Capítulo 2: O Primeiro Dia na Alcateia do Eclipse Prateado
O vento cortante da noite dava lugar à luz suave da manhã quando Eira cruzou os portões da Alcateia do Eclipse Prateado. O território era vasto, coberto por uma floresta densa que cercava uma imponente mansão de pedra cinza. As paredes altas pareciam quase tocar o céu, transmitindo poder e segurança, mas também intimidando Eira.
Rowan caminhava ao lado dela, seus passos firmes contrastando com os dela, hesitantes. Atrás deles, os dois betas que sempre o acompanhavam, seus irmãos Kael e Lirian, observavam a recém-chegada com curiosidade.
Kael, o mais velho, tinha uma presença calma, com cabelos escuros como a noite e olhos tão profundos quanto os de Rowan. Já Lirian, o caçula, trazia um toque de leveza, com um sorriso discreto e cabelos castanhos claros que brilhavam sob o sol.
— Bem-vinda, Eira — disse Kael, sua voz suave e calorosa.
Lirian deu um sorriso amistoso, tentando aliviar o peso da situação.
— Não se preocupe. Rowan é rígido, mas não morde... na maioria das vezes.
Rowan lançou um olhar de advertência para o irmão mais novo, mas não pôde evitar um leve sorriso antes de olhar para Eira.
— Ignore-os. Vamos entrar.
Quando passaram pela entrada principal da mansão, Eira foi recebida por uma mistura de calor e grandiosidade. O salão principal era decorado com móveis robustos, uma lareira enorme e tapeçarias que contavam histórias antigas da alcateia. Apesar da beleza, Eira não conseguia deixar de sentir que não pertencia àquele lugar.
Ela parou por um momento, apertando o casaco contra o corpo enquanto seus olhos percorriam o ambiente.
— Está tudo bem? — perguntou Rowan, parando ao lado dela.
Eira hesitou antes de responder, sua voz baixa.
— É só... estranho. Tudo isso.
Rowan assentiu, entendendo o que ela não conseguia colocar em palavras.
— Não precisa se apressar. Este lugar será seu lar, mas você pode levar o tempo que precisar para se adaptar.
Kael se aproximou, cruzando os braços.
— Você vai perceber que aqui as coisas são diferentes. Não seguimos as mesmas... tradições que outras alcateias.
Lirian riu baixinho.
— Traduzindo: ninguém vai te julgar por coisas que você não fez.
Eira levantou o olhar, surpresa com a gentileza nas palavras deles. Não estava acostumada a isso.
— Obrigada — murmurou, sem saber exatamente como reagir.
Rowan gesticulou em direção a uma escada larga que levava aos andares superiores.
— Vou te mostrar onde você vai ficar.
---
O quarto que Rowan escolheu para Eira era amplo e acolhedor, com janelas que ofereciam uma vista deslumbrante da floresta. O ar estava impregnado com o aroma de madeira e algo mais... algo que a fazia se sentir segura, embora não quisesse admitir.
Eira olhou ao redor, os dedos passando pelos lençóis macios da cama. Ela se virou para Rowan, que estava parado perto da porta, observando-a.
— Por que você está fazendo isso? — perguntou ela, sua voz quase um sussurro.
Rowan cruzou os braços, mas seus olhos estavam suaves.
— Porque ninguém mais fez.
Eira abaixou o olhar, as palavras dele ecoando em sua mente. Era verdade, mas ainda assim era difícil acreditar que alguém pudesse querer ajudá-la sem esperar algo em troca.
— Eu... não sei o que dizer.
Rowan deu um passo à frente, mas manteve uma distância respeitosa.
— Não precisa dizer nada agora. Só descanse.
Antes que ela pudesse responder, Kael apareceu à porta, batendo levemente na madeira.
— Temos algumas coisas para resolver, Rowan. A reunião com os conselheiros é daqui a uma hora.
Rowan suspirou e assentiu antes de olhar para Eira uma última vez.
— Estarei no salão principal se precisar de algo.
Eira acenou com a cabeça, sentando-se na beira da cama. Quando Rowan saiu, Kael ficou parado na porta, olhando para ela.
— Ele pode ser um pouco intenso, mas é um bom alfa. Confie nele.
Antes que ela pudesse responder, Kael se foi, deixando-a sozinha no quarto.
---
Mais tarde, quando a noite caiu, Eira se encontrou em um momento ainda mais estranho. Rowan insistiu que ela jantasse com ele e seus irmãos na sala de jantar, algo que nunca havia experimentado antes.
— Então, Eira — começou Lirian, servindo-se de uma fatia generosa de carne —, já está pensando em como vai ocupar seu tempo por aqui?
Ela olhou para ele, surpresa com a pergunta.
— Eu... não sei.
Rowan interrompeu, sua voz firme, mas não rude.
— Você não precisa se preocupar com isso agora. Apenas se concentre em descansar e se recuperar.
Eira queria protestar, mas o olhar de Rowan a fez parar. Não era um comando, mas um lembrete de que ela não precisava carregar o peso do mundo sozinha.
Depois do jantar, Rowan a acompanhou de volta ao quarto. Ele hesitou antes de sair, como se quisesse dizer algo.
— Eu vou ficar no quarto ao lado. Se precisar de algo... qualquer coisa, me chame.
Eira assentiu lentamente.
— Obrigada.
Quando ele finalmente saiu, Eira se deitou, puxando o cobertor até o queixo. O calor da cama era estranho, quase desconcertante, mas, pela primeira vez em muito tempo, ela sentiu uma fagulha de esperança.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 73
Comments
Hilma Franco Sanch
quem tem uma família assim não precisa de inimigos, credo que pais mais sem noção, e irmãos também, fica longe dessa gentalha,,,,,
2025-04-03
1
Claudia Claudia
com uma família igual a sua é melhor esquecer e tentar viver da melhor forma possível
2025-03-28
1
Cecília Gazzaneo
Acho que era adotada, não tenho outra explicação no momento.
2025-04-08
0