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Capítulo 14: O Retorno de Vicente

Aquela manhã foi diferente de todas as outras. O céu estava nublado, mas a sensação de que algo estava prestes a mudar pairava no ar. Eu estava em casa, com a rotina que, embora difícil, começava a se encaixar de alguma forma. O quarto da bebê estava pronto, os móveis dispostos com cuidado, e a cada dia que passava, eu sentia que estava mais perto de vê-la. Mas ao mesmo tempo, o vazio da casa, o eco da ausência de Vicente, ainda me cercava. Ele não estava ali para compartilhar esses momentos. Ele não estava ali para me segurar durante a ansiedade que me consumia.

Eu estava na sala, com a barriga grande e pesada, quando o telefone tocou. Era uma chamada que eu já esperava, mas que, até aquele momento, parecia distante demais para ser real. Meu coração acelerou quando vi o número. Era do número de Vicente. A respiração falhou por um momento antes que eu atendesse.

"Oi, amor?" A minha voz saiu trêmula, e o silêncio do outro lado parecia uma eternidade até que, finalmente, ouvi sua voz rouca e familiar.

"Oi, Helena. Eu... eu estou voltando para casa."

As palavras dele foram como um alívio imediato, mas ao mesmo tempo, um peso. Eu não sabia se sentia um impulso de chorar ou se sorria, mas uma mistura de emoções tomou conta de mim. Eu estava aliviada. Ele estava voltando. Mas o que ele havia enfrentado? O que a missão havia custado?

"Vicente, você... você está bem?" A minha voz saiu baixa, quase um sussurro, como se eu tivesse medo de que qualquer palavra pudesse quebrar aquele momento.

"Eu estou bem, mais do que bem. Eu... só quero te ver. Quero ver nossa filha." Ele pausou, e por um instante, o silêncio entre nós era pesado, como se ele estivesse procurando as palavras certas. "Eu sinto muito por tudo. Eu sei que foi difícil, mas agora eu estou voltando. Para ficar."

As palavras dele eram como um bálsamo, curando aos poucos as feridas que o tempo e a distância haviam aberto. A saudade que eu sentia de Vicente não poderia ser medida, mas ouvir sua voz, saber que ele estava a caminho, trazia uma paz inesperada.

"Eu... eu te espero, Vicente. Estarei esperando por você." Eu não conseguia mais conter as lágrimas que se acumularam. Eu tinha esperado tanto por esse momento, e ele finalmente havia chegado.

Ele riu baixinho, a risada familiar me acalmando de imediato. "Eu sei, Helena. Eu sei. Não vou demorar. Estarei aí em breve."

Desliguei o telefone com um sorriso, as lágrimas ainda escorrendo pelo meu rosto, mas agora de felicidade. Ele estava voltando. Era real. A distância, o tempo, tudo isso parecia desaparecer quando a promessa dele se tornou uma realidade.

A ansiedade se tornou palpável à medida que o dia se arrastava. Eu mal consegui me concentrar nas tarefas diárias. A única coisa em minha mente era o momento em que Vicente chegaria. Eu queria que fosse agora. Eu queria correr para os braços dele e nunca mais sair de lá.

Quando o sol começou a se pôr, e a noite se aproximava, o som de um carro estacionando na frente da casa me fez acelerar o passo. Eu sabia que era ele. Eu sabia que, finalmente, depois de tanto tempo, Vicente estava de volta.

Minha mente estava em turbilhão. Eu estava nervosa, excitada e, ao mesmo tempo, incrivelmente ansiosa. A porta se abriu, e ele apareceu, vestido com as roupas do uniforme, mas com os olhos cansados, como se a jornada tivesse sido longa e difícil. Seus cabelos estavam um pouco mais curtos, e sua barba, que antes estava bem cuidada, agora estava mais por fazer. Mas ele era ainda mais lindo do que eu me lembrava.

Ele parou na porta, olhando-me com um sorriso que iluminou seu rosto. Eu não consegui mais me segurar. Corri até ele, e ele me recebeu nos braços, envolvendo-me com tanta força que senti como se nada mais pudesse nos separar.

"Eu sabia que você viria", murmurei contra seu peito, sentindo o calor de seu corpo e o cheiro familiar que me trazia conforto. Ele apertou-me contra ele, como se tentasse absorver todo o tempo que havia perdido.

"Eu voltei para ficar, Helena. Agora, não vou mais te deixar."

O som da nossa filha mexendo na barriga, como se sentisse a presença do pai, nos fez sorrir ainda mais. Vicente acariciou minha barriga, e eu pude sentir o calor do toque dele, tão reconfortante. Era como se ele tivesse voltado não apenas para mim, mas para a nossa família, para o que estávamos prestes a começar.

"Ela já está quase chegando", disse ele, a voz suavizando. "E eu não vou perder esse momento. Vou estar aqui, com você."

Eu olhei para ele, com os olhos marejados, mas agora de felicidade. "Eu sei que você está aqui. Finalmente, você está aqui."

O momento parecia perfeito, e embora eu soubesse que o tempo não poderia apagar a dor da separação, naquele instante, tudo o que eu precisava era de Vicente. Ele me deu um beijo suave na testa, e pude sentir sua presença como nunca antes. Ele estava de volta. E nada mais importava.

"Vamos nos preparar para o que vem a seguir", disse Vicente, pegando a minha mão e conduzindo-me para dentro de casa. "Nossa filha está quase aqui. E a nossa vida, Helena, está prestes a começar de verdade."

A casa, que antes parecia vazia e cheia de sombras, agora estava preenchida com a promessa de um novo começo. Eu sabia que a jornada que estávamos prestes a viver não seria fácil, mas com Vicente ao meu lado, e com nossa filha vindo ao mundo, eu sabia que seríamos fortes juntos. O peso da espera havia se dissipado, e a felicidade que eu tanto ansiava agora estava ao nosso alcance.

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