Bella

Na manhã seguinte, a rotina do restaurante voltou ao normal. Sara e eu já havíamos combinado que, nos tempos livres, exploraríamos a cidade. Enquanto limpava as mesas, distraída com os afazeres, meu coração deu um salto.

Bem ali, parado na minha frente, estava Vittorio. Suas mãos estavam enfiadas nos bolsos, e ele usava um estilo mais social, mas ainda mantinha aquele ar despojado que o fazia tão único. Seu sorriso largo e confiante me deixou nervosa e, sem dúvida, tímida.

– Como vai, bella? – disse ele, com sua voz rouca e um olhar que parecia atravessar qualquer barreira.

Abri um sorriso tímido, tentando disfarçar o nervosismo. – Estou bem, e você?

– Melhor agora – respondeu ele, com um sorriso ainda maior. – Na hora do almoço, vai estar livre?

Engoli em seco, surpresa com o convite. – Sim...

– Tenho um lugar bom pra você comer. Aqui é conhecido pelas melhores pizzas – disse ele, deixando o convite no ar, como quem sabia que seria difícil recusar.

Respirei fundo, tentando manter a compostura. – Vou te dar a resposta depois.

Ele apenas assentiu, com um sorriso misterioso. – Está bem.

Em seguida, Vittorio escolheu uma das mesas e se sentou, acendendo um cigarro, como se estivesse completamente à vontade.

Fui direto para a cozinha, onde Sara ainda parecia meio sonolenta enquanto limpava os pratos.

– Adivinha quem está no restaurante? – perguntei, tentando conter a empolgação.

– O cara de ontem? – disse ela, erguendo as sobrancelhas com interesse.

– Exatamente – confirmei. – E ele me chamou para ir a um lugar com ele.

Sara parou o que estava fazendo e abriu um sorriso animado. – Então vai!

Balancei a cabeça, nervosa. – Mas eu fico com medo. Ele ainda é um desconhecido...

Ela cruzou os braços e deu um olhar decidido. – Pra ser conhecido, ele sempre tem que ser desconhecido primeiro.

Fiquei em silêncio, ponderando as palavras dela. O convite era tentador, mas eu ainda estava indecisa. Vittorio tinha um charme que me deixava fora de órbita, mas talvez fosse esse o problema: ele parecia bom demais para ser verdade.

– Vai ser só um almoço, Manu – completou Sara, como se lesse meus pensamentos. – Você não está casando com ele.

Eu suspirei, percebendo que ela tinha razão. Talvez fosse hora de arriscar um pouco mais, sair da minha zona de conforto. Afinal, não era para isso que eu tinha vindo até Napoli?

Enquanto atendia outros clientes, meus olhos não resistiam a ele. De longe, percebi que Vittorio já parecia familiarizado com Bernabe, conversando com ele como dois velhos conhecidos. Havia algo magnético em seu jeito descontraído e confiante, como se ele pertencesse a todos os lugares onde estivesse.

Ele ficou no restaurante até a hora do almoço. Quando se levantou, caminhou até a porta, mas antes de sair, me lançou aquele sorriso que era impossível ignorar.

Decidida, fui até ele. – Posso ir com você.

Ele abriu um sorriso largo, batendo palmas como se eu tivesse acabado de lhe dar o maior presente do mundo. – A bela disse sim!

Seu entusiasmo era contagiante, e mesmo sem entender completamente o que me fazia confiar nele, senti que estava prestes a viver algo inesquecível.

– Venha! Venha! – disse ele, apontando para seu carro.

Segui seus passos, hesitante, mas curiosa. Ele correu à minha frente, abrindo a porta do passageiro com um gesto elegante e natural. Assim que entrei, ele deu a volta rapidamente, abrindo sua própria porta e se acomodando ao volante.

Dentro do carro, o cheiro do perfume dele tomava conta de tudo. Era uma fragrância marcante, sofisticada, que parecia combinar perfeitamente com ele. Enquanto dirigia, sua mão forte e masculina controlava o volante com uma precisão casual, exibindo um Rolex que certamente valia uma fortuna.

Cada detalhe nele me deixava hipnotizada: o jeito despreocupado com que mexia no painel, a forma como o sol batia em seu perfil, destacando suas tatuagens.

Meu coração disparava, mas ao mesmo tempo, sentia uma empolgação única. Era como se, por alguns momentos, o mundo lá fora desaparecesse, e tudo que existisse fosse aquele carro, aquele homem e o que quer que estivesse por vir.

– Pronta para a melhor pizza de Napoli? – perguntou ele, lançando-me um olhar rápido, mas cheio de intensidade.

Assenti com um sorriso tímido. – Acho que sim.

Ele riu, acelerando o carro suavemente pelas ruas da cidade, como se cada curva fosse uma dança perfeitamente ensaiada.

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