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Capítulo 8 – Entre o Desejo e a Dor

O quarto estava impregnado pelo calor do desejo e pelo peso das palavras não ditas. O beijo de Kael ainda queimava nos lábios de Sariah, deixando-a dividida entre a necessidade de afastá-lo e a vontade insana de se perder nele.

As mãos dele deslizavam por sua cintura com firmeza, pressionando-a contra seu corpo quente e rígido. O príncipe a beijava como se quisesse possuí-la por completo, como se desejasse que ela esquecesse cada palavra dita por Elira.

Mas Sariah não esqueceria.

Com um movimento brusco, ela empurrou Kael, quebrando o contato. Sua respiração estava descompassada, o peito subindo e descendo rápido, e seus olhos vermelhos faiscavam de raiva e algo mais profundo—algo que ela se recusava a nomear.

— Isso não muda nada, Kael. — Sua voz saiu rouca, mas firme.

O príncipe passou a língua pelos lábios, como se ainda pudesse saboreá-la, e sorriu de lado—um sorriso perigoso, carregado de arrogância e desejo contido.

— Não? Então por que está tremendo?

Sariah sentiu o coração acelerar, mas manteve a postura. Ele estava acostumado a mulheres que se derretiam por ele, a concubinas submissas que o adoravam como um deus. Mas ela não seria apenas mais uma.

— Você não me quer, Kael. — Ela deu um passo para trás, cruzando os braços. — Me deseja, sim. Mas desejo não é amor. E você já tem uma esposa para amar, não é?

O semblante dele mudou instantaneamente. O brilho de provocação desapareceu, substituído por algo mais sombrio.

— Elira não tem nada a ver com isso.

Sariah soltou uma risada seca.

— Ela tem tudo a ver com isso! Você pode tomar meu corpo todas as noites, Kael, mas enquanto sua alma pertencer a ela, nunca será meu.

O silêncio caiu entre eles como uma lâmina afiada.

Kael a encarou por longos segundos, e Sariah viu algo indefinido brilhar em seus olhos cinzentos.

Raiva. Frustração. Confusão.

Mas, acima de tudo, desejo.

Ele deu um passo para frente, e ela para trás. Mais um passo dele, e suas costas tocaram a parede.

Ele a prendeu entre seus braços, o rosto a centímetros do dela.

— Eu nunca disse que queria ser seu. — O tom foi baixo, rouco, mas carregado de um desafio cruel.

Sariah sentiu um nó se formar em sua garganta.

Ele tinha razão.

Kael nunca prometeu nada além de noites ardentes e momentos roubados.

E mesmo assim… doía.

Doía saber que, por mais que ele a desejasse, por mais que a tomasse com uma intensidade avassaladora, seu coração ainda pertencia a outra.

Lágrimas queimaram em seus olhos, mas ela piscou rapidamente, se recusando a derramá-las diante dele.

Com um esforço sobre-humano, ergueu o queixo e forçou um sorriso frio.

— Então vá para ela, meu príncipe. — Sua voz saiu baixa, cortante. — Porque eu nunca serei só um corpo para você usar quando quiser.

Kael a encarou por mais alguns segundos, seu olhar escuro, intenso, como se estivesse travando uma batalha interna.

Então, sem dizer mais nada, ele se afastou.

A porta se fechou atrás dele com um baque surdo.

E, pela primeira vez desde que chegou ao palácio, Sariah sentiu que estava perdendo uma guerra que nunca deveria ter começado.

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