Na mansão da família Petrova, o ambiente era luxuoso e imponente, refletindo o poder e a influência de Ricardo Petrova. Ele estava sentado em uma poltrona de couro no imenso salão principal, enquanto sua filha mais velha, Isabela, exibia suas novas compras com entusiasmo.
— Papai, olha esse vestido! É de uma marca exclusiva que acabou de chegar da França. — Isabela disse, girando levemente para que o tecido esvoaçante acompanhasse seu movimento.
Ricardo sorriu, apreciando a animação da filha. Ele sempre a mimara e, para ele, Isabela merecia o melhor.
— Muito bonito, minha princesa. Você tem bom gosto, como sempre.
No mesmo instante, Aisha, a filha caçula, entrou na sala. Ela havia acabado de chegar da faculdade, ainda com os livros em mãos e a bolsa nos ombros. Seu semblante mostrava cansaço, mas também orgulho por mais um dia produtivo.
— Boa noite, pai. Boa noite, Isabela. Hoje tive uma aula incrível sobre gestão estratégica. Foi muito interessante... — começou a falar, esperando alguma reação.
No entanto, Ricardo e Isabela sequer olharam para ela. O pai continuou atento às compras da filha mais velha, e Isabela apenas revirou os olhos, ignorando completamente a irmã.
Aisha apertou os lábios, tentando esconder a frustração. Já estava acostumada com aquela situação. Desde pequena, sempre soube que Isabela era a filha favorita de Ricardo. Ele sempre a tratou como uma princesa, enquanto ela, Aisha, precisava lutar para conquistar qualquer migalha de atenção.
Suspirou e ajeitou os livros nos braços.
— Bom, eu vou para o meu quarto. — Disse, em um tom resignado.
Sem esperar resposta, subiu as escadas lentamente, ouvindo ao fundo a voz animada de Isabela descrevendo mais uma de suas compras caras.
— A mesma história de sempre... — Pensou, fechando a porta do quarto atrás de si.
Enquanto Isabela continuava no salão, exibindo cada peça de roupa, sapato e joia que havia comprado no shopping, Ricardo a ouvia com paciência e um sorriso satisfeito no rosto. Ele sempre foi um pai que colocava Isabela acima de tudo e de todos.
No andar de cima, Aisha entrou em seu quarto e fechou a porta, soltando um suspiro cansado. Jogou a bolsa sobre a cama e passou as mãos pelo rosto, sentindo o peso do dia.
— Por que eu ainda tento? — Pensou, sentindo um aperto no peito.
Não era de hoje que sabia que, para o pai, ela nunca seria prioridade. Desde pequena, Ricardo deixava claro que Isabela era sua filha favorita, a quem ele dava tudo, enquanto ela precisava se esforçar para ser notada.
Olhou-se no espelho, observando o reflexo cansado. A faculdade era sua única fuga daquela casa, o único lugar onde se sentia valorizada.
Suspirou e caminhou até o banheiro, decidida a tomar um banho quente para relaxar. Talvez a água levasse embora a frustração.
Assim que entrou no banheiro, Aisha ligou o chuveiro e deixou a água quente cair sobre seu corpo. Sentiu o calor relaxar seus músculos tensos, mas o aperto em seu peito continuava.
Encostou-se na parede fria do box e fechou os olhos, segurando as lágrimas. Mas, como sempre, não conseguiu evitar.
As lágrimas escorreram silenciosas, misturando-se com a água do chuveiro.
— Por que eu ainda me importo? — Pensou, mordendo o lábio para conter um soluço.
Desde pequena, ela sempre foi deixada de lado. Seu pai nunca demonstrava carinho, nunca perguntava sobre seus sonhos, nunca se importava com seu esforço na faculdade. Tudo girava em torno de Isabela.
Isabela, a filha perfeita.
A irmã nem se preocupava em estudar, só queria gastar e aproveitar o dinheiro do pai, enquanto Aisha lutava para construir um futuro para si mesma. Mas nada disso parecia importar para Ricardo.
Sentindo o peito apertar ainda mais, Aisha deslizou as costas pela parede, sentando-se no chão do box. A saudade da mãe bateu forte.
— Se a mamãe estivesse aqui, seria tudo diferente...
Julia Petrova era a única que realmente a via. Quando era criança, sua mãe sempre esteve ao seu lado, incentivando-a, ouvindo seus sonhos, abraçando-a quando se sentia triste. Mas tudo isso acabou há dez anos.
Depois do acidente de carro que tirou Julia de sua vida, Aisha ficou completamente sozinha dentro daquela casa. Seu pai nunca mais olhou para ela da mesma forma, e Isabela continuou sendo a única que importava para ele.
Abraçando os próprios joelhos, ela fechou os olhos e deixou as lágrimas correrem livremente.
— Eu daria tudo para tê-la de volta…
Aisha permaneceu sentada no chão do box, sentindo a água quente escorrer pelo seu corpo, mas nada conseguia aquecer o frio que sentia por dentro.
Levantou o rosto para o teto, os olhos vermelhos e marejados, e sussurrou, a voz embargada pela dor que carregava há anos:
— Mamãe… por que você teve que morrer e me deixar aqui?
Seu peito subia e descia de forma pesada, como se cada palavra fosse um esforço.
— Por que você me deixou sozinha com o papai? Ele nem liga para mim… — Sua voz falhou. — Ele só pensa na Isabela, só ela importa… e eu? O que eu sou para ele?
Ela fechou os olhos com força, apertando os próprios braços em um abraço solitário.
— Mamãe, eu sinto tanto a sua falta… Você era a única que me via de verdade…
O silêncio do banheiro era preenchido apenas pelo barulho da água caindo. Ela queria uma resposta, queria sentir pelo menos um vestígio da mãe ali com ela, mas tudo o que havia era o vazio.
Seus dedos deslizaram pelo rosto molhado, limpando as lágrimas que insistiam em cair. Respirou fundo, tentando se recompor.
— Você vai ter orgulho de mim, né? Pelo menos você… — murmurou, antes de finalmente se levantar.
Fechou o chuveiro e se enrolou na toalha, olhando seu reflexo no espelho. A dor estava ali, nos olhos cansados, mas ela não deixaria que isso a quebrasse.
Se seu pai não enxergava seu valor, ela mostraria ao mundo que não precisava da aprovação dele para ser alguém,ela ia vencer tudo isso,e mostra para eles que ela tem capas de conquista tudo que ela precisar.
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Atualizado até capítulo 116
Comments
Marcela iara
Sentado em uma poltrona de couro, remete um homem bem poderoso.
2025-03-28
2
Suelen Santos
tadinha/Frown/ mais sempre é assim sempre tem uma que o pai da mais atenção, ai depois quando precisa a unica a ajudar é a que foi despressada..
2025-03-28
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Marcela iara
Sempre tem uma que gasta e a outra reservada, mas quem se ferra é sempre a boazinha
2025-03-28
2