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Capítulo 13: O Peso da Espera

Os dias foram se arrastando lentamente enquanto a ausência de Vicente tomava conta de tudo ao meu redor. O vazio da casa se tornou cada vez mais pesado. Eu tentava me distrair, mas nada parecia preencher o espaço deixado por ele. Eu acordava e, por um momento, ainda sentia a presença dele ao meu lado, como se ele fosse um reflexo que, de repente, se desvanecesse. O silêncio na casa era ensurdecedor, e eu mal sabia como lidar com isso.

Eu sabia que a missão de Vicente era importante. Ele era um soldado de elite, e as missões que ele realizava não eram simples. Cada uma delas era cheia de riscos, de perigos que nem mesmo ele conseguia controlar. Quando ele partiu, não houve promessas de datas, não houve garantia de quando ele retornaria. Tudo o que ele me disse foi que voltaria o mais rápido possível, e que, enquanto estivesse fora, pensaria em mim e na nossa filha.

Eu não sabia se esse pensamento me trazia mais conforto ou mais dor, mas era o que eu tinha.

As semanas passaram, e a saudade se transformou em uma constante sombra. Eu tentava manter a mente ocupada com coisas práticas — a preparação do quarto da bebê, as consultas ao médico, as pequenas tarefas diárias — mas, no fundo, meu coração estava vazio. As noites eram as piores. Eu não sabia mais como lidar com a cama grande, o espaço imenso que ele deixava.

Eu me afundava nos lençóis, tentando encontrar alguma sensação de consolo, mas sempre parecia que algo faltava.

Naquelas noites, eu pensava em Vicente. Pensava em seu sorriso, no calor do seu abraço, no modo como ele me olhava como se estivesse tentando decifrar cada pedaço de mim. Como ele me tocava com carinho, como ele sempre sabia o que dizer para me acalmar, mesmo quando as palavras pareciam difíceis de encontrar. Agora, não havia nada disso. Eu só tinha os ecos da nossa história, os resquícios dos momentos que compartilhamos.

Quando eu ia ao médico, os dias pareciam passar mais rápido. A gravidez avançava, e a cada visita, eu sentia a presença de minha filha crescendo dentro de mim.

Eu tocava minha barriga, sentindo os pequenos movimentos dela, e aquilo me dava uma sensação de proximidade com Vicente, como se ele estivesse de alguma forma ali, comigo. A cada passo, eu me aproximava mais da data de nascimento, e, com isso, a ansiedade também crescia. Como seria a vida depois que nossa filha chegasse? Eu me sentia em um limbo, esperando não apenas o retorno de Vicente, mas também o momento de conhecer minha filha, de começar uma nova fase na minha vida.

Eu tentava me manter positiva, mas não podia evitar os momentos de tristeza. Os dias sem Vicente eram difíceis, e a minha mente, por mais que tentasse me enganar com a ideia de que ele voltaria em breve, sabia a verdade: não havia como prever quando ele estaria de volta. A missão poderia durar semanas, ou até meses. Eu não sabia, e isso me deixava ansiosa.

Em um desses dias de incerteza, minha mãe me ligou. A voz dela, cheia de preocupação, ecoou do outro lado da linha.

"Helena, você está bem, minha filha? Como está a gravidez? Não quero que você fique sozinha nesse momento difícil."

Eu suspirei, tentando dar uma resposta tranquila, embora o peso da saudade ainda estivesse esmagando meu peito.

"Estou bem, mãe. A gravidez está indo bem. A bebê está saudável, e eu... estou tentando me manter ocupada. Mas sinto falta dele. Não sei como lidar com isso."

Havia uma tristeza em minha voz que eu não consegui esconder. A saudade de Vicente me consumia, e minha mãe sabia disso. Ela era uma mulher forte, e sempre tentava me passar conselhos para lidar com os momentos difíceis, mas, dessa vez, até ela parecia compreender o peso que eu carregava.

"Eu sei que é difícil, querida. Mas você é forte. E a sua filha está aí para te dar forças. Vicente também vai voltar, você sabe disso, não sabe?"

Eu sorri um pouco, tentando acreditar nas palavras da minha mãe. "Sim, eu sei. Ele vai voltar. Só... não sei quando."

Após a conversa, eu fiquei pensativa. Minha mãe tinha razão, em parte. Eu precisava acreditar que Vicente voltaria, mas, ao mesmo tempo, minha mente me questionava: e se não voltasse? E se as coisas mudassem, se o risco da missão fosse grande demais? Eu não queria pensar nisso, mas era difícil evitar.

Naquela noite, mais uma vez, fui para a cama sozinha. A saudade de Vicente me envolvia como um cobertor pesado, e a solidão parecia estar se tornando parte de mim. Mas algo dentro de mim também me dizia que eu não estava sozinha, que a nossa filha estava comigo. Ela me dava forças para seguir em frente, mesmo quando as lágrimas ameaçavam cair. A presença dela era um lembrete de que havia algo para se esperar, algo bonito, algo que nos uniria ainda mais, mesmo com a ausência de Vicente.

A gravidez estava se tornando um lembrete constante de tudo o que eu esperava. De tudo o que estava por vir. Eu sabia que não seria fácil, mas também sabia que não havia mais volta. Minha vida, nossa vida, estava se transformando, e eu precisava estar forte, por mim e pela nossa filha.

Mas a ausência de Vicente era um peso difícil de carregar. Eu contava os dias para seu retorno, mas, no fundo, sabia que a espera não seria simples. Eu teria que ser paciente. Não só por mim, mas por ela, por nossa filha, que logo chegaria ao mundo, trazendo uma nova vida para o nosso lar.

Enquanto isso, eu me agarrava ao que restava de Vicente em minha mente: a sua voz, o toque suave de suas mãos, a promessa de que ele voltaria. Eu só não sabia quando, mas a esperança de que esse momento chegaria logo era a única coisa que ainda me mantinha de pé.

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