Nenhuma mensagem

Passei o dia inteiro olhando para o celular, esperando alguma mensagem de Vittorio. A cada notificação, meu coração acelerava, mas não era ele. Fiquei ansiosa, a mente agitada, e não consegui me concentrar direito nos pedidos do restaurante. Tudo parecia correr mais devagar, como se o tempo estivesse se arrastando só para me fazer pensar mais nele, sem parar. A expectativa de algo que não vinha me deixava cada vez mais inquieta.

Quando o expediente finalmente terminou, eu ainda estava absorta nessa ansiedade. Sara me olhou de soslaio e perguntou:

— O que foi, Manu? Está com a cara de quem perdeu o controle do próprio dia.

Eu respirei fundo antes de responder, tentando disfarçar a frustração que estava se formando dentro de mim:

— Ele não me mandou mensagem o dia inteiro.

Sara parecia não entender completamente a gravidade da situação para mim, e tentou tranquilizar:

— Talvez ele foi trabalhar.

Eu revirei os olhos, já um pouco cansada dessa justificativa. Não que eu realmente acreditasse nisso. Ele já tinha me dito que só trabalhava no inverno ajudando o pai, e agora, naquele momento, ele não tinha nenhuma desculpa plausível.

— Ele me disse que só trabalha no inverno, ajudando o pai — repliquei, tentando me convencer de que eu estava sendo paranoica.

Sara, com sua atitude sempre descontraída, não parecia muito preocupada. Ela me lançou um olhar confiante e sorriu:

— Relaxa, não fica na neurose com homem. Estamos na viagem dos nossos sonhos, né? Aproveita o momento! Depois de terminar aqui, vamos sair e conhecer a noite de Nápoles!

Eu respirei fundo, ainda com a sensação de estar perdendo algo, mas sabia que ela tinha razão. O que importava naquele momento era aproveitar a cidade, a companhia de Sara, e me distrair um pouco da obsessão por alguém que talvez nem estivesse tão focado em mim quanto eu pensava.

— Você tem toda razão — disse, um pouco mais tranquila, tentando deixar as preocupações de lado.

Sara me deu um sorriso largo, e juntos fomos aproveitar a noite de Nápoles, sem saber o que o futuro poderia reservar para mim.

A noite em Nápoles estava maravilhosa, a cidade vibrava com uma energia que eu não conseguia ignorar. Sentamos em um restaurante pequeno, na rua, com vista para o movimento das pessoas e, claro, para os homens italianos que passavam, todos com aquele charme que só os italianos sabem ter. Mas, apesar da cidade incrível e da companhia da Sara, meus olhos estavam fixos no celular. A ansiedade me consumia.

Mandei um simples “oi” para Vittorio e perguntei se ele já tinha chegado em casa, mas ele visualizou a mensagem e não me respondeu. Cada vez que eu olhava o celular, a sensação de frustração aumentava. Eu sabia que estava agindo como uma adolescente apaixonada, mas não conseguia evitar.

Sara percebeu a tensão em mim e, com um sorriso travesso, perguntou:

— Está esperando a mensagem dele?

Eu suspirei e olhei para ela com um leve sorriso de frustração.

— Ele nem me avisou que chegou em casa.

Sara, com seu jeito sempre descontraído, deu um gole na bebida e comentou:

— Pode ser que ele seja tão despreocupado que aquilo foi só uma noite para ele. Não deve ser nada de mais, Manu.

Eu olhei para ela, tentando processar a ideia, mas uma parte de mim não queria acreditar nisso. Não queria admitir que talvez ele tivesse sido apenas mais uma aventura passageira para ele. Respirei fundo e, de repente, uma ideia surgiu:

— Eu vou beber muito hoje para amenizar essa agonia.

Sara riu e me deu um olhar compreensivo.

— Relaxa, prima. Curte a noite, a cidade, e deixa as coisas fluírem. Não vale a pena se perder em preocupação.

Eu sorri, meio sem convicção, mas sabia que Sara estava certa. Mesmo que minha mente estivesse cheia de dúvidas, eu estava em Nápoles, uma cidade linda e cheia de possibilidades. Então, decidi tentar me divertir, deixar o celular de lado e aproveitar a noite.

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