Capítulo 18

Merida Sana

Dia seguinte

— Olá. - Falo para a Delila que me olha a sorrir e depois cumprimenta-me e sento ao seu lado no sofá.

— Está a gostar do palácio?

— Aqui não é mau e eu não tenho do que reclamar. Mais é tipo, para mim não existe nenhum outro lugar melhor do que a minha casa, mesmo que seja pequena.

— Eu entendo-te completamente. Comigo foi assim no início, mais logo me acostumei e o meu lar agora é aqui. - Ela diz amigável e a sorrir. Sinto uma energia tão positiva vindo dela e dou-lhe um sorriso.

— Desculpa o encomodo, minha senhora. - A Malika diz.

— Não tem problema Malika.

— Aqui está o livro de receitas que eu encontrei

— Ah? Muito obrigado Malika. - Eu pego o livro e coloco sob mim, para dar uma olhada depois.

— Vais aprender a cozinhar? - Pergunta curiosa e se aproxima mais.

— Sim. Quer dizer eu já sei cozinhar, mais não conheço a culinária árabe.

— Porquê irás cozinhar? Tem funcionários que se ocupam disso.

— É para o jantar de hoje. - Falo, ela olha-me estranha e sem perceber. — Foi um pedido da Raissa.

— Bem me pareceu que era obra dela. Mais eu posso-te ajudar com isso. Eu adoro cozinhar, mais nunca cozinhei no palácio.

— Sério?- Falo empolgada e depois lembro o que a Malika disse antes. — Espera, a Malika disse que eu não posso receber ajuda para preparar o jantar. Ordens da sogra e ela nem foi com a minha cara. Talvez com este jantar eu lhe cause uma melhor impressão.

— Que grande bobagem. - Ela diz com descaso.

— Não irás ter problemas? - Pergunto para ter a certeza, pois eu não quero que ela tenha problemas por minha causa.

— Sim. Não, sei lá. - Fala sem se importar. — Eu respeito muito a nossa sogra, mais eu só obedeço e agrado o meu marido em primeiro lugar e também uma bronca dela não irá matar-me.

— Está bem. O que vamos preparar? - Ela para e pensa um pouco.

— Ainda não sei, mais vamos à cozinha e com os ingredientes disponíveis, iremos ver o que preparar.

— Você é a chefe aqui, pois eu não conheço nada. - Digo e a Delila segura nas minhas mãos e me guia até a cozinha.

Passamos boa parte do tempo a pensar no que fazer e finalmente a Delila se decide e seguimos com a preparação.

A cozinha estava iluminada por uma luz suave, e o aroma de especiarias flutuava no ar.

Organizamos os ingredientes sobre a mesa de madeira.

A mesa estava repleta de grãos de arroz, carne de cordeiro marinada, cebolas douradas e um colorido vibrante de legumes frescos.

Delila começou a aquecer a panela, enquanto cortava tomates e pimentões.

Do outro lado da cozinha, Gia observa atenta e sem falar nada. Ela está aí a um tempo e achei muito estranho.

— Precisa de algo Gia? - Eu pergunto e a mesma olha-me surpresa.

— Eu recebi ordem da minha senhora para ficar aqui e garantir que tudo sairá perfeito.

— Está bem. Podes sentar na cadeira e comer algo. - Ela olha-me estranha

— Isso não é permitido senhora. - Fala e se mantém de pé no canto.

— Sério? Nem é nada de mais. Pode sentar e eu mesma sirvo-te. - Tento a convencer ela parece que está a ponderar o meu pedido.

— Não, obrigado senhora. Eu só obedeço a minha madame.

— Tudo bem, eu não quero ti causar problemas Gia.

— Isso é obra do trio que eu te falei. Elas criaram regras tão absurdas que às vezes eu duvido de que também são humanas. Não é necessário tratar os funcionários como escravos e de uma forma tão cruel. - Sorrio com o jeito que a Delila fala. " Trio das Peçonhentas", achei bem interessante e criativo esse apelido. Concordo com o que ela diz, afinal mesmo tendo tanto dinheiro, isto não justifica tratar eles desse jeito, mais eu espero que a Delila tenha apenas exagerado ao falar escravos. — Me ajuda com a salada tabule Merida.

— Sim, claro.

Começo a picar a salsa e alguns legumes para a salada.

Enquanto isso, a Delila preparava a grande estrela da noite: a sobremesa.

— Terminamos. - Delila diz orgulhosa do nosso trabalho.

— Ficou lindo e está delicioso. - Falo enquanto olho atenta em cada detalhe da mesa posta a nossa frente. — Obrigada pela ajuda Delila e eu adorei passar este momento contigo.

— O prazer é todo meu. Já fazia tempo que não me divirto assim. Agora, eu vou tomar um banho e pedir para servirem a mesa na sala de jantar.

— Sim, eu também vou tomar um banho. Espero que gostem do nosso trabalho.

— Claro que vão gostar. O gosto está divino.

Finalmente, chegou a hora do jantar. Todos reunimos à mesa e as expectativas são altas.

Eu e a Delila fizemos um arroz com lentilhas, acompanhado com kafta, salada de tabule e para a sobremesa um doce de semolina e malabi.

— Está tudo tão bonito e diferente. - O Kalil diz e eu olho para a Delila que me dá uma piscadela.

— A Merida preparou o jantar de hoje para demonstrar o seu grande amor a sua nova família. - A Raissa diz de cara séria.

— Que bom. Eu não esperava por isso Merida.

— Eu fiz tudo com a ajuda da Delila. - Falo orgulhosa e o Kalil experimenta a comida, mais logo a sua expressão muda.

— Isto está horrível. - Ele exclama e eu fico surpresa. Será que ele tem um paladar sofisticado ou algo assim?

A Raissa experimenta e faz uma cara de desgosto, pega num lenço e leva para a boca.

— Sério? - A Nádia diz num tom de deboche e resolve experimentar a comida e a Layla faz o mesmo.

Ambas cospem a comida e tossem de uma forma exagerada, enquanto pegam um copo de água. A sincronia delas é impressionante, parece até que ensaiaram esse momento.

— Gente o que é isso? - A Delila pergunta e resolve comer também. Olho para ela que tenta com muito esforço não fazer uma careta, mais ela não consegue disfarçar. — Que estranho. Está mesmo horrível.

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