Roberto e Ricardo falam do casamento de Aisha e Damon.

Na empresa Petrova…

Ricardo Petrova chegou à empresa em seu carro luxuoso, escoltado por seus motoristas. Ao descer do veículo, ajeitou o seu terno e entrou com passos firmes no prédio.

Dentro, seus funcionários já estavam em seus postos, incluindo Nicolau Xavier, seu braço direito nos negócios, que aguardavam próximo ao elevador.

— Chegou cedo hoje, Nicolau.

Nicolau sorriu de lado.

— Alguém tem que manter tudo sob controle enquanto o chefe não chega.

Ricardo riu baixo e seguiu para seu escritório. Ao passar pela recepção, Letícia, sua secretária — e amante há dois anos — o observou atentamente.

Assim que ele entrou em sua sala, ela se aproximou e bateu na porta.

— Senhor Ricardo, desculpe-me interromper, mas acabei de ser informada que o senhor Roberto Greystone está a caminho para falar com você.

Ricardo franziu o cenho.

— Roberto Greystone?

Ele se recostou na cadeira, intrigado.

— Sabe sobre o que é essa conversa?

Letícia negou.

— Não, senhor. Apenas me avisaram que ele estava vindo para tratar de um assunto importante.

Ricardo ficou em silêncio por um momento, tentando imaginar o que Roberto poderia querer.

— Muito bem, quando ele chegar, mande entrar.

— Sim, senhor.

Assim que Letícia saiu, Ricardo pegou um charuto, acendeu-o e deu uma longa tragada.

— O que será que esse velho quer agora?

Ele não fazia ideia de que Roberto Greystone estava vindo com planos de casamento para sua filha.

Na empresa Petrova…

Horas depois, o carro de Roberto Greystone estacionou em frente à imponente sede da Petrova Enterprises. O motorista saiu rapidamente e abriu a porta para seu patrão.

Roberto desceu com sua postura firme e autoritária. Ajustou o paletó, respirou fundo e seguiu para a entrada. Todos os funcionários que cruzavam seu caminho o olhavam com respeito e curiosidade.

Na recepção, Letícia já o esperava.

— Senhor Roberto, o senhor Ricardo está aguardando. Pode entrar.

Roberto apenas assentiu, caminhando com passos decididos até a grande sala de Ricardo Petrova. Ao entrar, encontrou Ricardo atrás de sua mesa, com um charuto entre os dedos.

— Roberto! — Ricardo se levantou e estendeu a mão. — Que surpresa vê-lo aqui.

Roberto apertou a mão dele firmemente e sentou-se sem rodeios.

— Não sou homem de rodeios, Ricardo. Vim falar de negócios… mas de um tipo diferente.

Ricardo arqueou a sobrancelha, intrigado.

— Estou ouvindo.

Roberto recostou-se na cadeira, cruzou os dedos sobre a mesa e foi direto ao ponto.

— Quero que meu filho, Damon, se case com sua filha, Isabela.

Houve um silêncio pesado. Ricardo encarou Roberto por alguns segundos, tentando processar o que acabara de ouvir.

— Casamento? — Ele soltou uma risada breve, mas logo ficou sério. — Você está propondo uma aliança entre nossas famílias?

— Exatamente. — Roberto confirmou. — Esse casamento fortalecerá ainda mais os laços entre os Greystone e os Petrova. Meu filho está à frente da empresa e precisa de uma esposa que esteja à altura. Sua filha é a escolha ideal.

Ricardo ficou em silêncio, pensativo. Ele sabia que Isabela era sua filha preferida, mas também sabia que ela não era o tipo de mulher que aceitaria um casamento arranjado tão facilmente.

— Interessante… — Ele disse, esfregando o queixo. — Mas você já conversou com Damon sobre isso?

Roberto sorriu de canto.

— Ainda não.

Ricardo soltou uma risada seca.

— E acha que ele vai aceitar?

— Ele aceitará. — Roberto afirmou com convicção. — É o melhor para os negócios, e Damon sabe colocar os interesses da família acima de qualquer coisa.

Ricardo tragou seu charuto e soltou a fumaça devagar.

— Isabela não é uma mulher fácil. Se ela não quiser, não há nada que eu possa fazer.

— Então faça ela querer. — Roberto rebateu, encarando-o seriamente.

Ricardo cruzou os braços e sorriu levemente.

— Gosto do seu jeito direto, Roberto. Vamos ver como essa ideia se desenvolve…

Na sala de Ricardo Petrova…

Roberto ficou em silêncio por um momento. Sua mente trabalhava rápido. Ele conhecia bem o próprio filho. Damon era intenso, controlador, e precisava de alguém que soubesse lidar com ele.

Isabela não era essa pessoa.

Ele analisou a situação com frieza. Isabela era mimada, acostumada a fazer o que queria. Era evidente que ela não aceitaria um casamento arranjado tão facilmente. Além disso, o temperamento dela e de Damon juntos poderiam ser uma bomba-relógio.

Mas Aisha…

A filha mais nova de Ricardo era diferente. Roberto tinha ouvido falar dela, sabia que era estudiosa, discreta e dedicada à faculdade. Ela não parecia ser uma mulher mimada como a irmã. Talvez, se ele a escolhesse, seria mais fácil controlar a situação.

Ele descruzou os dedos e olhou diretamente para Ricardo.

— Talvez eu tenha me precipitado… — disse calmamente. — Acho que seria melhor Damon se casar com sua outra filha.

Ricardo franziu o cenho.

— Aisha?

Roberto assentiu.

— Ela parece ser mais centrada, mais responsável. Isabela é uma mulher livre, que gosta de gastar e viver sem preocupações. Damon precisa de uma esposa que traga equilíbrio, não de alguém que aumente o fogo do seu temperamento.

Ricardo riu de leve, mas no fundo estava surpreso.

— Interessante. Você quer minha filha mais nova, então?

— Sim. Acredito que ela seja a escolha certa.

Ricardo não respondeu de imediato. Aisha nunca foi sua filha preferida. Ele sempre priorizou Isabela, enquanto Aisha era apenas “a outra filha”. Mas se um casamento com Damon Greystone pudesse trazer benefícios para sua família e negócios… Por que não?

Ele tragou o charuto e soltou a fumaça devagar.

— Muito bem, Roberto. Vou pensar sobre isso.

Roberto apenas sorriu. Ele sabia que, no fim, Ricardo aceitaria.

Ricardo não precisou pensar muito.

Ele soltou a fumaça do charuto e, com um sorriso calculista, respondeu:

— Aceito. Aisha se casará com seu filho. Será um casamento de conveniência.

Roberto assentiu, satisfeito.

— Ótimo. Tenho certeza de que essa união será benéfica para ambos os lados.

Ricardo se recostou na cadeira, cruzando as mãos sobre a mesa.

— E como pretende organizar isso? Aisha ainda não sabe de nada.

— Damon também não. Mas isso não importa. Eles saberão no momento certo.

Ricardo riu, achando graça da frieza de Roberto. No fim, ambos estavam jogando o mesmo jogo.

— Então está decidido. Nossos filhos vão se casar.

Os dois homens apertaram as mãos, fechando o acordo como verdadeiros empresários. O destino de Aisha já estava selado... mesmo que ela ainda não soubesse disso.

Ricardo tragou o charuto com calma, soltando a fumaça lentamente antes de encarar Roberto com um olhar calculista.

— Eu vou falar com minha filha Aisha esta noite sobre o casamento. Mas tenho uma dúvida... — Ele pausou, observando a expressão firme de Roberto. — Seu filho Damon namora Isadora. O que pretende fazer quanto a isso?

Roberto manteve a postura rígida, os olhos frios como gelo.

— Isadora não será um problema. Damon pode achar que tem controle sobre suas decisões, mas ele ainda responde a mim. Ele sabe que o futuro dele na empresa depende de seguir minhas regras.

Ricardo sorriu de lado, dando mais uma tragada no charuto.

— E se ele não aceitar? Você sabe que seu filho tem um temperamento difícil.

— Damon pode ser teimoso, mas ele não é burro. Ele sabe que, se for contra minha decisão, pode perder tudo o que construiu. Ele vai entender que essa união não é um pedido, é uma ordem.

Ricardo soltou uma risada baixa.

— E Isadora? Ela não me parece o tipo de mulher que aceita ser descartada facilmente.

Roberto se inclinou levemente para frente, os olhos estreitando.

— Isadora vai aprender a aceitar. Se preciso for, eu mesmo darei um jeito nisso.

Ricardo balançou a cabeça, impressionado com a frieza do amigo.

— Muito bem, Roberto. Então, que seja assim. Esta noite, conversarei com Aisha.

Ele tragou o charuto mais uma vez antes de concluir:

— Vamos ver como essas peças se movem no tabuleiro.

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