As Garçonetes

Sentadas à mesa, Bernarbe parecia mais empolgado do que nós duas juntas. Ele gesticulava muito enquanto falava, como é típico dos italianos, e seu entusiasmo era quase contagiante.

– Aqui é um restaurante simples de pastas – disse ele com um sorriso orgulhoso –, mas é um bom lugar para morar. Eu preciso de duas garçonetes porque, nesse período de verão, aparecem muitos clientes.

Apesar do nervosismo, sorri para ele, tentando transmitir confiança. – Não se preocupe, estamos dispostas.

Sara, ao meu lado, confirmou com um sorriso e um olhar de cumplicidade em minha direção. Era bom saber que estávamos juntas nisso.

Bernarbe se levantou rapidamente e nos conduziu até uma escada de madeira simples, que levava ao andar de cima. Ele abriu a porta de um quarto pequeno, mas aconchegante. O alojamento tinha duas camas de solteiro, dois armários e uma janela grande, que deixava entrar a luz quente do verão italiano.

– Meninas, aqui é onde vocês vão ficar. Se instalem, vistam essas roupas que estão na cama de vocês e desçam, porque já tem trabalho esperando – disse ele com uma expressão de urgência.

Antes que pudéssemos responder, ele sorriu, murmurou um apressado "Ciao!" e saiu, deixando-nos sozinhas no quarto.

Eu fechei a porta e me encostei nela, sentindo o peso da viagem e do momento. Sara virou-se para mim, com um sorriso nervoso.

– Manu, já temos trabalho.

Suspirei e sorri de volta. – E parece que muito trabalho. Vamos organizar nossas coisas. Eu vou tomar um banho rápido, e depois descemos.

Sara jogou sua mala em uma das camas e disse: – Eu também vou tomar banho. Estou exausta da viagem.

Olhei para ela com um misto de compreensão e determinação. – Mas agora não podemos descansar, Sara. Temos que descer e mostrar que estamos prontas para isso.

Ela concordou com um leve aceno de cabeça, e começamos a organizar nossas coisas. A realidade começava a se instalar, e eu sentia um misto de cansaço e excitação. Nosso primeiro dia em Napoli já estava sendo uma verdadeira aventura.

Sinceramente, eu não fazia ideia de que os italianos conversavam tanto. O restaurante parecia ganhar vida com cada mesa ocupada, e o som das vozes animadas preenchia o ambiente. Chegou um momento em que o salão estava completamente lotado, e, para minha surpresa, a maioria dos clientes era composta por idosos.

Eu e Sara corríamos de um lado para o outro, tentando atender todos os pedidos. Estávamos desesperadas, equilibrando bandejas e servindo pratos enquanto tentávamos entender o que diziam. A barreira linguística era um desafio enorme, e as expressões impacientes dos clientes só aumentavam nossa ansiedade.

Quando finalmente o movimento diminuiu, quase desmoronamos de cansaço. Encontramos refúgio na cozinha dos fundos, sentando-nos em cadeiras próximas à mesa. Eu podia sentir o suor escorrendo pela testa, mas, ao mesmo tempo, havia uma sensação de alívio por termos sobrevivido àquele caos.

Foi então que Bernarbe apareceu, com um sorriso largo no rosto, carregando dois pratos fumegantes de macarrão. O aroma era irresistível, e meu estômago roncou no mesmo instante. Ele colocou os pratos diante de nós, com um olhar satisfeito.

– Meninas, experimentem essa pasta que acabei de fazer – disse ele, gesticulando animadamente. – Vocês foram boas hoje. Já tive outras garçonetes brasileiras aqui, e elas também foram boas.

Antes que pudéssemos responder, ele saiu em direção ao fogão, deixando-nos sozinhas com os pratos.

Sara olhou para mim, com um sorriso no rosto. – Essa pasta parece muito boa.

Eu retribuí o sorriso, pegando o garfo e provando a comida. O sabor era simplesmente incrível, como se todos os ingredientes fossem frescos e preparados com todo o cuidado do mundo.

– Que sabor maravilhoso! – exclamei, enquanto Sara concordava com um aceno de cabeça, já se deliciando com o prato.

Por um momento, enquanto saboreávamos aquele macarrão, todo o cansaço do dia parecia desaparecer. A Itália estava nos desafiando de todas as formas possíveis, mas também começava a nos recompensar com experiências e sabores que eu nunca iria esquecer.

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