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Capítulo 12 – O Amanhecer da Rendição

O amanhecer se infiltrava pelo vasto aposento real, tingindo os tecidos dourados e as colunas imponentes com tons suaves de laranja e rosa. Uma brisa quente entrava pelas janelas abertas, carregando o perfume das flores do jardim do palácio, misturando-se ao aroma de suor e desejo que pairava no quarto.

Sariah despertou devagar, o corpo dolorido de um jeito que nunca sentira antes, cada músculo marcado pela intensidade da noite passada. Seu peito subia e descia lentamente, os olhos vermelhos de sono piscando algumas vezes antes de encontrarem a silhueta masculina ao seu lado.

Kael.

Ele estava deitado de costas, uma das mãos descansando sobre o peito nu, a outra caída ao lado do corpo. Seu rosto, geralmente severo e atento, parecia mais tranquilo, quase vulnerável sob a luz do sol nascente.

Por um instante, Sariah permitiu-se observá-lo.

Os cabelos negros estavam bagunçados, algumas mechas caindo sobre a testa. Sua pele bronzeada contrastava com os lençóis brancos, e a respiração calma e profunda indicava que ele ainda dormia. Mas não era isso que mais chamava sua atenção.

Era o fato de que, pela primeira vez, ele não carregava aquela armadura invisível que sempre usava.

A noite anterior tinha sido uma guerra—uma batalha de poder, desejo e reivindicação. Kael a possuíra com uma fome que beirava a loucura, e ela… ela não tinha apenas se rendido. Tinha lutado. Provocado. Reivindicado tanto quanto ele.

E agora, enquanto o observava dormir, Sariah sentiu algo diferente.

Não era apenas o prazer residual da noite passada.

Era o começo de algo perigoso.

Ela se mexeu na cama, sentindo um resquício de dor entre as pernas. Seu corpo estava marcado por ele, e por um instante, a lembrança de como Kael a tomou sem pressa, mas com uma força inegável, fez seu ventre se contrair.

Respirando fundo, ela se ergueu com cuidado, puxando o lençol para cobrir seu corpo. Precisava tomar um banho. Precisava afastar os pensamentos que começavam a se enroscar perigosamente em sua mente.

Com passos silenciosos, ela deslizou para fora da cama e caminhou até a grande porta que levava ao banheiro real. O cômodo era luxuoso, adornado com mármore branco e dourado, com uma banheira esculpida no centro, já cheia de água morna e pétalas de jasmim.

Sariah entrou na banheira devagar, sentindo o calor da água envolver seu corpo, relaxando os músculos tensionados. Seus olhos se fecharam por um instante, permitindo que a lembrança da noite passada voltasse.

Kael beijando cada centímetro de sua pele.

As mãos dele segurando sua cintura enquanto a puxava para mais perto.

O modo como seu nome escapou dos lábios dele, rouco, carregado de desejo.

Um arrepio percorreu sua espinha, e ela apertou os olhos com força, tentando afastar aquela sensação. Mas era impossível.

Ela não sabia o que significava para ele.

Não sabia se, quando ele acordasse, a noite passada ainda teria o mesmo peso.

Mas para ela…

Para ela, nada seria como antes.

— Acordou cedo.

A voz grave e rouca a fez abrir os olhos imediatamente.

Kael estava parado à entrada do banheiro, encostado contra o batente da porta, apenas com uma calça de linho solta na cintura. O peito nu exibia cada músculo definido, os cabelos ainda bagunçados pelo sono.

Mas seus olhos…

Seus olhos cinzentos estavam escuros, analisando-a na banheira com um olhar intenso, predatório.

Sariah sentiu seu coração disparar, mas manteve a expressão serena.

— A água estava convidativa. — Respondeu, deslizando as mãos sobre a superfície da água, espalhando as pétalas de jasmim.

Kael inclinou a cabeça levemente, seus lábios se curvando em um meio sorriso perigoso.

— Você ainda está dolorida?

A pergunta direta fez um rubor subir pelo pescoço de Sariah, mas ela se recusou a demonstrar fraqueza.

— Por que pergunta?

Ele empurrou a porta e entrou no banheiro sem hesitar, aproximando-se devagar.

— Porque quero saber se preciso ser mais gentil da próxima vez.

A respiração de Sariah ficou presa na garganta.

Próxima vez.

Ele queria que houvesse uma próxima vez.

Kael ajoelhou-se ao lado da banheira, os dedos deslizando pela borda enquanto seus olhos percorriam cada centímetro do corpo submerso dela.

— Você não se arrepende, não é? — Sua voz era baixa, quase um sussurro.

Sariah sustentou o olhar dele, o coração martelando contra o peito.

Ela poderia mentir.

Poderia fingir que aquilo não tinha significado nada.

Mas ela não era esse tipo de mulher.

— Não. — Respondeu com firmeza.

Kael sorriu, e antes que ela pudesse reagir, ele mergulhou a mão na água, tocando sua perna sob a superfície.

Sariah arfou, sentindo a pele arrepiar sob o toque quente e possessivo.

— Ótimo. — Ele murmurou, aproximando-se ainda mais. — Porque eu também não me arrependo.

E então, sem aviso, ele entrou na banheira com ela.

A água transbordou quando seu corpo colidiu com o dela, e antes que Sariah pudesse protestar, Kael a puxou para seu colo, sua boca encontrando a dela em um beijo quente, faminto.

A noite passada poderia ter sido intensa.

Mas a manhã prometia ser ainda mais devastadora.

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