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Capítulo 16 – O Exílio de Sariah

A noite mergulhava o palácio em sombras e segredos. No alto das torres douradas, as tochas crepitavam, lançando reflexos trêmulos sobre os mosaicos de mármore e os corredores silenciosos. As estrelas brilhavam no céu escuro, testemunhando a dor silenciosa da mulher que, até poucas horas atrás, ainda acreditava ter um lugar ao lado do homem que amava.

Sariah estava sentada diante do grande espelho de sua penteadeira, observando a própria imagem refletida na superfície polida. Seus olhos rubros e inchados denunciavam a tempestade de emoções que a devastava. A notícia de sua gravidez deveria ter sido recebida com júbilo, mas, em vez disso, havia sido transformada em um fardo.

Kael a rejeitara.

Ela sentia a respiração pesada, o peito apertado. A dor da decepção a sufocava, queimando-a por dentro. Seu ventre ainda não mostrava sinais da nova vida que crescia dentro dela, mas ela sentia… sentia seu filho, seu herdeiro.

Ela o protegeria, mesmo que estivesse sozinha.

O silêncio do aposento foi quebrado pelo som da porta se abrindo de repente. O coração de Sariah deu um salto.

Kael.

Ele estava ali, parado na soleira da porta, alto, imponente e tão cruelmente belo que doía olhar para ele. O jogo de luz e sombras das tochas fazia com que sua expressão parecesse ainda mais sombria.

Sariah sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Não de medo… mas de algo mais profundo. Algo que nunca deixara de existir, apesar de toda a dor.

Ele não disse nada de imediato. Apenas ficou ali, observando-a, os olhos indecifráveis. Mas quando ele finalmente falou, sua voz saiu baixa e afiada como uma lâmina.

— Amanhã, ao nascer do sol, você partirá do palácio.

Sariah piscou, como se não tivesse entendido.

— O quê? — sua voz saiu rouca, carregada de incredulidade.

Kael deu um passo para dentro do quarto, e a porta se fechou atrás dele com um baque surdo.

— Você irá embora, Sariah. Seu lugar não é mais aqui.

Ela se levantou de súbito, o coração martelando contra o peito.

— E o meu filho?

Kael desviou o olhar por um breve segundo, a mandíbula travada.

— Se for realmente meu, ele será reconhecido.

Sariah sentiu uma pontada de raiva se misturar ao desespero em sua alma.

— Você ousa duvidar? Depois de tudo que tivemos, depois de todas as noites que compartilhamos?

Kael apertou os punhos, como se estivesse travando uma batalha interna.

— Você foi minha concubina. Mas Elira é minha esposa, minha rainha. O filho dela será o herdeiro deste trono.

A dor foi insuportável.

Sariah cambaleou um passo para trás, como se tivesse sido golpeada. As palavras dele ecoaram como um trovão, arrancando o último vestígio de esperança que restava dentro dela.

Seu coração, antes tão cheio de amor por aquele homem, agora sangrava de humilhação.

Ela engoliu em seco, sentindo o gosto amargo da rejeição na boca. Mas então, algo dentro dela se inflamou. Uma centelha de fúria, de orgulho, de sobrevivência.

— E se eu dissesse que o filho de Elira não é seu?

Kael congelou. Seu olhar, antes relutante, se transformou em puro aço.

— Você está insinuando o quê, Sariah?

Ela ergueu o queixo, recusando-se a recuar.

— Que talvez a mulher a quem você jurou fidelidade não tenha sido tão fiel a você.

Kael avançou até que os dois estivessem a meros centímetros de distância. O calor dele envolveu Sariah, trazendo memórias de noites intensas, de paixão, de amor… de uma ilusão cruel.

— Cuidado com o que diz. — A voz dele era um rosnado contido. — Acusações desse tipo podem custar vidas.

Sariah não piscou.

— E o que você fará? Me silenciará? Me matará? Me exilará como se eu nunca tivesse existido?

Kael permaneceu imóvel. Ela viu o conflito em seu olhar. Mas então, em um piscar de olhos, ele o endureceu novamente.

— Você partirá ao amanhecer. Isso não é uma escolha.

Sariah sentiu o estômago se revirar, mas não demonstrou. Em vez disso, ergueu-se em toda a sua glória, seu orgulho intacto, mesmo quando seu coração estava aos pedaços.

— Que assim seja.

Kael hesitou. Por um segundo, pareceu querer dizer algo mais. Mas, em vez disso, apenas se virou e saiu, fechando a porta com força.

Sariah ficou ali, encarando o espaço vazio onde ele estivera. Seu peito subia e descia em uma respiração descompassada.

A decisão havia sido tomada.

Ela estava sendo expulsa.

E Kael, o homem que ela amara acima de tudo, um dia se arrependeria.

Mas quando esse dia chegasse… ela não estaria mais esperando por ele.

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