Desde que cheguei à fazenda, passei mais tempo dentro do quarto do que explorando o que havia ao redor. Mas, naquela manhã, decidi fazer diferente. A casa de madeira era acolhedora, com uma varanda espaçosa onde cadeiras de balanço rangiam suavemente. O cheiro de café recém-passado preenchia o ar, misturado ao aroma do pão quentinho e das geleias caseiras sobre a mesa rústica.
Sentei-me ao lado de Theodor, tentando ignorar os olhares curiosos da família, que pareciam surpresos com minha presença no café da manhã. Felizmente, Lunna — a minha filha sorridente que adorava me puxar para brincadeiras — me resgatou da atenção indesejada, tagarelando sobre seus planos para o dia.
Depois do café, Lunna saiu com a tia para a cidade e Theodor foi com os homens da casa nos afazeres da fazenda.
E eu tentei ajudar na arrumação da casa mesmo com a avó de Theodor parecendo.
Logo depois do almoço, me balancei sozinha na rede da varanda, observando a vida da fazenda. O cheiro de terra úmida e flores silvestres se misturavam ao som dos animais ao longe — o mugido das vacas, os relinchos dos cavalos e o cacarejo animado das galinhas no terreiro.
O sol já começava a se despedir quando Theodor veio até mim na rede, já entediada.
Depois de uma longa tarde sem vê-lo, me impressionou o quanto ele parecia fazer parte do cenário rural.
Com os cabelos levemente bagunçados e um sorriso tranquilo no rosto. Dois cavalos estavam selados ao seu lado.
Meu coração acelerou.
“Pronta para um passeio?” — ele perguntou, dando um tapinha no pescoço do cavalo castanho ao seu lado.
Engoli seco. O animal era enorme e imponente, sua pelagem brilhava sob a luz dourada do entardecer. Nunca tinha andado a cavalo antes, ou pelo menos não me lembrava. E a ideia me deixava inquieta.
“Não sei…” — admiti, mordendo o lábio: “E se eu cair?”
Theodor riu baixo, cruzando os braços.
“ Se cair, eu te ajudo a levantar. Mas não vai cair.” — Ele deu um passo à frente, os olhos cheios de paciência: “Eu vou estar aqui o tempo todo.”
Havia algo na forma como ele disse isso que me fez respirar um pouco mais fundo. Eu não confiava em mim mesma naquele momento, mas confiava nele.
“Tudo bem… Mas se eu cair, você jura que não vai rir? “
“ Prometo.” — Ele ergueu as mãos, como se selasse um pacto.
Ainda hesitante, me aproximei do cavalo. Theodor apontou o estribo e colocou a mão no arreio para me ajudar.
“ Primeiro, coloque o pé aqui e segure firme na sela. Eu vou te dar um impulso.”
Fiz o que ele disse, e em um instante, me vi sentada no alto do animal. O mundo parecia diferente dali de cima. O cavalo se moveu levemente, e meu corpo inteiro ficou tenso.
“Respira, Rosana.”— A voz dele era calma, como se pudesse me ancorar.
Assenti, soltando devagar o ar dos pulmões. Theodor montou no outro cavalo com uma facilidade invejável e me observou, avaliando minha postura.
“Agora, segure as rédeas com leveza. Não precisa puxar com força, só o suficiente para guiar.”
Fiz o que ele mandou, e o cavalo começou a andar devagar. Meu corpo balançou com o movimento, e por um momento, achei que ia cair. Mas, aos poucos, fui me acostumando. O ritmo era até agradável.
“ Isso! Você está indo bem.” — Ele cavalgava ao meu lado, os olhos brilhando com um orgulho silencioso.
Quando começamos a atravessar o campo aberto, Theodor deu um pequeno estalo com a língua, e seu cavalo aumentou o ritmo. Olhei para ele, alarmada.
“ Você quer que eu vá mais rápido?!”
“ Só um pouco. Confia em mim.”
Meu coração batia forte, mas apertei levemente as rédeas, como ele havia ensinado, incentivando o cavalo a acompanhá-lo. Senti a adrenalina subir quando os cascos tocaram o solo com mais velocidade. O vento bagunçava meus cabelos, e uma onda inesperada de liberdade percorreu meu peito.
Comecei a rir, surpresa comigo mesma.
“ Isso é incrível!”
Theodor sorriu de lado, com os olhos fixos em mim.
“Eu sabia que você ia gostar.”
E, de repente, parecia que nada mais existia — só nós dois, o vento e a imensidão do campo ao nosso redor.
Quando voltamos ao estábulo, descemos dos cavalos. Minhas pernas estavam bambas, mas minha alma estava leve. Theodor me observou por um momento, depois cruzou os braços.
“ Então? O que achou? “
Respirei fundo, ainda sentindo a energia vibrar dentro de mim.
“ Acho que posso me acostumar com isso.”
Ele sorriu, um brilho divertido nos olhos.
“ Amanhã, então, a gente tenta uma corrida.”
Ri, balançando a cabeça.
“Não se empolga, cowboy.”
Ele riu junto, e, por um instante, fiquei presa naquele olhar. Talvez não fosse só a cavalgada que me fazia sentir livre.
“Eu sei que você consegue, olha só como foi hoje?” ele disse, como se fosse algo natural.
“Eu não poderia ter feito isso sem você,” respondi, sorrindo seu antigo apelido. “Obrigada, Théo.”
Ele apenas sorriu surpreso, como se já soubesse que isso era apenas o começo de algo mais, algo que ainda estávamos a começar a descobrir juntos.
MAIS UMA IMAGEM DO NOSSO CASAL...
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Atualizado até capítulo 42
Comments
Gatita 😽
Que imagem linda 😻
2025-03-18
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