O amanhecer chegou frio e silencioso, envolto pela névoa que pairava sobre o território da Alcateia das Sombras Eternas. No entanto, o ar não carregava apenas a umidade da madrugada — havia tensão. A chegada de Rowan na noite anterior ainda era o principal assunto entre os membros da alcateia.
Na mansão central, Ulrich estava sentado à cabeceira de uma mesa robusta, com Katerina ao seu lado. Ambos pareciam inquietos, mas tentavam manter a aparência de força. Rowan estava para chegar novamente, e o alfa das Sombras Eternas sabia que esse encontro não seria apenas uma formalidade.
O som de passos firmes no chão congelado anunciou a chegada de Rowan. Quando a porta foi aberta, ele entrou com a mesma imponência de antes, acompanhado de seus dois betas. Nas mãos, carregava um documento cuidadosamente dobrado.
— Ulrich, Katerina — cumprimentou ele, sua voz grave ecoando na sala. — Espero que tenham descansado bem.
Ulrich levantou-se lentamente, tentando igualar a autoridade de Rowan, mas falhando em esconder o leve tremor nas mãos.
— Não estamos acostumados a visitas tão... insistentes — disse Ulrich, com um sorriso forçado.
Rowan ignorou o tom ácido e se acomodou na cadeira oposta. Ele colocou o documento sobre a mesa e o alisou com calma antes de falar.
— Sobre a aliança que discutimos ontem — começou ele, olhando diretamente para Ulrich —, acredito que podemos formalizá-la hoje.
— Formalizá-la? — Katerina arqueou uma sobrancelha, inclinando-se para frente. — Você já levou nossa filha. O que mais você quer?
— Sua assinatura — respondeu Rowan com simplicidade. Ele deslizou o contrato na direção deles. — Este documento estabelece os termos do acordo.
Ulrich pegou o contrato, mas antes de começar a ler, Rowan continuou:
— Eu sei que sua alcateia precisa de proteção. E estou disposto a oferecer isso. Mas quero deixar claro que minha aceitação de Eira ontem não foi um ato de caridade.
Katerina estreitou os olhos.
— Do que está falando?
— Falo do papel que Eira terá na minha alcateia. Ela não será uma serva, como vocês presumiram.
O ambiente ficou gelado, e Ulrich apertou os punhos.
— Então o que ela será?
Rowan inclinou-se para frente, a intensidade de seu olhar quase esmagadora.
— Minha noiva.
O silêncio que se seguiu foi cortante. Katerina foi a primeira a se recuperar.
— Isso é ridículo! Você quer se casar com... com ela?
— Quero — respondeu Rowan, sua voz inabalável. — E antes que pensem em contestar, saibam que este contrato inclui mais do que minha palavra. Ele também estabelece que qualquer tentativa de interferência por parte de vocês ou da sua alcateia resultará na anulação imediata da aliança e na absorção completa de seus territórios pela minha alcateia.
Ulrich ficou pálido, os olhos correndo pelas palavras do contrato.
— Isso é chantagem! — ele exclamou, a voz aumentando.
— Não — respondeu Rowan calmamente. — Isso é proteção. Algo que sua alcateia precisa desesperadamente. Estou oferecendo um futuro para vocês. E para Eira.
Katerina levantou-se, os olhos brilhando de raiva.
— Você não pode simplesmente...
— Posso e vou — interrompeu Rowan, levantando-se também. Ele olhou diretamente para Ulrich. — Está em suas mãos. Assine o contrato, e você não terá apenas a minha proteção, mas também a segurança de saber que Eira estará sob cuidado e respeito. Não assine, e bem... — Ele deu um leve sorriso. — Tenho certeza de que você sabe o que acontece com alcateias enfraquecidas.
Ulrich ficou em silêncio por longos segundos. Ele olhou para Katerina, que cruzou os braços, furiosa, mas nada disse. Por fim, ele pegou a caneta que Rowan estendeu e assinou o documento com mãos trêmulas.
— Excelente — disse Rowan, pegando o contrato de volta. Ele o dobrou cuidadosamente antes de se virar para os betas. — Vamos.
Quando ele alcançou a porta, Ulrich finalmente falou:
— Você cometeu um erro ao levá-la.
Rowan parou, mas não se virou.
— Talvez. Mas eu prefiro acreditar que fiz a escolha certa. Algo que você não soube fazer.
E com isso, ele saiu.
---
Eira o esperava do lado de fora, envolta em um casaco pesado que ele havia dado a ela. Quando Rowan a viu, seus olhos suavizaram, mas sua expressão permanecia firme.
— Está feito — disse ele simplesmente.
Eira olhou para ele, confusa.
— O que está feito?
Rowan parou na frente dela, seus olhos fixos nos dela.
— Você é minha noiva agora.
Eira arregalou os olhos, surpresa e um pouco assustada.
— Noiva? Mas...
— Não se preocupe — disse ele, a voz mais suave. — Eu não espero que você confie em mim agora. Mas prometo que nunca deixarei ninguém te machucar novamente.
Eira sentiu as lágrimas se acumularem, mas não as deixou cair. Pela primeira vez em anos, ela sentiu algo que havia esquecido: esperança.
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Atualizado até capítulo 73
Comments
Mariauna
que aconteceu para ela ser rejeitada pelo seu povo
2025-04-04
1
Terezinha Scherer
tô curiosa pra saber o que ela fez
2025-04-09
0
sandra helena barbosa
Por que os pais não gostam da filha ?
2025-03-14
0