A floresta estava mergulhada em um silêncio quase sagrado, quebrado apenas pelo som das patas de Eira e Rowan contra o chão úmido. Eles corriam lado a lado, seus instintos lupinos em perfeita sintonia. A conexão entre eles nunca havia sido tão intensa.
Eira sentia sua loba viva, vibrante. Pela primeira vez, ela não apenas existia—ela era parte de algo maior.
Quando finalmente pararam, estavam à beira de um lago iluminado pela lua. A água refletia o brilho prateado dos seus pelos, criando um espetáculo etéreo. Eira se virou para Rowan, o peito arfando, a adrenalina pulsando em suas veias.
Rowan a observava de perto, seus olhos dourados brilhando como brasas sob a luz do luar.
— Você está linda assim. — A voz dele ecoou em sua mente, a conexão entre suas lobos permitindo essa comunicação.
Eira sentiu algo quente percorrer seu corpo. Não era apenas desejo—era pertencimento. Era segurança.
Ela caminhou até ele, sentindo o instinto falar mais alto. Quando os olhos de Rowan suavizaram, ela entendeu que ele sentia o mesmo.
— Eu nunca me senti assim antes. — Sua voz soou hesitante, mas verdadeira.
Rowan se aproximou, tocando seu focinho no dela de forma delicada.
— Porque nunca permitiram que você fosse quem realmente é. Mas isso acabou. —
O calor daquele toque, a promessa por trás das palavras… algo dentro de Eira se abriu.
Depois de um tempo, os dois voltaram à forma humana e sentaram-se à beira do lago. Rowan retirou a camisa e jogou na água para refrescar o rosto. Eira observou, ainda fascinada com o homem à sua frente.
— O que foi? — Ele perguntou, notando seu olhar.
— Nada… — Ela desviou, mas ele segurou seu queixo, fazendo-a encará-lo.
— Você pode me dizer qualquer coisa, Eira. —
Ela hesitou por um momento antes de soltar um suspiro profundo.
— Eu tenho medo… de que isso não seja real. De que, no fim, eu acorde e ainda esteja presa naquela vida onde sou rejeitada por todos.
Rowan deslizou os dedos por sua pele, um carinho sutil, mas firme.
— Você nunca mais estará sozinha. Eu juro.
O coração de Eira bateu forte. Ela queria acreditar. E, naquele momento, olhando nos olhos de Rowan, ela acreditou.
Ele se inclinou devagar, dando tempo para que ela recuasse se quisesse. Mas ela não queria.
Quando seus lábios finalmente se tocaram, foi como fogo e tempestade ao mesmo tempo. Uma fusão de desejo, de promessas silenciosas, de tudo que ambos queriam dizer, mas não conseguiam.
E ali, sob o luar, entre sombras e promessas, Eira soube que não havia mais volta.
Ela pertencia a Rowan. E ele pertencia a ela.
O beijo entre Eira e Rowan se aprofundou, lento e intenso, como se cada toque fosse uma confirmação do que estavam construindo juntos. O coração dela martelava no peito, uma mistura de emoções que ia além do desejo—era entrega, confiança, uma conexão que desafiava tudo o que ela conhecia.
Rowan deslizou as mãos pela cintura de Eira, puxando-a para mais perto. Seus corpos se encaixavam como se tivessem sido moldados um para o outro. O calor da pele dele contrastava com a brisa fria da floresta, fazendo-a se arrepiar. Mas não era apenas o frio. Era a forma como ele a olhava, como se ela fosse a coisa mais preciosa que já teve nas mãos.
— Você me assusta, Rowan... — ela sussurrou contra os lábios dele.
Ele franziu o cenho, mas um pequeno sorriso brincou em sua boca.
— Por quê?
Eira respirou fundo antes de responder.
— Porque você me faz querer acreditar.
Rowan passou o polegar pelo rosto dela, apagando qualquer sombra de dúvida.
— Então acredite, Eira. Eu estou aqui. E sempre estarei.
As palavras dele a atingiram mais forte do que qualquer golpe que já recebeu na vida. Pela primeira vez, ela não era um peso. Não era um erro.
Era desejada.
Rowan afastou uma mecha de cabelo do rosto dela e pousou a mão sobre seu peito, sentindo as batidas descompassadas de seu coração.
— Isso... — ele murmurou. — Isso significa que você está viva. Que pode sentir. Que é real.
Eira fechou os olhos, permitindo-se absorver aquele momento.
O tempo parecia ter parado ali, à beira do lago, envoltos pelo brilho prateado da lua e pelo calor um do outro.
Por um instante, ela desejou que aquela noite durasse para sempre.
Mas então, uma memória atravessou sua mente como um raio. Uma lembrança que não deveria estar ali.
Ela arfou, se afastando ligeiramente.
— O que foi? Rowan perguntou, os olhos estreitados em preocupação.
Eira levou a mão à cabeça. As imagens eram confusas, mas vívidas. Ela se viu pequena, de joelhos, o rosto manchado de lágrimas. Vozes gritavam ao seu redor. Acusações. O peso da rejeição.
E então, uma silhueta. Uma figura sombria, olhos frios como a morte.
Eira abriu os olhos, o peito subindo e descendo rapidamente. Rowan segurou seu rosto com as duas mãos, tentando ancorá-la no presente.
— Você lembrou de algo, não foi?
Ela engoliu em seco e assentiu.
— Algo... algo muito importante.
A noite, que antes parecia ser apenas deles, agora estava carregada de um novo peso.
O passado estava se reabrindo. E dessa vez, Eira não sabia se estava pronta para encará-lo.
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Atualizado até capítulo 73
Comments
Carmilurdes Gadelha
Ela tem quê ter uma reviravolta nela mesma
2025-04-08
0
Ana Rocha
Nossa que passado é este que já está ma causando medo também.
2025-03-23
0
sandra helena barbosa
Faz ela dá uma virada na vida , tem que lutar ser forte para se livrar desse medo .
2025-03-15
1