado, as palavras saindo tão atropeladas que quase se misturavam. — Eu só queria deixar as roupas que Lyssia trouxe em um lugar mais acessível para você pegar. Eu ia bater na porta e te avisar, juro.
Cerrei os punhos, tentando manter a compostura antes de responder:
— E por que você está aqui? Não deveria estar no seu quarto?
Dante ficou em silêncio por um tempo, então disse:
— S-Sim... Mas Lyssia disse que teremos que dividir esse.
Meu coração deu um salto no peito. Dividir o quarto com Dante? Mas que loucura era essa?
— E por quê? — Perguntei, impaciente.
— Ela disse que todos os quartos estão em reforma.
— E você acreditou? — soltei um bufo incrédulo. — Fala sério, Dante, estamos em um castelo! Deve haver pelo menos trinta quartos aqui!
Ele suspirou, parecendo derrotado.
— Eu sei, Céu... Mas não me sinto à altura de exigir um quarto extra de Lyssia e muito menos do rei. — Sua voz saiu melancólica.
Fechei os olhos por um instante, levando uma das mãos às têmporas e massageando em pequenos círculos. Lyssia sempre teve esse péssimo hábito... Quantas vezes eu já disse a ela que sou nova demais para namorar? Mas, sempre que vê um possível pretendente, ela força a barra. Eu precisaria conversar seriamente com ela sobre isso.
— Céu, me desculpa! — A voz apressada e um pouco trêmula. Ele falava tão rápido que as palavras quase se atropelavam. — Eu só queria deixar as roupas que Lyssia trouxe em um lugar mais acessível para você pegar. Eu ia bater na porta e te avisar, juro!
Eu ainda sentia o calor subindo pelo meu rosto e o coração acelerado. Encostei as costas na madeira fria da porta, tentando recuperar o controle. O tom aflito na voz de Dante indicava que ele sabia muito bem como aquela situação parecia comprometedora. Apertei os olhos por um instante e respirei fundo antes de perguntar:
— E por que você está aqui? Não deveria estar no seu quarto?
Dante ficou em silêncio por um tempo. Então finalmente disse com a voz hesitante.
— S-Sim... Mas Lyssia disse que teremos que dividir esse.
Meu coração tropeçou em um ritmo errático.
Dividir o quarto com Dante? Mas que tipo de loucura era essa?
Minha mão apertou a toalha contra o corpo, como se aquilo pudesse impedir a onda de calor que subia pelo meu rosto. Fechei os olhos por um segundo antes de perguntar, tentando soar impaciente, não abalada:
— E por quê?
Houve outra pausa antes de sua resposta, e quando veio, seu tom era incerto, quase defensivo:
— Ela disse que todos os quartos estão em reforma.
Minha expressão se fechou imediatamente.
— E você acreditou nisso? — soltei um bufo incrédulo. — Fala sério, Dante. Estamos em um castelo! Deve ter pelo menos trinta quartos aqui!
Do outro lado, ouvi um suspiro cansado.
— Eu sei, Céu... Mas não me sinto à altura de exigir um quarto extra de Lyssia e muito menos ao rei. — Sua voz saiu mais baixa dessa vez, carregada de um tom melancólico
Passei a mão pela testa e massageei as têmporas em pequenos círculos. Eu já deveria ter imaginado que Lyssia faria algo assim. Quantas vezes eu já disse a ela que sou nova demais para pensar em namoro? Mas não, sempre que vê um possível pretendente, ela fazia essas gracinhas. Só que desta vez ela tinha passado um pouco dos limites. Eu precisaria conversar bem sério com ela sobre isso.
Então, a voz de Dante veio novamente, mais suave, quase hesitante:
— Não é tão ruim assim dividir o quarto comigo... é?
Minha respiração vacilou por um instante.
Ele não podia me ver, mas eu sentia seu olhar atravessando a madeira da porta. Como se pudesse sentir minha indecisão, como se buscasse algo na minha resposta que nem eu mesma sabia explicar.
— Se serve de alguma coisa... eu não me importo de dividir o quarto com você.
As palavras me atingiram como uma faísca em meio a pólvora. Meu corpo enrijeceu instantaneamente, e o calor da irritação subiu pelo meu rosto.
Não se importa? Claro que não, por que para ele convém!
Minha mão agarrou a maçaneta com força, os dedos apertando o metal frio enquanto eu girava para abrir a porta. O sangue pulsava em meus ouvidos, e eu já reunia todos os xingamentos possíveis para despejar sobre ele. Mas então sua voz soou novamente, baixa, quase hesitante, e me fez congelar no lugar:
— Pelo menos assim... eu posso continuar cuidando de você.
O ar escapou dos meus pulmões em um soluço mudo.
Meus dedos afrouxaram na maçaneta, e todo o furor que me incendiava momentos antes vacilou, como uma chama ao vento. Não era um tom de brincadeira, nem de leviandade. Era sincero.
E isso era um problema.
Porque parte de mim queria se agarrar àquela sinceridade. E a outra parte queria abrir aquela porta e dizer que eu não precisava ser cuidada. Que eu não queria precisar.
— Eu vou deixar suas roupas aqui e vou sair por um tempo, para que você possa se vestir. Me desculpe mais uma vez.
A voz de Dante carregava um peso de arrependimento sincero, e antes que eu pudesse responder, ouvi seus passos se afastando. O som de seus movimentos foi seguido pelo clique suave da porta do quarto se fechando.
Soltei um suspiro longo, sentindo o alívio escorrer pelos meus músculos tensos. Encostei a testa por um breve instante na porta do banheiro, reunindo coragem antes de girar a maçaneta e espiar para fora. Meus olhos pousaram nas roupas cuidadosamente dobradas no chão. Peguei-as rapidamente e voltei para dentro do banheiro, fechando a porta atrás de mim.
Vesti-me apressadamente, como se a pressa pudesse dissipar o constrangimento ainda latejando dentro de mim. O tecido suave deslizou sobre minha pele, e só então me permiti observá-lo com mais atenção. Era um longo vestido branco de mangas compridas, feito de um tecido confortável e quente. Logo abaixo do peito, uma delicada faixa dourada contornava a peça, um detalhe sutil, mas elegante. Ela não apertava, apenas repousava sobre o tecido de forma graciosa, tornando o vestido ainda mais leve e agradável de usar.
Saí do banheiro e fui envolvida imediatamente pelo calor aconchegante do quarto. A lareira estava acesa, e as chamas dançavam suavemente, projetando sombras douradas nas paredes. As janelas estavam fechadas, isolando o ambiente do frio da noite, mas as portas que levavam à sacada permaneciam entreabertas, permitindo que uma brisa leve se infiltrasse no espaço, carregando consigo o aroma distante da neve.
Caminhei até a cama. Me sentei sobre o colchão macio, soltei um suspiro. Passei os dedos pelos cabelos, tentando organizar os fios emaranhados, que pareciam tão bagunçados quanto meus pensamentos.
O que Dante quis dizer com continuar cuidando?
Ele estava me ajudando, isso era um fato. Havia me salvado duas vezes, me oferecido apoio quando precisei, mas eu nunca o enxerguei como um protetor. Ele não tinha obrigação alguma comigo e no fundo, eu nunca compreendi completamente o motivo de sua insistência em estar ao meu lado, em querer ajudar, em parecer se importar tanto. E ainda não exigir nada em troca.
Soltei um suspiro antes de me jogar de costas no colchão, cobrindo o rosto com as mãos. Eu precisava me concentrar no que realmente importava: salvar Aurelith. Não podia me deixar levar por distrações sem sentido. Afastei as mãos devagar e encarei o teto, franzindo a testa, frustrada comigo mesma. Por que minha mente insistia em pensar em Dante o tempo todo? E, pior ainda, por que meu coração acelerava toda vez que isso acontecia?
Não sei exatamente quanto tempo fiquei ali, perdida em pensamentos, até que o peso em minha cabeça se tornou tanto que, sem perceber, acabei pegando no sono. Acordei com um estalo suave vindo da maçaneta da porta. Pelo som dos passos que se seguiram, nem precisei abrir os olhos para saber quem era.
Dante.
Pisquei algumas vezes, ainda sonolenta, e me sentei na cama, tentando afastar a letargia do sono. Quando levantei o olhar, vi que ele também havia tomado banho. Seus cabelos ainda estavam úmidos, algumas mechas caindo sobre a testa. As roupas eram diferentes: uma blusa azul de mangas compridas e uma calça preta grossa. Estava descalço, segurando as botas nas mãos, ele as colocou num canto, antes de se virar para mim.
— Você está bem? — Perguntou, me observando com atenção.
Apenas assenti, sem confiar muito na minha voz naquele momento. Dante ficou em silêncio por um instante, como se escolhesse as palavras com cuidado, e então continuou:
— Estive pensando… Para que você não ache que estou me aproveitando da situação, vou dormir no chão… ou talvez em uma das poltronas.
Fiquei em silêncio por um momento, observando Dante enquanto minhas ideias ainda pareciam um pouco embaralhadas pelo sono. Ele realmente parecia disposto a não me incomodar, e por algum motivo, isso me deixou ligeiramente desconfortável.
— Não precisa exagerar — murmurei, passando a mão pelos cabelos. — Não é como se fosse a primeira vez que dividimos um espaço.
Dante arqueou uma sobrancelha, cruzando os braços enquanto me observava com um meio sorriso.
— Mesmo assim, quero que se sinta confortável — disse ele, com um tom que deixava claro que não queria me incomodar.
Respirei fundo, já me arrependendo do que estava prestes a dizer, mas não podia ignorar o fato de que ele ficaria bem desconfortável de dormir na poltrona, ainda mais por causa do seu tamanho.
— A cama é grande… não vejo problema em dividirmos. — Minha voz foi sumindo conforme eu falava.
Por um instante, Dante pareceu surpreso, mas logo um sorriso brincalhão surgiu em seus lábios.
— Tem certeza? Não vai me bater ou jogar pedras em mim no meio da noite?
Revirei os olhos, impaciente.
— Não vou! — Resmunguei. — Desde que fique no seu canto.
Ele riu baixo.
— Farei o possível para não ultrapassar a linha invisível que você deve ter traçado na cabeça.
— Ótimo! — Retruquei, puxando meu travesseiro mais para a ponta da cama.
Dante se acomodou do outro lado da cama, mantendo uma distância razoável, mas ainda assim, a sensação de tê-lo tão próximo fez meu corpo inteiro ficar alerta. O quarto mergulhou em silêncio, apenas o estalo suave da lareira preenchendo o ambiente. Virei de costas para Dante, determinada a dormir, ou pelo menos a ignorar a presença dele ao meu lado.
Mas então, ouvi sua risada contida, então, ele disse:
— Sabe de uma coisa… pelo menos estamos quites.
Franzi a testa.
— O que quer dizer com isso?
— Você me viu só de toalha… e agora eu também te vi assim.
O calor subiu imediatamente para o meu rosto. Me virei num movimento brusco e, sem pensar duas vezes, empurrei Dante da cama com os pés. Ele caiu no chão com um baque surdo, mas, para minha irritação, começou a rir ainda mais.
— Chega de gracinhas e vá dormir! — Resmunguei.
Dante ergueu as mãos em um gesto de rendição enquanto voltava para a cama, ainda contendo o riso.
— Tudo bem, tudo bem… sem mais provocações.
Ele se acomodou novamente e murmurou:
— Boa noite, Céu.
— Boa noite — respondi, virando-me de costas outra vez, tentando esconder o constrangimento.
Ajustei o travesseiro com movimentos rápidos e precisei me conter para não soltar um suspiro frustrado. Deslizei para a ponta da cama o máximo que pude, como se a distância entre nós pudesse acalmar a inquietação que crescia dentro de mim.
Fechei os olhos, tentando forçar minha mente a se desligar, mas a consciência da presença de Dante ao meu lado tornava isso impossível.
Eu precisava dormir. Precisava ignorar essa sensação estranha. Mas, por mais que tentasse, sabia que o sono não viria tão facilmente.
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Atualizado até capítulo 58
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