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Capítulo 17 – O Exílio de uma Princesa

A madrugada ainda reinava quando Sariah foi conduzida até a saída do palácio. O céu, tingido de azul-escuro, começava a clarear com os primeiros raios tímidos do amanhecer, como se o próprio universo lamentasse sua partida. O ar da manhã estava gelado, cortante, mas nenhum frio se comparava ao gelo que se espalhava por seu coração.

Ela não levava malas. Apenas um pequeno baú com algumas joias e vestes simples que haviam sido entregues por uma criada sem expressão. Sua vida inteira, tudo o que tinha e conhecia, resumia-se agora a um punhado de pertences insignificantes.

Vestida com um manto azul-escuro com capuz, ela mantinha a postura ereta, recusando-se a demonstrar qualquer fraqueza. Seu ventre ainda não denunciava a vida que crescia dentro dela, mas Sariah sentia o peso esmagador da responsabilidade que carregava.

Ela estava sozinha.

O som dos passos firmes dos guardas ecoava pelo corredor silencioso. Quatro homens de armaduras reluzentes a escoltavam, suas expressões impassíveis. Eles não a olhavam diretamente, não demonstravam emoção. Para eles, ela não passava de uma concubina desonrada sendo descartada.

A cada passo, Sariah sentia o coração apertar.

Seu olhar percorreu os grandes portões de ferro à sua frente, depois subiu até os muros dourados que protegiam o palácio. Aquele lugar fora seu lar. Fora ali que ela crescera, que aprendera a amar um homem que, no fim, não a escolhera.

Mas o que mais doía…

Kael não estava ali para vê-la partir.

Ela não deveria ter esperado outra coisa. Ele havia sido claro na noite anterior. Seu destino estava traçado, e ele não moveria um dedo para impedi-lo.

Mas ainda assim, uma parte dela… uma parte tola e ingênua… esperava vê-lo surgir de repente, dar um passo à frente e impedi-la de partir.

Mas tudo que encontrou foi o silêncio.

O capitão da guarda, um homem de cabelos grisalhos e olhar duro, fez um gesto com a cabeça.

— Está na hora, Alteza.

Alteza.

O título soava cruel agora. Ela já não era mais uma princesa. Já não era mais nada.

Engolindo a dor, Sariah ergueu o queixo e caminhou até a carruagem que a aguardava do lado de fora. O veículo negro, com janelas cobertas por cortinas pesadas, parecia um caixão sobre rodas.

Antes de entrar, ela olhou uma última vez para o palácio.

Grave esse momento, Sariah.

Lembre-se da humilhação.

Lembre-se da dor.

E use isso para se fortalecer.

Ela entrou na carruagem sem hesitar, e os portões se fecharam atrás dela com um estrondo que selava seu destino.

A estrada à frente era longa. Mas Sariah não tinha medo.

Porque um dia… ela voltaria.

O Segredo de Elira

Enquanto a carruagem de Sariah desaparecia na névoa da manhã, dentro do palácio, em um dos aposentos luxuosos da ala principal, Elira tremia.

A notícia da partida de Sariah deveria ter lhe trazido alívio. Deveria.

Mas tudo o que sentia era medo.

Sentada diante do espelho dourado de sua penteadeira, ela encarava o próprio reflexo. Sua pele estava pálida, os olhos escuros fundos pelo peso dos últimos dias. As mãos repousavam sobre seu ventre ainda liso, mas dentro dela, a vida já florescia.

O filho que deveria ser a salvação de seu casamento.

Mas esse mesmo filho também era sua maldição.

Seu coração batia acelerado. Ela fechou os olhos e tentou respirar fundo, mas a lembrança daquela noite proibida voltou com força.

O toque dele.

O calor de sua pele.

A rendição que não deveria ter acontecido.

Ela havia cedido.

Naqueles dias sombrios, quando Kael ainda a rejeitava, quando o amor que ele sentia por Sariah era evidente demais para ser ignorado, Elira buscou conforto nos braços errados.

Agora, carregava um filho que não era do príncipe.

Seu corpo inteiro estremeceu.

Se alguém descobrisse… se Kael descobrisse…

Ela perderia tudo.

Seus dedos apertaram os braços da cadeira.

Não.

Ela não permitiria que isso acontecesse.

Sariah estava fora do caminho agora. Ela não voltaria. Não poderia voltar. Seu filho nasceria como herdeiro legítimo, e ninguém jamais questionaria sua origem.

Ela faria o que fosse necessário para proteger esse segredo.

Mas, do lado de fora, no horizonte distante onde a estrada se perdia entre as montanhas…

Sariah jurava a si mesma que voltaria.

E quando voltasse…

Trazia consigo a verdade.

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Comments

Ione barbosa

Ione barbosa

tomara que o filho da cobra não tenha nada deles e ainda seja uma menina

2025-03-23

1

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