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Capítulo 15 – Dois Destinos, Duas Gravidezes

O amanhecer tingiu o céu com tons dourados e avermelhados, mas para Sariah, a luz parecia mais fria do que nunca. Ela estava sentada diante do espelho, os longos cabelos negros soltos sobre os ombros, a pele pálida e os olhos sombrios. Seu corpo ainda carregava as marcas da última noite com Kael, e agora, ironicamente, carregava algo muito mais profundo: seu filho.

A confirmação viera naquela manhã, no silêncio pesado de seus aposentos. O curandeiro lhe dissera com serenidade que ela também carregava uma vida dentro de si.

Ela estava grávida.

Do homem que agora voltava seu olhar para outra mulher.

Do homem que, naquela mesma manhã, fora visto ao lado de Elira, segurando-lhe a mão como se fosse uma joia rara.

A notícia da gravidez de Elira se espalhara como fogo pelos corredores do palácio. Servos sussurravam, nobres trocavam olhares cúmplices, e até os conselheiros já começavam a preparar as celebrações pelo herdeiro do reino.

Kael estava radiante.

Sariah não existia mais para ele.

Até que ela ousou falar.

Naquela tarde, quando o sol começava a se pôr, ela se ergueu com toda a dignidade que ainda possuía e caminhou até o salão real, onde Kael e Elira estavam reunidos com os anciãos. Os olhos de todos se voltaram para ela quando anunciou, com voz firme e impassível:

— Eu também carrego o filho do príncipe.

O silêncio foi absoluto.

Kael ergueu os olhos para ela, o choque em seu olhar evidente. Por um instante, apenas um instante, Sariah viu algo mais ali—uma emoção crua, uma incerteza. Mas foi passageiro.

Porque, em seguida, ele franziu a testa, descrente.

— Isso não é possível.

Sariah sentiu um golpe invisível atingi-la no peito.

— Você duvida de mim? — Sua voz tremeu, mas não de medo. De indignação.

Kael se levantou lentamente, aproximando-se dela com um olhar frio, a máscara de príncipe impassível perfeitamente ajustada.

— Você só pode estar mentindo.

Aquelas palavras a despedaçaram mais do que qualquer coisa.

Elira, de pé ao lado de Kael, pousou uma mão sobre o ventre, o olhar carregado de um triunfo silencioso.

— Sariah, querida, não há necessidade de criar ilusões. — Sua voz era melosa, gentil apenas na superfície. — Kael sempre quis um filho meu. Você sabia disso.

O olhar de Sariah encontrou o de Kael, e ela viu a dúvida ali. Ele não queria acreditar nela. Não podia acreditar.

Se o fizesse, significaria que ele teria que encarar seus próprios sentimentos por ela.

E isso era algo que ele se recusava a fazer.

O peito dela subiu e desceu pesadamente.

— Então me rejeite. — As palavras saíram antes que pudesse contê-las. Se não acredita em mim, me rejeite. Diga diante de todos que eu e meu filho não temos lugar neste palácio.

O silêncio foi cortante.

Kael não respondeu de imediato.

Mas quando falou, suas palavras foram a condenação que ela não esperava ouvir.

— Você não tem lugar ao meu lado, Sariah.

Seu mundo desmoronou.

Ela manteve a cabeça erguida, recusando-se a permitir que vissem sua dor. Não choraria. Não diante deles.

Mas uma coisa ela sabia:

Se Kael não aceitava seu filho agora…

Ele se ajoelharia diante dele no futuro.

E quando a verdade sobre Elira viesse à tona…

Kael se arrependeria para sempre.

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