Saí do hotel com o coração acelerado, como se ele fosse explodir a qualquer momento. Cada passo meu parecia ecoar pela calçada, carregado de uma vergonha que queimava minha alma. Não podia encarar ninguém, não queria ser reconhecida. Não depois de tudo que aconteceu. Meu não casamento. Minha traição. Meu fracasso.
Entrei no táxi sem pensar duas vezes, mas minha casa parecia um destino longe demais de mim agora, como se eu não pertencesse mais àquele lugar. Ordenei ao motorista que me levasse à praia. Era o único refúgio que me fazia sentir algo além da dor. Um pedaço de mim que eu ainda sentia e conhecia.
A praia estava deserta, o céu carregado de nuvens pesadas, tão cinza quanto meus pensamentos. Era como se o universo estivesse em luto por mim. Caminhei em direção ao velho deck, meu esconderijo secreto, um pequeno gazebo no fim de tudo, onde o horizonte encontrava o mar. Ali, eu sempre conseguia chorar sem ser vista, gritar em silêncio sem ser ouvida.
A madeira rangia sob meus pés, e o som das ondas quebrando ao longe me preenchia com uma sensação de melancolia quase confortável. Meus olhos fitavam o infinito, mas minha mente me prendia ao passado recente, à noite que eu desejava esquecer.
Minha pele queimava só de lembrar. Como eu pude? Eu, que guardei tudo de mim para Diogo, que nunca me entreguei de corpo e alma porque acreditava no amor puro. E, em um único momento de raiva e desespero, me joguei nos braços de um estranho. O homem mais bonito e misterioso que já vi. Sua voz grave, suas mãos firmes, seu olhar que parecia despir a alma…
"Grande tola!", minha mente gritava, castigando-me mais do que qualquer pessoa poderia. Achei que aquilo apagaria a dor, mas só adicionou culpa. E agora, o que ele pensaria de mim? Talvez eu fosse só mais uma em sua lista de conquistas. Talvez ele já tivesse esquecido enquanto eu continuava presa à memória de seu toque.
O vento começou a soprar mais forte, trazendo a chuva com ele. Pingos frios tocaram meu rosto, mas eu não me movi. Só queria sentir alguma coisa além do vazio. Curvei-me para molhar os dedos no mar, como se pudesse lavar minha alma junto com as águas salgadas. Foi então que ouvi passos.
Rápidos. Determinados.
Levantei o olhar assustado e me virei. Dois homens se aproximaram, suas roupas pretas impecáveis destoando do ambiente descontraído da praia. Pareciam saídos de um filme de ação, com seus ternos impecáveis e rostos sem expressão. Meu coração disparou.
– Senhorita, por favor, mantenha a calma – disse um deles com as mãos erguidas em um gesto de paz. – O mar está agitado. Não faça nada precipitado.
O quê? Eles achavam que eu…
– Quem são vocês? – minha voz saiu firme, mas meu coração martelava.
– Estamos aqui para garantir sua segurança – disse o outro enquanto levava o celular ao ouvido e falava algo que não conseguia entender.
Dei um passo para trás instintivamente. Algo neles me causava arrepios, um tipo de ameaça silenciosa.
– Não vou a lugar nenhum com vocês! – minha voz tremeu, mas eu tentei soar convicta. – Não sei quem são nem o que querem comigo!
Eles não se moveram. Mas seus olhares pareciam me avaliar como se soubessem mais sobre mim do que eu mesma sabia. O que estava acontecendo? Por que estavam atrás de mim? E por que agora quando eu só queria desaparecer?
A chuva começou a cair mais forte e as ondas se tornaram mais intensas à medida que meu pânico aumentava. O cenário já sombrio parecia ainda mais ameaçador com os relâmpagos cortando o céu cinzento como se quisessem iluminar minha angústia interna.
– Escute – começou um dos homens com uma voz calma mas firme –, você pode não entender agora, mas precisamos levá-la para um lugar seguro.
“Seguro?” Pensei comigo mesma enquanto sentia a adrenalina percorrer minhas veias como um veneno corrosivo. Eu não sabia em quem confiar; sentia-me perdida entre as sombras da traição e os mistérios daquela situação inusitada.
– Olha só… Eu não estou interessada em problemas – disse tentando manter a compostura enquanto as lágrimas ameaçavam escorregar pelo meu rosto sujo pela chuva misturada ao sal do mar –, só quero ficar sozinha!
Um deles fez sinal para o outro e murmurei algo sobre “ela está desesperada”. Aquelas palavras ecoaram na minha cabeça como uma sentença cruel: “desesperada”. Era exatamente isso que eu era – uma mulher quebrada à beira do abismo emocional após ter destruído tudo pelo qual trabalhei tanto para construir.
Foi quando algo dentro de mim estourou; uma mistura intensa de dor e raiva tomou conta do meu ser e eu gritei:
– Eu não preciso da sua proteção! Eu sou forte! Posso cuidar de mim mesma!
Os homens trocaram olhares cúmplices antes de voltarem sua atenção novamente.
– Senhora… temos informações sobre você – disse um deles com um tom sombrio na voz –, informações perigosas.
Meu coração parou por um segundo; o medo tomou conta do meu corpo frágil enquanto lutava contra as memórias traiçoeiras daquela noite fatídica na festa onde tudo começou a desmoronar.
– Informações? Que tipo de informações? – perguntei ofegante e confusa ao mesmo tempo.
– Precisamos falar sobre Diogo – respondeu o homem mais alto enquanto seus olhos penetravam os meus com uma intensidade perturbadora.
O nome dele ressoou dentro da minha cabeça como uma maldição; era tudo o que eu queria esquecer naquele momento! O homem cuja confiança havia traído aquele amor tão puro transformado em cinzas pela própria fraqueza!
Eu estava prestes a protestar quando percebi: talvez eles soubessem algo sobre aquele dia… sobre aquela noite… Sobre as consequências do meu erro!
Eu hesitei por um momento antes de finalmente ceder:
– Ok… O que vocês sabem?
Os dois homens trocaram olhares significativos antes do mais baixo começar:
– Temos motivos para acreditar que Diogo não é quem você pensa…
As palavras dele soaram como um balde de água fria jogado sobre mim; cada sílaba era recheada com uma verdade angustiante prestes a ser revelada.
O espaço entre nós parecia encolher enquanto eles davam pequenos passos na minha direção como predadores prontos para devorar sua presa vulnerável.
– Ele está envolvido em algo muito maior do que você imagina... algo perigoso – continuou o homem enquanto seu tom tornava-se mais grave –, e você pode estar em risco apenas por estar perto dele!
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Atualizado até capítulo 130
Comments
Suzine Fatima
Devem ser os seguranças a mando do Bennett.
2025-02-22
0
Jane Silva
estão tirando o foco pra poder pegar ela
2025-02-10
0
Aldenora Tavares
esse Diogo tá parecendo um bandido
2025-02-25
0