Os homens de preto estavam se aproximando de mim, e a cada passo que davam, meu coração disparava como se quisesse saltar do peito. O medo era palpável, uma sombra que se instalava em minha mente. O que queriam aqueles homens comigo? Eu não era ninguém importante, uma simples garota que sonhava com dias melhores. A ideia de que alguém pudesse querer me sequestrar parecia absurda, quase irreal.
— Se afastem de mim! Eu estou avisando! — minha voz tremeu, mas eu tentei manter a firmeza. O que eu poderia fazer contra duas paredes de músculos? O desespero começava a tomar conta de mim, e a sensação de impotência era sufocante.
Atrás de mim, o mar se agitava com a força das ondas. Eu recuei mais alguns passos até sentir a madeira fria do deck em minhas costas. Com um impulso, subi e me pendurei do outro lado, tentando me distanciar deles. Os homens pararam e me encararam, com uma expressão que misturava surpresa e curiosidade. O tempo parecia ter parado naquele momento.
Foi então que notei um homem correndo em nossa direção. O vento e a chuva tornavam difícil distinguir seu rosto, mas havia algo familiar nele. Poderia ser um salvador ou mais um cúmplice dos homens de preto.
— Aurora, saia já daí! É perigoso! — gritou ele, e meu coração gelou ao ouvir meu nome. Como ele sabia quem eu era? Nunca o tinha visto antes.
— Quem são vocês e o que querem de mim? — Questionei, a voz embargada pela mistura de medo e indignação.
— Você deve saber quem eu sou... saiu de fininho do meu quarto esta manhã. Acredito que não tenha tido nenhum lapso de memória — ele disse com um tom provocativo.
Se não estivesse tão aterrorizada, provavelmente teria corado ferozmente ao perceber que ele estava certo. Mas o medo dominava meus pensamentos.
— E o que quer de mim? — perguntei, tentando disfarçar o tremor na voz.
Antes que pudesse ouvir a resposta, perdi o equilíbrio e caí no mar revolto. A água salgada queimou meu nariz e peito, e o pânico tomou conta enquanto tentava me orientar para nadar. Foi quando senti um puxão forte e percebi que o homem misterioso estava me arrastando de volta à superfície.
Saímos da água exaustos, puxando ar com força para os pulmões. A adrenalina pulsava em minhas veias.
— Acha que vale a pena tirar sua vida por pessoas como eles? — ele disparou com uma intensidade perturbadora.
— O quê? Do que você está falando? Eu não ia tirar a minha vida! Vocês quase me mataram de susto! — respondi com raiva.
— O que você ouviu, não se faça de desentendida! — Sua voz era fria e autoritária. — Não vale a pena fazer algo tão estúpido!
— E quem pensa que é para me dizer o que devo fazer? Eu nem te conheço! — minha indignação crescia a cada palavra.
Ele respirou fundo antes de continuar: — Eu tenho uma proposta para você... Case-se comigo!
A incredulidade tomou conta de mim. Só podia estar ouvindo coisas erradas ou ele realmente estava louco. Como alguém poderia fazer um pedido desses logo após me salvar?
— Está brincando comigo? Olha, eu não estou em um bom dia... Você me fez cair na água! Vou embora agora mesmo!
— Não estou brincando, Aurora — corrigiu-me com firmeza. — Falo sério. Quero que se case comigo; posso te ajudar... Além do mais, é minha responsabilidade assumir o que fiz; você ainda era virgem, e me sinto responsável pelo que aconteceu.
O choque foi tão grande que eu mal consegui processar suas palavras. Ele estava insinuando algo muito além da compreensão.
— Me ajudar? Ajudar em quê? — balbuciei atordoada. Ele era lindo à sua maneira estranha, mas isso não tornava sua proposta menos insana. — Não tem do que se responsabilizar; eu também quis! Somos adultos e podemos seguir em frente!
— Posso te ajudar a se vingar deles! Sua irmã se casou com seu ex-noivo, meu sobrinho! Posso te ajudar a fazê-los pagar pelo que fizeram com você!
A raiva borbulhou dentro de mim como vulcão prestes a explodir: — Não! Não! Tio? Eu não vou me casar com você! E quer saber? Não vou me vingar de ninguém; os dois são iguais e se merecem! Não vou descer ao nível deles!
Ele insistiu: — Eles não merecem estar felizes depois do que te fizeram! Se você se casar comigo, podemos dar o troco. Sou tio do Diogo; sei que nunca ouviu falar de mim e se ouviu foi para dizerem que sou um bastardo.
As peças começaram a se encaixar lentamente em minha mente confusa: Diogo... o ex-namorado traidor da minha irmã...
— E quem é você, afinal? — perguntei em um misto de curiosidade e desconfiança.
— Tenho meus próprios motivos — disse ele enigmático.
A raiva foi substituída por uma estranha sensação de desespero misturada com esperança. Mas ainda assim resisti: — Tudo bem, mas minha resposta continua sendo não! Estou congelando aqui!
— Eu te levo até sua casa.
— Não! Obrigada! — Saí apressada; ele parecia ter algum distúrbio mental; como alguém pede alguém em casamento assim? Sem nem conhecer?
Peguei um táxi até casa e percebi como tudo poderia ser ainda mais estranho ao entrar. Meus pais estavam lá com Rose e Diogo; os dois estavam abraçados e sorrindo como se nada tivesse acontecido entre nós. Rose estava prestes a embarcar em sua lua de mel enquanto eu mal conseguia respirar diante da dor da traição.
— Ah, olha quem temos aqui; onde estava irmãzinha? O que andou fazendo na noite em que não estava em casa quando chegamos? — disse Rose com uma ironia insuportável.
— E o que isso te importa? — respondi secamente.
Ela jogou seu olhar dramático sobre mim: — Estou apenas preocupada com minha irmã... Vai deixá-la falar comigo dessa maneira, Diogo? Estou grávida; não posso ficar nervosa; pode afetar nosso bebê...
A cena era repulsiva; eles eram repugnantes na felicidade deles enquanto eu me sentia caindo aos pedaços por dentro.
— Vocês nunca vão ser felizes depois do que fizeram! — gritei para eles antes de sentir um tapa forte no meu rosto vindo do meu pai; nunca estive tão confusa entre amor e ódio por ele antes daquele momento.
Ele sempre escolheu dar atenção à Rose; nunca esteve ao meu lado nos momentos difíceis da vida, dela ou da minha própria vida!
Corri para fora da casa sem olhar para trás; as lágrimas escorriam pelo meu rosto enquanto eu lutava contra o desespero crescente dentro de mim. No caminho, esbarrei em alguém novamente; meus olhos estavam nublados pelas lágrimas, mas reconheci aquela voz familiar perguntando sobre o que havia acontecido comigo.
Então as palavras saíram sem pensar:
— Eu aceito sua proposta! Eu aceito casar com você... Quero me vingar deles todos!
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Atualizado até capítulo 130
Comments
Suzine Fatima
Autora , por favor ,lembre de no início de cada capítulo coloque o no.e de quem está narrando . Obrigada .
2025-02-22
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Mara Trindade
É isso aí, ninguém é ingênuo totalmente. que a vingança venha com sabedoria.
2025-01-24
4
Neria Silva
isso mesmo, amei ❤️ esse capítulo manda mais quero ver a Aurora por cima
2025-02-13
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