Capítulo 10: Sob a Lua Cheia

A mansão estava estranhamente silenciosa naquela noite. O brilho prateado da lua cheia iluminava cada canto do vasto território, mas dentro da propriedade não havia ninguém além de Rowan e Eira. Ele havia dispensado todos os funcionários e até mesmo seus irmãos para que a noite fosse deles. Afinal, aquela seria uma noite especial.

Eira caminhava pelo corredor principal, sentindo o peso daquela noite em seu peito. Desde que chegara ali, sentira uma conexão crescente com Rowan, mas algo ainda parecia estar prestes a explodir. Era como se algo dentro dela estivesse despertando lentamente, e ela não sabia ao certo o que esperar.

Rowan estava à sua espera na varanda do quarto. Vestia roupas leves, que pareciam feitas para a noite que os aguardava. Quando Eira entrou, ele se virou, os olhos brilhando com uma intensidade incomum, refletindo a luz da lua.

— Está pronta? — perguntou ele, a voz suave, mas carregada de expectativa.

Ela hesitou.

— Pronta para quê?

Ele sorriu, aproximando-se lentamente, parando a poucos centímetros dela.

— Para ser você mesma. Para sentir a liberdade que foi roubada de você por tanto tempo.

Eira engoliu em seco, o olhar dele parecia atravessá-la.

— E se eu não conseguir? E se eu... falhar?

Rowan ergueu a mão e acariciou seu rosto, como sempre fazia para acalmá-la.

— Você nunca falharia, Eira. A sua loba está aí dentro, esperando por você. Eu estarei ao seu lado o tempo todo.

Ela respirou fundo, sentindo o conforto das palavras dele, e assentiu.

Os dois desceram juntos para a floresta que circundava a mansão. O som dos galhos ao vento e o brilho da lua criavam um cenário mágico. Rowan se afastou dela alguns passos, começando a se transformar. O som de ossos se ajustando foi abafado pelo som de folhas farfalhando, e em poucos segundos ele estava diante dela em sua forma lupina: um imenso lobo negro com olhos dourados que brilhavam como fogo.

Eira prendeu a respiração. Algo dentro dela pulsava com força, como se respondesse ao chamado dela. Antes que pudesse hesitar, sentiu um calor subir por seu corpo, intenso e avassalador. Foi como se algo que esteve preso por anos finalmente rompesse as correntes.

Sua visão escureceu por um momento, e quando voltou a si, percebeu que estava mais baixa. Suas mãos haviam desaparecido, substituídas por patas. Olhou para Rowan, que uivava para a lua, e algo instintivo dentro dela a fez acompanhá-lo. Pela primeira vez, Eira estava em sua forma lupina, livre e inteira.

Eles correram juntos pela floresta, saltando entre galhos e árvores, sentindo o vento frio bater em seus pelos. Eira sentia uma alegria que jamais experimentara antes, como se o peso de anos de dor tivesse sido arrancado dela. Rowan estava sempre ao seu lado, guiando-a, mas também permitindo que ela liderasse quando queria.

Quando finalmente voltaram à mansão, ambos estavam ofegantes, mas cheios de energia. Rowan, já em sua forma humana, a esperava na varanda do quarto. Eira, já transformada de volta, subiu as escadas devagar, o coração acelerado pela emoção da noite.

— Você foi incrível — disse ele quando ela entrou, o sorriso em seu rosto mais quente do que qualquer fogo poderia ser.

Ela sorriu de volta, o rosto corado.

— Foi... libertador. Nunca pensei que me sentiria assim.

Rowan se aproximou, parando diante dela.

— E você só está começando, Eira.

A tensão entre eles era palpável, o ar carregado de algo que ambos estavam evitando desde o início, mas que não podiam mais ignorar. Ele a puxou gentilmente para mais perto, as mãos firmes em sua cintura. Seus olhos se encontraram, e então ele a beijou.

Dessa vez, o beijo não era suave como antes. Era urgente, cheio de desejo e intensidade. Eira sentiu as paredes que construiu ao redor de si mesmas desmoronarem, deixando-se levar completamente por ele.

Eles se moviam como se fossem feitos um para o outro, corpos respondendo à vontade dos lobos que viviam dentro deles. Quando finalmente caíram na cama, a lua cheia iluminando o quarto, Eira sentiu que não havia mais nada no mundo além de Rowan.

Naquela noite, sob a luz prateada da lua, duas almas antes quebradas se encontraram completamente, selando um vínculo que nenhum poder poderia destruir.

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