Capítulo 17

Rose

Aurora. O nome dela ecoa na minha mente como um sussurro venenoso. Desde que éramos pequenas, ela sempre soube como brilhar, como atrair olhares e corações sem esforço algum. Eu a observava, perdida em um mar de inseguranças, lutando para ser notada, para ser vista. Com aquele ar de superioridade e a aparência de boa moça, Aurora se tornava o centro do universo ao nosso redor. Mas eu sabia a verdade: ela não me enganava. Mesmo quando finalmente consegui fazer Diogo se casar comigo, o que eu tanto desejava, Aurora ainda encontrava uma maneira de me superar. Isso me consumia por dentro, uma chama ardente de raiva e inveja que não poderia ser apagada.

Aurora era a garotinha perfeita, a filha mais velha que todos amavam e admiravam. Eu sempre tive que me esforçar mais do que o necessário apenas para receber um pouco da atenção dos outros. Enquanto ela recebia elogios sem esforço, eu me via presa em um ciclo de tentativas frustradas e comparações dolorosas. O brilho dela me ofuscava, e mesmo sabendo que era apenas uma questão de tempo até que as pessoas voltassem para mim, eu não conseguia evitar a amargura que crescia dentro de mim.

Com o passar dos anos, minha mente começou a traçar planos sombrios. Para cada sorriso gentil que ela recebia, eu criava histórias distorcidas sobre sua vida perfeita. As palavras saíam da minha boca como veneno, espalhando rumores que se espalhavam como fogo na palha seca. Aos poucos, as pessoas começaram a se afastar dela, e Aurora acabou se tornando uma sombra do que era antes. Ela ficou mais reclusa, mais dependente de mim – ou pelo menos era isso que eu pensava. Naquele momento sombrio da minha vida, eu me sentia como uma rainha em um castelo construído com mentiras.

Foi então que Diogo apareceu em cena. Ele era tudo o que Aurora não conseguia ver: um homem apaixonado e determinado a conquistar seu coração. No início, ela não lhe dava atenção; sua mente estava ocupada com estudos e trabalho duro para ajudar nossa família. Mas Diogo não desistiu dela; ele a adorava com toda a sua intensidade.

Eu sabia algo crucial: Aurora nunca seria capaz de oferecer tudo o que Diogo desejava. Seu coração bondoso e puro estava preso em tradições antiquadas; ela queria esperar até o casamento para entregar-se a ele completamente. E assim, eu comecei a me aproximar dele gradualmente como uma sombra sorrateira à espreita da luz.

Enquanto Aurora lutava com seus livros e responsabilidades familiares, eu estava lá. Em um dia em que Diogo bebeu um pouco demais em uma festa qualquer, eu vi minha oportunidade brilhar como um farol na escuridão da minha ambição. Seduzi-lo foi fácil; fiz com que ele enlouquecesse de desejo por mim. Sabia que ele ansiava por algo que Aurora nunca poderia lhe dar – Sexo.

A cada encontro secreto entre nós, eu sentia meu poder crescer; tornamos cúmplices em nossos jogos obscuros enquanto Aurora permanecia alheia ao nosso mundo clandestino. Ele tentava parar várias vezes; havia momentos em que ele queria deixar tudo isso para trás e voltar para sua doce namoradinha ingênua. Mas eu sempre o seguia como uma sombra persistente e o fazia mudar de ideia com palavras doces e promessas vazias.

Eu fiz com que ele se sentisse culpado por ter me usado – mesmo sabendo que fui eu quem orquestrou tudo isso desde o início. Ele começou a acreditar em mim e no amor que supostamente compartilhamos. Finalmente, aquela sensação de ter tudo nas minhas mãos preenchia meu coração: Diogo era meu! Eu havia conquistado tudo o que sempre quis – ou assim pensei.

Mas então chegou hoje que era para ela estar deprimida, acabada eu vi Aurora sendo pedida em casamento por um bilionário deslumbrante chamado Eduardo. Meu mundo desabou ao saber disso! Como ela poderia fazer isso comigo? Justo quando acabei de alcançar meu objetivo supremo! A ideia de vê-la feliz ao lado de outro homem me consumia completamente; não poderia permitir isso!

— Vocês já estavam juntos então? Por isso você aceitou tudo tão facilmente? E fez eu sua irmã passar por pessoas ruins? — ouvi meu marido perguntar com aquele tom desdenhoso.

Sim! Fazer com que eles vissem Aurora como uma traidora seria uma maneira perfeita de virar todos contra ela! O plano começava a tomar forma na minha mente envenenada.

— O que pensa que está dizendo? Estive com você durante anos! Não foi a mim quem você pegou na cama com outro! Não coloque esse peso nas minhas costas! — Aurora respondeu com indignação, seu rosto pálido refletindo horror.

Aquilo me irritou profundamente! Tão santinha… Se apenas soubesse!

— Nós não estávamos juntos! Nunca estivemos! Mas conheço uma joia quando vejo uma — disse Eduardo imediatamente defendendo-a, seu olhar cheio de admiração enquanto mirava para ela.

Aquele olhar me enjoava; era como se ele visse além das aparências e enxergasse algo puro nela – algo pelo qual eu nunca conseguiria competir. Como ela conseguia deixar os homens tão encantados sem nem precisar tocar neles? A expressão no rosto de Diogo denunciava seu ciúme ardente enquanto observava aquela cena se desenrolar diante dele.

— Claramente ela está mentindo! Como ele iria se casar assim tão rápido se já não tivessem um caso? Pai… — tentei protestar furiosamente.

Mas meu pai interrompeu-me abruptamente:

– Rose, conversamos depois; vocês têm uma viagem para fazer agora. Podem ir; eu resolvo as coisas por aqui.

Meu sangue ferveu; aquilo era insuportável! Não posso permitir que ela tenha essa vitória sobre mim! Não posso deixá-la conquistar esse homem bilionário!

Diogo permaneceu parado como uma estátua ao meu lado enquanto as emoções ferviam dentro dele também; estava claro que ele desejava impedir esse casamento tanto quanto eu – mas não por amor a mim!

Aurora nunca será mais do que eu! Ela sempre será aquela garota ingênua disposta a trabalhar duro para nos sustentar enquanto eu tomo as rédeas da situação nas minhas mãos.

Não posso permitir essa humilhação pública! Minha mente fervilhava com planos tenebrosos sobre como destruir essa felicidade recém-descoberta dela… Afinal de contas, ninguém pode ter tudo nessa vida sem pagar um preço!