Capítulo 14: O Nome Proibido

O silêncio na sala de reuniões pesava como uma tempestade prestes a desabar. O nome Selene da Névoa Escarlate pairava no ar, carregado de mistério e perigo. Eira sentia seu coração martelar no peito, uma mistura de medo e ansiedade tomando conta de seu corpo.

— Isso... isso não faz sentido — ela murmurou, sentindo-se zonza. — Se minha mãe era Selene, por que passei a vida inteira sendo criada por Ulrich e Lyria?

Myra a observou com cautela antes de responder:

— Porque sua existência foi um erro que nunca deveria ter sido descoberto.

Eira sentiu um arrepio subir pela espinha. Rowan rosnou baixinho ao seu lado, os olhos brilhando em alerta.

— Explique-se, Myra — a voz dele soou firme.

A anciã folheou as páginas do livro com precisão até encontrar um trecho específico. Seus olhos percorreram as palavras antigas antes de encarar Eira novamente.

— A Alcateia da Névoa Escarlate foi completamente dizimada há vinte anos — ela revelou. — E Selene foi uma das últimas sobreviventes.

Eira sentiu seu estômago revirar. Vinte anos. Ela tinha exatos vinte e um anos.

— O que aconteceu com eles? — ela sussurrou.

Myra apertou os lábios antes de soltar um suspiro pesado.

— Eles foram massacrados. E o responsável foi Ulrich.

O ar sumiu dos pulmões de Eira.

— O quê? — ela mal conseguiu formular a pergunta.

Rowan praguejou baixinho, sua mão apertando o braço de Eira com firmeza.

— Isso significa que... — ele começou, mas Myra completou:

— Sim. Ulrich exterminou a alcateia de Selene. E, por algum motivo, poupou você.

Eira deu um passo para trás, sentindo o mundo girar ao seu redor. Seu pai... não era seu pai. Ele era o assassino de sua verdadeira família.

— Não pode ser — ela balançou a cabeça, negando. — Isso... isso está errado.

Rowan segurou seu rosto entre as mãos, forçando-a a olhar para ele. Seus olhos dourados estavam repletos de algo que ela não sabia decifrar.

— Eira, eu sei que é difícil, mas precisamos encarar a verdade. Ulrich escondeu sua origem por um motivo. E nós vamos descobrir qual é.

As palavras dele eram firmes, mas gentis. Eira se segurou nelas como se fossem a única coisa sólida em meio ao caos.

— O que mais você encontrou? — Rowan perguntou a Myra.

A anciã hesitou antes de fechar o livro com um estalo seco.

— Apenas um nome, mas é perigoso demais para ser dito.

Rowan cruzou os braços.

— Diga mesmo assim.

Myra suspirou e sussurrou, quase como se temesse que alguém ouvisse:

— Siegfried.

Eira sentiu um arrepio. Esse nome não significava nada para ela, mas a expressão sombria no rosto de Rowan dizia outra coisa.

— Quem é Siegfried? — ela perguntou.

Myra olhou diretamente para Rowan.

— Ele sabe a resposta.

Eira se virou para o alfa, que tinha o maxilar tenso e os olhos faiscando com algo profundo.

— Rowan?

Ele respirou fundo antes de dizer, em um tom baixo e carregado de significado:

— Siegfried é o verdadeiro herdeiro da Alcateia da Névoa Escarlate. Ou, pelo menos, deveria ser.

Eira franziu o cenho.

— Mas... se minha mãe era de lá e eu sou filha dela... isso significa que—

Rowan assentiu, interrompendo-a.

— Significa que o verdadeiro herdeiro pode ser você.

Eira sentiu o chão sumir sob seus pés.

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