Eu sou Aurora Prates, simples, simpática e linda, era o que sempre ouvia e sempre fui vista como diferente do restante da minha família. Enquanto todos carregavam o peso do sobrenome com orgulho e pompa, eu só queria ser eu mesma, na verdade eu acredito que não pertenço essa família. Mas, eu nunca fui suficiente para eles, a não ser, no dia de pagar as contas ou comprar alguma e até mesmo dar dinheiro. Diziam que eu precisava honrar o que representamos, que ser simples era quase um defeito, essa era eu. Uma mulher simples, mas que sabia onde queria chegar. Talvez, para alguns, eu até parecesse tola, uma peça desalinhada em uma engrenagem perfeitamente ajustada. Eu me sentia como uma flor silvestre em um jardim de rosas exuberantes; bela à sua maneira, mas sempre à margem da admiração. O pouco tempo livre que me sobrava, minha mãe ocupava com tarefas domésticas.
Andei pelo corredor, meus passos ecoando suavemente no piso frio enquanto procurava o quarto onde minha irmã, Rose, estava hospedada. Meu coração ansiava por sua presença, por aquela calma que ela sempre trazia. Em meio ao caos das interações sociais e das expectativas familiares, ela era meu refúgio. Mas, ao me aproximar da porta, um som diferente prendeu minha atenção.
Vozes. Mais de uma. E uma delas, inconfundível... Era Diogo. O que ele estava fazendo no quarto da minha irmã? Uma onda de confusão e desconfiança me invadiu instantaneamente. A mansão, agora silenciosa, tinha um ar quase fantasmagórico. A maioria dos convidados já havia se dirigido ao jardim, onde a cerimônia ao ar livre logo começaria. O vazio ao meu redor só aumentava a estranheza do momento. As vozes no quarto, no entanto, estavam longe de serem conversas casuais; elas eram sussurros abafados, carregados de algo que não consegui identificar de imediato, mas que fizeram meu estômago revirar.
Meu corpo reagiu antes que minha mente pudesse processar. Minha mão tocou a maçaneta, girando-a lentamente, com cuidado para não produzir nenhum som. Meu coração parecia correr uma maratona dentro do peito, batendo tão forte que eu quase podia ouvir sua pulsação nos ouvidos. A adrenalina tomava conta de mim como um incêndio fora de controle; algo estava errado e eu sentia isso nas profundezas do meu ser. Aquele tipo de intuição que não pode ser ignorada.
Enquanto a porta se abria milímetro por milímetro, uma avalanche de emoções me invadia – medo, curiosidade e confusão se misturavam em um turbilhão insuportável. Eu precisava saber o que estava acontecendo ali dentro. Mesmo que isso significasse enfrentar algo que eu talvez não estivesse pronta para ver.
Assim que abri uma pequena fresta da porta, os sons se tornaram mais claros; cada gemido soava como um punhal rasgando minha alma em mil pedaços. Era impossível confundir o que estava acontecendo ali: a traição pairava no ar como um veneno invisível. Cada ruído parecia ecoar pela mansão vazia, mas era dentro de mim que ressoavam com mais força, destruindo tudo o que eu acreditava sobre amor e lealdade.
Meu corpo congelou no momento em que meus olhos captaram a cena: minha irmã, deitada com as pernas abertas, recebendo o homem que deveria se tornar meu marido em menos de uma hora. A imagem gravou-se em minha mente como uma cicatriz eterna; uma ferida aberta que jamais se fecharia. Era como se o chão tivesse sumido sob meus pés; como se o ar ao meu redor tivesse sido roubado por um furacão devastador.
A traição dupla me atingiu como um soco no estômago, deixando-me sem fôlego e sem chão sob os pés. As duas pessoas em quem mais confiei na vida – minha irmã e o homem que jurei amar para sempre – estavam ali juntos, me apunhalando pelas costas com a frieza de quem não sente remorso algum. Como eles puderam? Como foi que se permitiram cruzar essa linha?
As lágrimas encheram meus olhos instantaneamente; mas eu as contive com todas as forças que consegui reunir naquele momento devastador. Pisquei rápido para evitar que caíssem e revelassem minha presença indesejada. Segurei a respiração com desespero enquanto lutava contra a onda avassaladora de emoções: uma dor profunda, me senti caindo em um abismo sem fim, senti uma raiva fervente como um vulcão prestes a entrar em erupção e uma incredulidade esmagadora.
A quanto tempo eles vinham me enganando? A quanto tempo mantinham essa relação suja bem debaixo do meu nariz? Cada sorriso falso trocado entre nós agora parecia uma armadilha cruel disfarçada de carinho genuíno; tudo era mentira! Cada momento compartilhado agora era distorcido pela traição e pela deslealdade.
Minha mente gritava para que eu entrasse no quarto e exigisse explicações para os confrontar e exigir respostas para a dor insuportável que me consumia por dentro. Mas meu corpo estava paralisado; incapaz de reagir como se uma corrente invisível me mantivesse ali presa à realidade cruel diante dos meus olhos – apenas assistindo à destruição da minha própria felicidade.
E então veio um pensamento aterrador: talvez eu nunca tenha sido suficiente para eles; talvez eu fosse apenas a que paga as contas e a que mantém a empresa em alta ou uma peça descartável nesse jogo sujo que eles vinham jogando sem qualquer consideração por mim ou pelos laços familiares sagrados entre nós.
Mas se fosse isso que pensavam... Oh! Irão descobrir rapidamente que eu não sou tão frágil quanto imaginavam! Eles tinham acabado de criar uma nova versão de mim – uma versão moldada pela dor e pela traição! Essa nova Aurora não aceitaria mais ser destruída em silêncio ou submissa às expectativas alheias.
Com cada batida frenética do meu coração ecoando na solidão do corredor escuro da mansão, percebi algo fundamental: aquela dor aguda poderia ser transformada em força renovada! Uma força capaz de destruir as correntes invisíveis da expectativa familiar e da traição disfarçada de amor.
E assim respirei fundo – não mais como alguém perdida na escuridão da traição – mas como alguém que renasce das cinzas da dor! O mundo poderia esperar! Eu tinha muito mais a fazer do que simplesmente aceitar esse destino cruel!
Com essa determinação ardente queimando dentro de mim como fogo ardendo, finalmente afastei-me da porta entreaberta e deixei aquele momento sombrio para trás – pronta para abraçar a nova Aurora; aquela que acabou de nascer e será capaz de enfrentar qualquer tempestade em nome do amor-próprio e da verdade!
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Atualizado até capítulo 130
Comments
Mara Trindade
A Aurora deveria ter se deixado ver pelos traidores, pois ainda vai sair de vilã nessa estória.
2025-01-24
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Suzine Fatima
Meu Deus !
Autora , faça com q Aurora consiga ultrapassar a grande traição e deixar de ajudar o povo dela como ela ajudava , pois todos familiares sabiam , sem dúvidas .
2025-02-21
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Antonia Colere
já nesses primeiros episódios a história está intrigante mas uma mulher traída se torna forte e vsi sobrepujar o q vier pela frente...vamos lá Aurora mostra do vc e capaz.
2025-02-14
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