Capítulo 11: Marcas do Passado

A manhã chegou silenciosa, com os primeiros raios de sol entrando pelas grandes janelas do quarto. Eira abriu os olhos lentamente, sentindo um calor confortável ao seu lado. Rowan ainda estava ali, dormindo profundamente, sua respiração ritmada e tranquila. Ela o observou por um momento, o peito cheio de uma sensação que ela não sabia nomear. Pela primeira vez, em anos, ela não sentia medo.

No entanto, junto com a calma, veio a dúvida. A intensidade da noite passada ainda ecoava em sua mente. O que aquilo significava? Rowan havia lhe dado algo que ninguém mais tinha: segurança, liberdade... amor. Mas ela sabia que o mundo lá fora ainda era cruel. E o passado dela? Poderia ela realmente se desvencilhar de tudo que a havia prendido por tanto tempo?

Rowan começou a se mover, abrindo os olhos devagar. Ele a encontrou encarando-o e sorriu, ainda sonolento.

— Bom dia, minha loba.

Eira corou, desviando o olhar, mas não conseguiu conter um pequeno sorriso.

— Bom dia.

Ele se sentou, puxando-a para mais perto, e descansou o queixo em seu ombro.

— Você está bem? — perguntou ele, com a voz suave, mas carregada de preocupação.

Ela assentiu.

— Melhor do que pensei que estaria.

Rowan a olhou nos olhos, como se estivesse tentando ler cada pensamento que passava por sua mente.

— Isso é só o começo, Eira. Nós temos muito pela frente.

Eira mordeu o lábio, hesitante.

— Rowan, você não entende... Eu ainda sinto que algo está me segurando. Algo do meu passado.

Ele a segurou pelo rosto, os polegares acariciando suas bochechas.

— Então vamos desvendar isso juntos. Eu não vou permitir que nada te prenda novamente, Eira.

Antes que ela pudesse responder, batidas na porta interromperam o momento. Rowan suspirou e se levantou, vestindo rapidamente uma camisa. Quando abriu a porta, encontrou Myra, com uma expressão séria no rosto.

— Precisamos conversar, alfa. É urgente.

Ele assentiu, lançando um olhar rápido para Eira, antes de sair e fechar a porta atrás de si.

Myra o guiou até a sala principal, onde Liam e Caden já estavam esperando. Ambos estavam inquietos, o que imediatamente colocou Rowan em alerta.

— O que está acontecendo? — ele perguntou.

— Recebemos notícias da Alcateia das Sombras Eternas — disse Myra, cruzando os braços. — Ulrich está furioso com a libertação da loba de Eira. Ele enviou mensageiros para espalhar rumores de que ela é perigosa, que ela carrega um mal dentro de si.

Rowan rosnou baixo, os olhos brilhando com fúria.

— Covarde. Ele está tentando salvar a própria reputação, jogando a culpa nela.

— Não é só isso — continuou Myra. — Eu investiguei um pouco mais sobre o passado dela, e há algo estranho na história que ele conta sobre o que aconteceu quando ela era criança.

Liam se inclinou para frente, a expressão séria.

— O que você descobriu?

Myra hesitou.

— Ulrich e a mãe de Eira acusaram a menina de ter atacado uma criança de outra alcateia, causando sua morte. Mas os detalhes são vagos, e há partes que simplesmente não se encaixam.

Rowan cerrou os punhos.

— Porque é uma mentira. Eles usaram isso como desculpa para aprisioná-la, para evitar que ela se tornasse uma ameaça ao poder de Ulrich.

— Se for verdade, isso significa que Eira nunca foi culpada — disse Caden, o mais jovem dos irmãos, com a voz cheia de indignação. — E eles a fizeram acreditar que era.

Rowan respirou fundo, tentando controlar a raiva que crescia dentro de si.

— Não importa o que eles digam. Eu vou proteger Eira, custe o que custar.

Myra assentiu.

— Então precisamos nos preparar. Ulrich não vai parar por aqui. Ele vai tentar trazê-la de volta ou destruí-la de longe.

— Ele pode tentar — rosnou Rowan, os olhos brilhando com determinação. — Mas agora ela é minha companheira. E eu não vou deixar nada nem ninguém machucá-la novamente.

Enquanto isso, no quarto, Eira estava inquieta. Ela podia sentir que algo estava errado. O passado que Rowan tanto queria protegê-la parecia estar cada vez mais próximo, ameaçando o mundo que eles começavam a construir juntos.

Mas, ao mesmo tempo, havia algo novo dentro dela: uma força que ela mal começava a entender. Ela não sabia como, mas tinha a sensação de que, dessa vez, ela não seria a vítima.

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