Eduardo
Observo a todos atentamente, e a angústia se apodera de mim. Ninguém parece de fato se importar com a dor que Aurora está sentindo. Estão todos dispostos a atacá-la sem mais nem menos, como se ela fosse uma mera peça de um tabuleiro, especialmente sua irmã, que parece ter se esquecido do amor fraternal em nome de uma rivalidade mesquinha. Sempre fui muito observador, e isso me dá inúmeras vantagens nos negócios, mas agora percebo que essa habilidade se torna ainda mais crucial quando se trata de entender o sofrimento humano.
Enquanto Aurora e sua mãe se retiraram para fazer um chá, o pai de Aurora disse algo que me deixou sem palavras. Tudo o que lhe interessava eram seus ganhos pessoais e não o bem-estar da própria filha. Ele achava que seria muito fácil me fazer desistir de Aurora.
– Aurora é uma mulher muito difícil. Ela é arrogante e irresponsável; tenho sofrido durante todos esses anos com ela – ele disse com um tom de tristeza que soou triste para mim ter que ouvir tamanha falsidade.
Olhei sério para ele, não acreditando no que estava ouvindo. Como alguém poderia falar assim da própria filha? Então me virei para ele e disse:
– Aurora, pelo que me disse, é quem sustenta essa casa. E também foi traída pela irmã no dia do casamento. Onde está a mulher difícil? Arrogante? Irresponsável?
O pai de Aurora baixou a cabeça e nada respondeu. A culpa e a vergonha pareciam ter finalmente encontrado um espaço em seu coração endurecido.
– Depois de tudo isso, ainda me diz que ela é difícil? – continuei, enquanto notava a marca vermelha no rosto da minha noiva; nada passa despercebido aos meus olhos, e eu não gosto que toquem em nada que me pertence... – Quanto a isso, eu não estou brincando. Eu detesto que toquem no que é meu; seria melhor alertá-lo.
Ele ia começar a falar novamente, mas não o deixei prosseguir.
– Saiba que o bem-estar de Aurora está diretamente ligado a mim. Então não a faça ficar chateada e nem agrida novamente – afirmei firmemente. Vi seu rosto mudar de cor; ele sabia bem do que eu estava falando.
Não vou permitir que ninguém maltrate ou machuque Aurora, nem mesmo sua própria família.
Aurora e sua mãe retornam da cozinha, e tomo o chá que me servem rapidamente; meu desejo ardente é sair dali de uma vez por todas.
Olho novamente para minha noiva; por baixo de toda aquela calma aparente, ela guarda uma força imensa. Mesmo diante daqueles que a feriram profundamente, ela não se deixa abater – isso é uma qualidade rara e admirável.
– Temos ainda muito a conversar – digo, tentando quebrar o clima tenso –, se nos dão licença, irei levar Aurora para dar um passeio. Precisamos acertar alguns detalhes; o casamento será breve e precisamos definir tudo o máximo possível.
Meus futuros sogros se entreolham, mas não pronunciam contra minha decisão. É engraçado como as palavras podem ser cortantes como lâminas afiadas quando proferidas por aqueles que deveriam proteger e amar.
Aurora me observa com expectativa enquanto estendo minha mão para ela. Ela aceita prontamente meu gesto e juntos nos dirigimos à saída.
Sinto o olhar dos seus pais nas nossas costas, mas não me incomodo em dar mais nenhum detalhe; eles terão de se acostumar com meu jeito decidido e protetor. Principalmente porque agora Aurora não é mais um problema deles – ela é minha.
Apenas esse leve contato faz com que minha pele sinta um arrepio; olhar para ela me lembra da nossa noite no hotel. Ela é uma mulher incrível, cheia de nuances e mistérios; nunca senti uma atração física tão forte por alguém antes.
– Você está bem? Demoraram um pouco na cozinha – pergunto com interesse genuíno enquanto entramos no carro.
– Só discuti com minha irmã novamente... Ela é uma mulher difícil de entender – responde enquanto suas palavras carregam um peso emocional profundo.
– Aonde vamos? – completa com curiosidade.
Olho para ela pelo retrovisor e digo:
– Na verdade achei incrivelmente fácil ler sua família, mas entendo que deve ser bem mais complicado para você ver tudo isso; são sua família afinal... Você os ama.
Notei a tristeza brotando em seu olhar como uma flor murcha sob o calor escaldante do sol; aquilo me incomodou de maneira inexplicável, já que normalmente nada me afeta tanto assim.
– Nós vamos ao meu apartamento – mudei de assunto rapidamente para melhorar seu humor –, não quero que as pessoas pensem que minha noiva não sabe onde eu vivo.
Senti seu corpo ficar tenso ao ouvir aquelas palavras; talvez tenha pensado na mesma coisa que eu pensei: da última vez em que estivemos sozinhos em um lugar tivemos uma noite intensa e apaixonante. E eu pretendo repetir essa dose! Embora nosso casamento seja visto como um contrato social, meu desejo por ela transcende qualquer formalidade legal; visceral e real.
– O que faremos em seu apartamento? – ela pergunta enquanto noto sua respiração mudar o ritmo; agora está mais pesada e forte. Tenho certeza de que ela está pensando no mesmo tipo de "coisas" que eu estava pensando antes...
Ela hesita antes de responder:
– Quer dizer… nós… nós ainda não nos casamos e eu nem sei como será esse nosso contrato… e…
Aurora está nervosa, mas isso apenas realça sua beleza; suas bochechas coradas são como pétalas ao vento suave da primavera. Ela evita meu olhar enquanto suas mãos dançam nervosamente sobre as próprias pernas.
– Está se sentindo bem? – pergunto com um sorriso involuntário nos lábios ao ver quão agoniada ela está. Essa vulnerabilidade dela é cativante! – É só o meu apartamento! Por que você está tão ansiosa? No que está pensando?
Eu já sabia bem do que se tratava; apenas queria ouvir dela mesma o turbilhão de emoções por trás das palavras hesitantes. A tensão entre nós era palpável, quase elétrica! O carro parecia pequeno demais para conter toda essa energia acumulada entre nós dois!
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Atualizado até capítulo 130
Comments
Mare Matozo
eu não entendi porque ela ainda tá na casa dos pais, eu já teria ido embora no dia do casamento, se ela é independente porque continuar sendo humilhada ainda não viu q a irmã é uma 🐍
2025-03-13
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Suzana Souza
a mais ele vai fazer e muito feliz a o Diogo vai sofrer muito com a cobra 😄😄
2025-02-23
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Edna Aparecida Rodrigues Pereira
tomara que Eduardo ama Aurora de verdade
2025-02-05
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