Caótico e Fascinante

Vittorio estacionou o carro em um dos centros históricos e, com o celular na mão, disse com um sorriso travesso:

– Vou tirar as melhores fotos da bela.

Eu sorri, meio sem jeito, e fiz algumas poses enquanto ele apontava a câmera para mim. Ele parecia levar a "missão" a sério, movendo-se de um lado para o outro para encontrar o melhor ângulo.

– Perfeita – disse ele, me mostrando uma das fotos, e eu não pude deixar de rir.

Passamos o dia explorando os pontos turísticos mais bonitos de Nápoles. A cada novo lugar, ele falava com paixão sobre a história, a arquitetura e as tradições locais. Era como se ele quisesse que eu me apaixonasse pela cidade tanto quanto parecia apaixonado por ela.

Já passava das sete da noite quando ele parou em frente a uma pequena praça iluminada por luzes amarelas. Ele olhou para mim e, com aquele sorriso irresistível, disse

– Ainda tem muito para mostrar pra você, bella.

Eu retribuí o sorriso e disse: – O dia foi incrível. Obrigada, Vittorio!

Ele me olhou profundamente, quase como se estivesse decidindo algo, e então disse: – Agora você vai para minha casa.

Fiquei surpresa com a insistência e disse: – Estou um pouco receosa.

Ele riu, e seu olhar brilhou com malícia. – Não fique. Qualquer coisa, você bate uma garrafa de vinho na minha cabeça.

Eu não consegui conter o riso e, mesmo ainda hesitante, entrei no carro novamente. Ele ligou o som e, como sempre, colocou outra música italiana para tocar. O cigarro parecia parte dele, sempre ali entre os dedos ou nos lábios.

Enquanto dirigia, notei como ele era diferente de todos os homens que já conheci. Intenso, despreocupado, mas com um charme quase hipnotizante. Ele vivia de uma forma que parecia não ter limites, e isso me deixava inquieta, mas ao mesmo tempo, eu queria saber até onde isso me levaria.

Ao chegarmos na casa de Vittorio, fiquei boquiaberta. Era uma enorme mansão com um estilo clássico e imponente. Meus olhos brilharam de surpresa, e não consegui conter minha reação:

– Você mora em uma mansão!

Ele sorriu, despreocupado.

– Não é pra tanto.

Entramos e a casa tinha uma mistura de móveis antigos e modernos. Havia quadros e fotografias espalhados por todos os cantos. Caminhei até uma mesa cheia de porta-retratos e me deparei com uma foto de Vittorio ao lado de um casal mais velho e uma mulher jovem. Curiosa, perguntei:

– Quem é ela?

– Minha irmã – respondeu ele, ainda em italiano. – Ela mora no norte da Itália, é casada e tem dois filhos.

Continuei observando os detalhes ao meu redor e perguntei, tentando entender mais sobre ele:

– E seus pais?

– Ah, eles estão viajando. Adoram conhecer lugares novos – disse ele com um sorriso leve.

Vittorio então apontou para a escada e, gesticulando, disse:

– Vamos subir. Vou te mostrar meu quarto.

Concordei, ainda curiosa, e o segui. Quando abriu a porta, fui surpreendida pelo contraste entre o estilo da casa e o caos do quarto. Não era pequeno, mas estava abarrotado de coisas. Logo acima da cama, havia uma enorme bandeira de Cuba e, na parede, um grande mapa cheio de fotos e marcações.

– Uau... – murmurei, abismada.

O ambiente parecia um reflexo de sua personalidade: cheio de CDs, discos antigos, livros empilhados em todos os cantos e algumas obras de arte espalhadas pelo chão. Era tudo tão caótico quanto fascinante.

Vittorio se jogou na cama, ainda segurando o cigarro, e, sem cerimônia, tirou a camisa, revelando suas tatuagens.

– Olha lá – disse ele, apontando para a janela com um sorriso. – Veja como a vista é bela. Tão bela quanto você.

Eu sorri, meio sem jeito, e me aproximei da janela. A vista era incrível, com as luzes da cidade contrastando com o céu que começava a ganhar tons de noite. Não consegui evitar pensar que, de alguma forma, aquele momento parecia tão surreal quanto Vittorio.

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