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Capítulo 20 – Redenção e Promessa

Kael sentia o peso do passado esmagando seu peito. Durante anos, ele carregara dúvidas, orgulho e uma teimosa negação da verdade. Mas agora, diante da mulher que deveria ter sido sua única esposa e do filho que nunca teve a chance de criar, não havia mais espaço para mentiras.

Sariah estava ali, erguida como uma rainha intocável, os olhos frios como o gelo, mas o coração pulsando com um turbilhão de emoções que ela se recusava a demonstrar. Ela não voltara para implorar por nada.

Ela já não era mais aquela mulher apaixonada que aceitava suas migalhas. Agora, era a mulher que ele perderia para sempre se não lutasse por ela.

E no meio dos dois, Malik — o pequeno fruto do amor que eles poderiam ter vivido.

Kael sentiu um aperto no peito ao encarar o filho. Ele tinha seus olhos. A mesma intensidade no olhar, a mesma expressão inquisitiva. O menino era seu, não havia mais dúvida.

E então, a voz infantil e pura quebrou o silêncio cortante:

— Por que você nunca veio me ver?

A pergunta era simples, mas carregava um peso esmagador. Malik não tinha noção de como aquela questão feria o orgulho e a culpa de Kael.

O príncipe sentiu a garganta fechar, sua respiração ficou pesada. Ele não tinha desculpas que fossem aceitáveis.

Então, abaixou-se, ficando na altura do filho, e olhou profundamente em seus olhos.

— Porque eu fui um tolo, Malik. — Sua voz era baixa, carregada de um arrependimento genuíno. — Eu não deveria ter deixado sua mãe partir. E agora, tudo que quero é consertar isso.

Malik franziu o cenho, pensativo, como se analisasse cada palavra dita. Ele era apenas uma criança, mas Sariah o havia criado para ser inteligente e perspicaz.

O menino segurou a mão da mãe com força, buscando conforto.

— Você quer ficar com a gente agora?

Aquela pergunta fez o coração de Kael acelerar.

Ele ergueu o olhar para Sariah. Ela não responderia por ele.

Ela queria ouvir a resposta da boca dele.

Kael se levantou lentamente, voltando sua atenção para ela. Seu olhar, antes carregado de orgulho e frieza, agora ardia com uma intensidade avassaladora.

— Sim. Eu quero vocês dois ao meu lado.

Sariah cruzou os braços, sem ceder um único milímetro.

— E o que nos separa, Kael? — Sua voz era baixa, mas afiada como uma lâmina. — Diga em voz alta.

Kael não hesitou.

— Elira.

A simples menção do nome dela fez Sariah respirar fundo. Por anos, Kael a manteve à sombra de outro casamento. Agora, finalmente, estava admitindo a verdade.

Kael deu um passo adiante, sua presença exalando domínio e necessidade.

— Eu quero o meu filho. — Sua voz saiu mais firme, carregada de emoção. — E quero você, Sariah. Sempre quis.

Os olhos dela brilharam, e por um instante, Kael teve a impressão de que ela vacilara. Mas logo, ela se recompôs.

— E Elira? — Sua pergunta veio como um desafio.

Kael soltou um suspiro pesado.

— Elira nunca deveria ter sido minha esposa. Meu erro não foi apenas rejeitar você... foi ter me prendido a um casamento que nunca deveria ter existido.

O silêncio se instalou entre eles.

Sariah buscava algo no rosto dele, algum traço de dúvida ou hesitação. Mas pela primeira vez, Kael parecia completamente certo de suas palavras.

Ela descruzou os braços, mas não cedeu.

— Então prove.

Kael se aproximou mais, quase colando seus corpos.

— Eu vou.

E, desta vez, ele não quebraria sua promessa.

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