O salão principal da mansão estava iluminado por velas, suas chamas tremulando com o vento que atravessava as janelas parcialmente abertas. Guérda caminhava ao redor de Eira, murmurando palavras antigas que pareciam ecoar em todos os cantos. Rowan estava ao lado dela, seus olhos atentos a cada movimento. Kael e Lirian, seus irmãos betas, mantinham uma posição de guarda, prontos para intervir caso algo saísse do controle.
“Você tem certeza de que deseja prosseguir?” Guérda perguntou, olhando diretamente para Eira.
Eira respirou fundo. O medo em seu coração era forte, mas a determinação em seus olhos o superava. “Sim. Quero minha loba de volta. Quero ser inteira novamente.”
Guérda assentiu, estendendo as mãos para Eira. “Muito bem. Vamos começar.”
A Guardiã começou a traçar símbolos no ar, que brilhavam com uma luz prateada. O ambiente parecia vibrar com uma energia antiga, quase palpável. Quando os símbolos começaram a girar em torno de Eira, ela sentiu uma pressão intensa em seu peito, como se algo estivesse tentando sair de dentro dela.
Rowan deu um passo à frente, os músculos tensos, mas Guérda ergueu a mão, pedindo que ele se mantivesse afastado. “Ela precisa passar por isso sozinha, Alfa. Não interfira.”
Eira caiu de joelhos, as mãos segurando o chão com força. Uma dor lancinante atravessou seu corpo, e imagens começaram a inundar sua mente.
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O Passado Perdido
Eira tinha seis anos. A floresta ao redor da alcateia estava silenciosa, exceto pelo som de seus passos apressados. Ela corria, o coração batendo rápido, segurando algo pequeno e frágil contra o peito: um filhote de lobo com a pata machucada.
“Eira! Onde você está?” A voz de seu pai, Ulrich, ecoava pela floresta, cheia de raiva.
Ela se escondeu atrás de uma árvore, tentando acalmar o filhote que gemia baixinho. Tudo o que queria era ajudá-lo. Mas, ao fazê-lo, desobedeceu uma ordem direta de seu pai para nunca tocar nos lobos selvagens que rondavam o território.
De repente, ela foi puxada com força. O filhote caiu de seus braços, e Eira encarou os olhos furiosos de Ulrich. Atrás dele, sua mãe e irmãos observavam com expressões mistas de desapontamento e escárnio.
“Você colocou todos nós em risco, sua tola!” Ulrich gritou, sua voz como um trovão.
“Ele estava machucado! Eu só queria ajudar!” Eira respondeu, as lágrimas escorrendo pelo rosto.
Ulrich não ouviu. Em vez disso, ele declarou à alcateia que Eira era uma ameaça, que sua compaixão cega poderia colocar todos em perigo. Para puni-la, ele chamou um sábio da região, que não apenas selou sua loba, mas também espalhou a mentira de que ela havia atraído caçadores humanos para o território. A culpa por uma emboscada que matou dois membros da alcateia foi colocada sobre seus ombros.
A memória era tão vívida que Eira gritou, a dor emocional misturando-se à física.
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A Libertação
Quando Eira abriu os olhos, sentiu algo diferente. Sua loba estava ali, pulsando em seu interior, como um coração há muito adormecido.
“Eu... consigo senti-la,” ela sussurrou, as lágrimas escorrendo livremente.
Guérda sorriu, exausta, mas satisfeita. “Ela nunca esteve longe de você, apenas aprisionada. Agora, vocês são uma novamente.”
Rowan aproximou-se, ajoelhando-se ao lado de Eira. Ele segurou seu rosto com gentileza, os olhos buscando os dela. “Você conseguiu, Eira. Estou tão orgulhoso de você.”
Eira, ainda tremendo, olhou para ele. “Eu lembro. Lembro por que todos me odeiam. Eles acham que eu causei a morte daqueles lobos... mas não foi minha culpa.”
“Eu sei que não foi,” Rowan disse com firmeza. “E agora que você lembra, podemos descobrir a verdade. Vamos limpar seu nome, Eira. Você merece isso.”
Ela olhou para ele, surpresa pela intensidade em suas palavras. Pela primeira vez, sentiu que não estava sozinha. Que alguém acreditava nela.
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O Começo de Algo Mais
Mais tarde, naquela noite, enquanto a mansão finalmente caía no silêncio, Eira sentou-se na varanda do quarto, olhando para a lua. Ela ainda estava se acostumando à presença de sua loba, que parecia inquieta, como se ansiasse por algo.
Rowan apareceu atrás dela, envolvendo-a com um cobertor. Ele se sentou ao seu lado, sua presença forte e tranquilizadora.
“Você está bem?” ele perguntou.
“Estou... tentando entender tudo isso. Mas, por algum motivo, sinto que posso fazer isso. E é por sua causa,” Eira respondeu, olhando para ele com gratidão.
“Você é mais forte do que pensa, Eira. Sempre foi. Eu só estou aqui para lembrá-la disso.”
Os olhos dela se encontraram com os dele, e algo passou entre eles. Um calor, uma conexão que ia além das palavras. Rowan ergueu a mão, acariciando suavemente o rosto de Eira, e ela não se afastou.
“Você é linda,” ele murmurou, a voz rouca.
Eira sentiu o coração acelerar, mas antes que pudesse responder, ele se inclinou levemente, os lábios quase tocando os dela. No entanto, ele parou, dando espaço para que ela decidisse.
Eira fechou os olhos, seu corpo inteiro tremendo de emoção. “Eu... quero isso,” ela sussurrou.
Quando os lábios dele finalmente tocaram os dela, foi como se todo o mundo desaparecesse. Rowan não apenas a beijava; ele prometia, em cada movimento, que nunca a abandonaria.
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Atualizado até capítulo 73
Comments
Nélida Cardoso
que escrotos maltrataram ela desde pequena isso não são pais eles vão pagar em dobro tudo que fizeram /Skull//Skull//Skull//Skull/
2025-03-06
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Lena Lima Lima
Que lindo. É maravilhoso a gente sentir que não está sozinha.
2025-02-07
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Angela Conceição Escritora
Obrigado por seu comentário 😍, já deixa sua opinião e o que pode ser melhorado!
2025-02-07
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